[caption id="attachment_198113" align="alignleft" width="380" caption="Pessoas deixam a sala da comissão sentindo os efeitos do gás"]
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[fotografo]Denise Ribeiro/CBN[/fotografo][/caption]Um tumulto generalizado levou à interrupção - e consequente adiamento - da sessão destinada a debater e votar, na Câmara, a proposta de emenda à Constituição (PEC) 171/1993, que reduz a
maioridade penal de 18 para 16 anos, entre outras providências. Com o plenário da comissão especial que analisa o assunto lotado por parlamentares e manifestantes, a cada pronunciamento de deputados eram iniciados protestos por manifestantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da UBES (estudantes secundaristas), contrários à matéria. Depois de seguidas advertências, o deputado André Moura (PSC-SE), que presidia a sessão, determinou que a polícia legislativa esvaziasse o local, o que culminou em agressões e até uso de gás de pimenta.
Diante do tumulto, e longe de um consenso em torno da PEC, deputados apresentaram um pedido coletivo de vista, adiando a deliberação. Não só manifestantes sofreram os efeitos do gás de pimenta - parlamentares, servidores e profissionais da imprensa foram atingidos pela substância. A sala foi totalmente esvaziada. Ao menos cinco estudantes ligados à UNE foram encaminhados ao departamento médico.
"Isso aqui é um grande absurdo!", bradava a deputada
Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, em meio à movimentação de saída da sala da comissão especial.
Depois de inviabilizada a deliberação, deputados contra e a favor da proposta foram ao plenário manifestar suas posições. Os favoráveis à redução da maioridade penal elogiavam a ação da polícia legislativa, dizendo que "marginais disfarçados de estudantes" perderam o controle na sessão e mereceram a repressão. Já os contrários à aprovação da PEC denunciaram que houve afronta à democracia, e fizeram duras críticas à determinação de André Moura.
Com palavras de ordem, estudantes se mantiveram - antes e depois do episódio - firmes na intenção de inviabilizar a aprovação da redução da maioridade penal. Membros de ambas as instituições educacionais já consideram ocupar o gramado na área externa ao Congresso, com o objetivo dea protestar contra os deputados que apoiam a medida.
[caption id="attachment_198117" align="alignright" width="350" caption="Estudantes foram levados ao departamento médico depois da confusão"]
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[fotografo]Denise Ribeiro/CBN[/fotografo][/caption]
O texto
Além de reduzir a idade de punibilidade criminal de 18 para 16 anos, com previsão de referendo em 2016, o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF) à PEC 171 define que maiores de 16 anos devem cumprir pena separadamente dos adultos, e sob regime de internato com objetivo educacional e de ressocialização. Na justificativa, Bessa considera que atual legislação é branda e causou a falência das políticas sociais referentes à prevenção do crime.
O deputado alega ainda questões como a maior capacidade de compreensão dos adolescentes de 16 e 17 anos acerca da ilicitude de suas ações; os índices endêmicos de criminalidade, protagonizados por menores nessa faixa etária; o anseio da população em relação à redução da maioridade e ao enrijecimento da lei; e a convicção de que a PEC não fere cláusula pétrea da Constituição ou tratados internacionais referentes aos direitos humanos dos menores.
Confira a íntegra do relatório de Laerte Bessa
Saiba mais sobre a redução da maioridade penal