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Congresso em Foco
27/03/2018 | Atualizado às 20h37
Tucano "empregou todos os seus esforços" para atrapalhar a Lava Jato
<< Os áudios que levaram ao afastamento de Aécio; transcrição detalha pagamento de R$ 2 milhões << Aécio é gravado pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBSAlém de Aécio, sua irmã Andréa Neves e seu primo Frederico Pacheco (conhecido como Fred), além do assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima, também constam da denúncia de Janot. Embora prestasse serviço no Senado para Perrela, antigo aliado do tucano, Mendherson foi apontado como operador do senador em atividades estranhas ao exercício do mandato. Andréia, Fred e Mendherson chegaram a ser presos e só respondem por corrupção. No despacho de junho do ano passado, Janot aproveitou para pedir abertura de outro inquérito contra Aécio, desta vez por suspeita de lavagem de dinheiro. Raquel Dodge argumenta ainda a forma de repasse dos valores, em dinheiro e sem qualquer registro formal, com "utilização de artimanha para dissimular o seu recebimento (inclusive com a parada do veiculo que os transportou em local sem qualquer registro de câmeras no estacionamento da empresa, conforme muito bem detalhado pelas autoridades policiais em seus relatórios de acompanhamento)", é outra demonstram de que a transação foi ilicitude. "Os termos do encontro do dia 12.04.2017 entre Ricardo Saud e Frederico Pacheco de Medeiros, para entrega da segunda parcela da vantagem indevida, demonstram que Frederico reconhece a ilicitude do fato e dos valores recebidos. Neste encontro, Frederico demonstra preocupação com a possibilidade de ser descoberto e afirma que está fazendo tudo isso pelo compromisso de lealdade que tem com Aécio Neves, fazendo uma autocrítica ao dizer: 'Olha onde que eu ta me metendo'. Aqui, cai por terra a alegação do acusado Frederico de que não sabia da ilicitude dos valores que, com a ajuda do acusado Mendherson, recebeu. Por fim, note-se que, apesar de a defesa de Aécio Neves afirmar que os valores por ele recebidos por intermédio de Frederico E Mendherson serem referentes a empréstimo licito que lhe foi concedido por Joesley, não há, os autos, qualquer prova de que tal empréstimo, de fato, ocorreu, tal como cópias do respectivo contrato", anota a procuradora. Contra-ataque Já durante os primeiros passos dessa investigação a defesa de Aécio tem pedido a anulação do processo. Os advogados tucanos argumentam, entre outras questões, que a delação premiada do Grupo J&F, controlador da JBF, foi firmada ilegalmente, uma vez que não teve caráter voluntário ao permitir a participação do ex-procurador da República Marcelo Miller. Depois das primeiras apurações, Miller deixou a PGR e passou a trabalhar para o grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Miller era considerado o braço direito de Janot nos inquéritos da Lava Jato contra autoridades. Essa tese da defesa do senador também foi rebatida por Raquel Dodge. Ela sustenta no despacho que a mera participação do ex-procurador nas negociações da delação não quer dizer que os executivos da J&F não tenham aderido ao acordo espontaneamente. "[...] os acusados não apresentaram evidência que conduza à nulidade do acordo de colaboração premiada, pois apresentam suposições. Além disso, a circunstância de Marcello Miller, entre o final de fevereiro e abril de 2017, quando ainda era Procurador da República, ter prestado 'assessoria informal' aos executivos da J&F, orientando-os acerca das colaborações premiadas que viriam a celebradas em maio do mesmo ano, não retira de tais colaborações a condição de serem manifestações livres e conscientes de vontade dos colaboradores", acrescentou Raquel. A procuradora-geral também afastou a tese de que PGR induziu executivos da J&F a forjar "flagrante provocado" contra o tucano na ocasião em Andréa Neves pediu R$ 2 milhões a Joesley ("A gravação foi feita inteira e espontaneamente pelo colaborador e, em seguida, espontaneamente entregue à PGR como elemento de corroboração das declarações por ele prestadas", diz a PGR). Para Raquel, não foi a PGR ou Marcelo Miller que persuadiram Joesley a procurar Aécio com o objetivo de lhe oferecer dinheiro. "Deu-se exatamente o contrário: Joesley Batista foi espontaneamente procurado, em 18 de fevereiro de 2017, por Andréa Neves da Cunha na escola Germinare, contígua à sede do Grupo J&F, ocasião em que ela lhe solicitou, em favor do seu irmão, o pagamento de R$ 2 milhões. Este encontro [...], em que esta solicita a vantagem indevida, foi relatado por Joesley em seu depoimento à PGR em 07.04.2017 e é coerente com a conversa mantida entre Aécio Neves e Joesley em 24.03.2017, por este gravada. Nesta conversa , Aécio Neves agradece Joesley por ter recebido sua irmã", arremata Raquel Dodge, para quem não há evidências de que Janot e membros de seu gabinete soubesse da ligação profissional entre Miller e os executivos da J&F. Depois da divulgação da delação premiada da J&F, descobriu-se que o Marcelo Miller orientou o escritório Trench Rossi Watanabe (TRW), que prestava serviço ao grupo empresarial, antes do desligamento formal da PGR. "[...] não se localizou, até o momento, nos dados telemáticos de Marcelo Miller e nos dados telefônicos de Joesley Batista, Ricardo Saud, Francisco de Assis, nos e-mails e nas mensagens de WhatsApp trocadas entre Marcelo Miller e Esther Flesh, então advogada do escritório TRW, nos meses que antecederam à celebração das colaborações premiadas e após, indícios de ciência e anuência da PGR no que tange à atuação ilícita de Marcelo Miller quanto a tais colaborações. Tais elementos têm elevado valor probatório por serem fruto de comunicações espontâneas entre os envolvidos", atesta a PGR. Outro lado Advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron contesta a manifestação de Raquel Dodge ao STF. Por meio de nota, o defensor mantém o entendimento de que os diálogos gravados por Joesley configuram "ação controlada" patrocinada por um agente do Estado, referindo-se a Marcelo Miller. "As provas foram obtidas de forma ilegal porque o ex-procurador orientou os executivos a fazerem as gravações. Discordamos da tese da procuradora", reclamou o defensor de Aécio, para quem a manifestação da procuradora "foge dos argumentos centrais da defesa e se limita a repetir termos genéricos da denúncia, revelando a fragilidade da acusação".
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