[caption id="attachment_230044" align="alignleft" width="285" caption="Aécio quer que Cunha instale comissão do impeachment"]

[fotografo]George Gianni/PSDB[/fotografo][/caption]O presidente nacional do PSDB, senador
Aécio Neves (MG), foi o porta-voz da decisão que líderes oposicionistas tomaram hoje em reunião extraordinária encerrada há pouco no Senado (sexta, 4), em meio à nova turbulência política envolvendo próceres do PT. Parlamentares de oposição anunciaram que, a partir da próxima semana, vão obstruir na Câmara toda e qualquer votação de plenário enquanto o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não instalar a comissão processante responsável pelo exame do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Depois de cerca de uma hora de reunião extraordinária, feita às pressas na liderança do PSDB no Senado, Aécio voltou a defender o impeachment ou a renúncia de Dilma e comentou os mais recentes capítulos da
Operação Lava Jato - entre eles a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depoimento na PF e a delação do senado Delcídio do Amaral (PT-MS), que hoje (sexta, 4) pediu licença do mandato por mais 15 dias. Investigado na Lava Jato e alvo de processo de cassação no Conselho de Ética do Senado, o ex-líder do governo na Casa envolveu, em depoimento ainda não oficializado pela Justiça, Lula e Dilma no esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras.
Para Aécio, Cunha tem de anunciar a instalação da comissão processante já na próxima semana - mesmo diante do fato de que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou, em dezembro, o rito de impeachment e a formação do colegiado responsável por analisá-lo. Na condição de presidente da Câmara, Cunha recorreu da decisão e, desde então, a demanda está parada no STF. Segundo o senador mineiro, mesmo na condição de
réu da Lava Jato no próprio STF, o deputado pode simplesmente colocar o processo em andamento nos termos definidos pelo Supremo.
"Será a oportunidade de vermos a Câmara dos Deputados cumprindo uma prerrogativa que a Constituição lhe delega. Portanto, a partir de segunda-feira (7) vamos discutir os graves problemas brasileiros e permitir a instalação dessa comissão", declarou Aécio, ao fim da reunião.
13 de março
Em nota divulgada à imprensa (leia íntegra abaixo), os líderes de oposição defenderam os trabalhos de investigação da Lava Jato. Na "Nota da oposições", os parlamentares mencionam as manifestações anti-governo marcadas para 13 de março e convocam a população para, "em paz, ocupar as ruas de todo o país para permitir o reencontro do Brasil com seu futuro".
"O rigor das investigações e a necessária apuração dos fatos trazidas à tona pela Operação Lava Jato são imprescindíveis para estabelecer a verdade e determinar a responsabilidade de todos os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do país. Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdadeira história do país, escondida, durante anos, pelas mentiras, pela manipulação e pela propaganda", diz trecho da nota.
Líder da oposição no Senado, José Agripino (DEM-RN) disse ao
Congresso em Foco que o governo perdeu completamente as rédeas do país. "O processo de deterioração da estrutura de governo chegou a um ponto de comprometer o futuro do país. Toda a energia que o governo tem vai gastar na superação de uma crise política movida a denúncias que o governo não tem como explicar", declarou o senador, acrescentando que o Planalto vai dar menos atenção, com o intuito de se defender, à crise econômica e todos os problemas dela decorrentes.
"Qual é o remédio? É esse governo chegar ao fim", sentenciou o parlamentar. "Precisamos instalar, o mais rápido possível, a comissão processante, para termos uma resposta dos representantes do povo brasileiro", emendou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
Com a promessa de boicote à pauta de votações na Câmara, agora a oposição vai tentar obter adesões de membros independentes da base governista. Na hipótese de os oposicionistas, que são minoria na Casa, conseguirem apoio suficiente para interromper os trabalhos, o governo corre o risco de não aprovar medidas consideradas cruciais para a recuperação da economia, como as medidas provisórias do ajuste fiscal e uma eventual proposta de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
.Confira a íntegra:
"NOTA DAS OPOSIÇÕES
Os partidos de oposição no Congresso Nacional, reunidos nesta terça sexta feira, reafirmam seu integral apoio e confiança nas instituições nacionais e ao trabalho de investigação realizada pela Operação Lava Jato.
É hora de exigir respeito a um dos mais importantes pilares do estado democrático de direito, que determina que nenhum brasileiro está acima das leis e da Constituição, e que todos, sem exceção, deve responder pelos seus atos perante a Justiça.
Da mesma forma é essencial à democracia que a imprensa continue a exercer seu papel com independência e coragem.
O rigor das investigações e a necessária apuração dos fatos trazidas à tona pela Operação Lava Jato são imprescindíveis para estabelecer a verdade e determinar a responsabilidade de todos os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do país. Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdadeira história do país, escondida, durante anos, pelas mentiras, pela manipulação e pela propaganda.
Aos partidos de oposição não faltará coragem, determinação, nem serenidade.
Coragem para defender a democracia.
Determinação para defender a Constituição.
Serenidade para não aceitar provocações daqueles que, sem argumentos, insistem em confundir a sociedade enquanto tento fugir das suas responsabilidades.
Os partidos de oposição convocam todos os brasileiros a acompanharem atentos os acontecimentos e rechaçarem, com vigor, as lamentáveis e reiteradas ameaças de radicalismos, que só tem como objetivo esconder a verdade e dividir o país.
Que no próximo dia 13 de março possamos, em paz, ocupar as ruas de todo o país para permitir o reencontro do Brasil com seu futuro."
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