[caption id="attachment_243831" align="alignleft" width="285" caption="Grupo Gerdau é suspeito de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão"]

[fotografo]Rovena Rosa/Agência Brasil[/fotografo][/caption]A Polícia Federal encaminhou à Justiça o relatório final do inquérito com a investigação sobre o Grupo Gerdau, suspeito de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão por meio de negociatas junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda responsável por julgar, administrativamente, recursos sobre multas aplicadas pela Receita Federal a empresas e pessoas físicas. O documento, referente à sexta fase da Operação Zelotes, indicia o diretor-presidente e mais 18 membros do grupo do setor siderúrgico, além de conselheiros e ex-conselheiros do Conselho.
Encaminhado à 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, documento reúne, em 176 páginas, uma série de provas e indicia os suspeitos por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influências, entre outros crimes. Ao todo, os autos da sexta fase da operação já somam três volumes e um apenso. A Receita Federal participou das investigações ao fornecer dados de pessoas e empresas e informações sobre as respectivas movimentações financeiras.
A PF informou que não divulgará o nome dos indiciados. Mesmo com a elaboração do relatório, ainda há material a ser analisado, o que significa que esse trabalho pode resultar em mais investigações e outros indiciamentos.
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Grupo Gerdau diz que ainda não recebeu informações oficiais sobre o assunto, e que só vai se manifestar depois de notificação judicial.
Deflagrada em fevereiro, a sexta fase da Operação Zelotes tem justamente o Grupo Gerdau como alvo. A suspeita principal é que a empresa tentou diminuir ou mesmo anular a aplicação da multa de R$ 1,5 bilhão por meio do pagamento de suborno a conselheiros do Carf, de maneira a interferir no julgamento administrativo em questão. Esse trabalho implicou a execução de diligências em Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambucano e São Paulo.
Modus operandi
De acordo com as investigações da PF, ex-conselheiros do Carf e consultores na ativa procuravam empresários com grandes dívidas e lhes apresentavam a possibilidade de reduzi-las ou anulá-las por meio de pagamento de propina, que variava entre 1% e 10% do débito. No cardápio, pedidos de vista dos processos, emissão de pareceres favoráveis aos grupos empresariais e exames de admissibilidade de processos, entre outros favores.
Em um dos casos sob investigação, uma multa de R$ 150 milhões foi extinta sem fundamentação. Nomes e valores estão sob sigilo judicial, mas as investigações da PF e da CPI já sugerem alguns investigados, devido a convocações já aprovadas pelos senadores.
Ainda segundo a PF, 70 grandes bancos e empresas dos setores automobilístico, de comunicação, siderúrgico, agrícola e industrial subornaram conselheiros. Desvios em nove processos no valor de R$ 6 bilhões já foram inicialmente identificados, valor que aumentaria para mais de R$ 20 bilhões com as causas suspeitas restantes. Na apresentação de resultados da Zelotes, em março, a Receita informou que um universo de 105 mil processos totalizam R$ 520 bilhões em pendências de contribuintes com a Fazenda.
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