[caption id="attachment_242777" align="alignleft" width="285" caption="Renan sintetiza perfil da Casa que julgará Dilma, essencialmente masculina"]
Renan Calheiros_Lula Marques/Agência PT" src="https://static.congressoemfoco.com.br/2016/05/Renan-Calheiros1.jpg" alt="" width="285" height="270" />[fotografo]Lula Marques/Agência PT[/fotografo][/caption]Homem branco, acima dos 60 anos, com formação universitária, patrimônio declarado à Justiça eleitoral na casa dos milhões de reais, tradição política de família, filiação a um partido de centro e carreira política longa. Muitas vezes, marcada por suspeitas. Esse é um breve retrato da Casa que votará em plenário o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em plenário, entre a noite desta quarta-feira (11) e a manhã de quinta-feira. Terá sido o segundo processo de destituição presidencial em menos de 25 anos.
Um Senado que é a cara do seu presidente,
Renan Calheiros (PMDB-AL). Pai de governador, irmão de deputados e prefeito, Renan tem 60 anos de idade, quase 40 deles passados em cargos públicos. Dono de um patrimônio declarado de R$ 2 milhões em 2010, o peemedebista responde a 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), dos quais nove relacionados a fatos apurados pela
Operação Lava Jato. Em 2007, o senador abriu mão da Presidência da Casa para não ser cassado. Por duas vezes, naquele ano, escapou da degola em votação secreta.
Sob investigação
Mesmo com tantas pendências, conduzir o processo de impeachment não tem causado qualquer constrangimento a Renan. A bancada que o presidente do Senado lidera é numerosa. Reúne um em cada três integrantes da Casa.
Um senador condenado a quase cinco anos de prisão, um ex-presidente da República afastado do mandato em processo de impeachment, 24 investigados por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro - 13 deles suspeitos de participar do maior esquema de corrupção descoberto no Brasil nos últimos tempos.
Político cassado, como o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), ou que renunciou para fugir da cassação, a exemplo de
Jader Barbalho (PMDB-PA), o outrora poderoso presidente do Senado. Assim como Renan, Cássio e Jader também aparecem na
planilha apreendida na casa de um executivo da Odebrecht com nomes e valores atribuídos a políticos. Entre eles, 16 senadores. Todos negam envolvimento em irregularidades.
Prisão e impeachment
Condenado em agosto de 2013 pelo Supremo a quatro anos e oito meses de prisão, por fraude em licitações, Ivo Cassol (PP-RO) está livre, no exercício do mandato e apto a votar o processo de impeachment. Cassol aguarda análise de seu último recurso para evitar o início do cumprimento da pena, da qual recorre há quase três anos em liberdade.
Denunciado na Lava Jato, o ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) passa de julgado à condição de julgador 24 anos após ter saído pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, em meio a denúncias de corrupção. Collor tem declarado apoio a Dilma e sinalizado que votará contra o afastamento da petista.
Pioneiro no levantamento das pendências criminais dos parlamentares, o
Congresso em Foco apresenta, a seguir, uma breve radiografia do atual Senado. Os dados reunidos abaixo revela uma Casa com perfil oposto ao da população brasileira. Em vez da maioria feminina, no Senado a predominância é masculina.
Em um país de milhões de analfabetos, a quase totalidade dos senadores teve a oportunidade de concluir a faculdade. A cor parda, que prevalece nas ruas, é minoria diante de autodeclarados brancos. Os três senadores mais ricos têm patrimônio declarado entre R$ 99 milhões e R$ 389 milhões.
Veja como é a "cara" do Senado:
Bancada dos investigados
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Dário Berger (PMDB-SC)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Amorim (PSC-SE)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Fernando Collor (PTB-AL)
Gladson Cameli (PP-AC)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
José Agripino (DEM-RN)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Wellington Fagundes (PR-MT)
O ex-líder do governo no Senado
Delcídio do Amaral (sem partido-MS) teve o mandato cassado pelo Plenário por 74 votos a 0 nessa terça (10).
Citados na lista da Odebrecht
Aécio Neves (PSDB-MG)
Ana Amélia (PP-RS)
Armando Monteiro Neto (PTB-PE)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
José Agripino (DEM-RN)
José Serra (PSDB-SP)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Vanessa Graziottin (PCdoB-AM)
As bancadas partidárias
Partido |
Senadores |
PMDB |
18 |
PSDB |
11 |
PT |
11 |
PSB |
7 |
PP |
6 |
DEM |
4 |
PR |
4 |
PSD |
4 |
PDT |
3 |
PTB |
3 |
PCdoB |
1 |
PPS |
1 |
PRB |
1 |
PSC |
1 |
PTC |
1 |
PV |
1 |
Rede |
1 |
Sem partido |
3 |
Orientação partidária |
Senadores |
Centro |
29 |
Centro-direita |
18 |
Esquerda |
13 |
Centro-esquerda |
12 |
Direita |
6 |
Sem partido |
3 |
Total |
81 |
Sexo
Homens - 70
Mulheres - 11
Cor
74 brancos
6 pardos
1 negro
Os mais ricos
Tasso Jereissati (PSDB-CE) - R$ 389 milhões
Blairo Maggi (PR-MT) - R$ 152,4 milhões
Eunício Oliveira (PMDB-CE) - R$ 99 milhões
Eduardo Braga (PMDB-AM) - R$ 27,2 milhões
Fernando Collor (PTB-AL) - R$ 20,3 milhões
Escolaridade
72 têm nível superior completo
5 têm nível superior incompleto
4 têm ensino médio
Média de idade
64 anos
O mais idoso
José Maranhão (PMDB-MA) - 82 anos
O mais jovem
Gladson Cameli (PP-AC) - 38 anos
Origem
71 eleitos
10 suplentes em exercício ou efetivados
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