[caption id="attachment_218760" align="alignleft" width="360" caption="Plenário do Senado se reúne para decidir futuro de Delcídio"]

[fotografo]Fábio Góis[/fotografo][/caption]O Plenário do Senado está reunido neste momento para decidir se anula ou mantém a
prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta quarta-feira (25). Em decisão unânime tomada após sessão extraordinária, a corte entendeu que o petista agiu para atrapalhar as investigações da
Operação Lava Jato ao negociar fuga e pagamento de mesada ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com o objetivo de impedir que ele o mencione como beneficiário do esquema de corrupção na estatal. A trama foi revelada em
áudio gravado pelo filho de Cerveró e encaminhado ao Ministério Público.
A oposição já protocolou no STF um mandado de segurança para reverter eventual decisão da Mesa Diretora do Senado no sentido de impedir a divulgação dos votos de cada senador. Nos bastidores, o presidente da Casa,
Renan Calheiros (PMDB-AL), manifestou a líderes partidários a vontade de que a votação seja secreta. Há alguns meses, ele e Delcídio divergiram publicamente sobre quem foi o responsável pela indicação de Cerveró, apontado como um dos operadores do PMDB no esquema de corrupção, à Diretoria Internacional da Petrobras.
"Os requisitos para a prisão estão preenchidos. Há, sem dúvida, um crime permanente de organização criminosa, a tentativa de inibir testemunhas. E tudo isso, na nossa legislação, prevê a prisão. A lei é dura, mas é lei, e deve ser aplicada contra todos", disse em plenário o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), que depois subiu à tribuna defender a votação aberta.
Por outro lado, senadores como
Jader Barbalho (PMDB-PA) e o líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), defenderam a votação fechada. Em seu discurso, Jader declarou que estava em jogo não apenas o destino imediato de Delcídio, mas do conjunto dos senadores eventualmente envolvidos em casos semelhantes - no Senado, estão sob investigação da Lava Jato, além de Delcídio (antes em caráter de sigilo), o próprio Renan, Benedito Lira (PMDB-AL),
Ciro Nogueira (PP-PI), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE), Fernando Collor (PTB-AL), Gladson Cameli (PP-AC),
Gleisi Hoffmann (PT-PR),
Humberto Costa (PT-PE),
Lindbergh Farias (PT-RJ), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
"Não tenho dono na opinião pública!", contestou
Jader Barbalho, dirigindo-se ao plenário, como a dar um recado aos pares. "O que está em jogo hoje é o Senado da República!"
O que está em jogo é a interpretação sobre a pertinência das diretrizes do Regimento Interno do Senado face às regras registradas na Constituição. Segundo a normatização legislativa, deve ser realizada de forma secreta a votação sobre prisão de parlamentar. No entanto, a Emenda Constitucional 35/2001 inclui na Carta Magna justamente a determinação contrária, de publicidade para tal tipo de decisão.
Segundo a lei vigente, senadores e deputados só podem ser presos em flagrante no cometimento de crime inafiançável tipificado no Código Penal. No entendimento do STF, a interferência em investigações representa a ameaça constante que se enquadraria em casos de prisão.
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