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Congresso em Foco
30/5/2015 | Atualizado às 19:59
[caption id="attachment_197284" align="alignleft" width="380" caption="Parlashopping é avaliado em cerca de R$ 1 bilhão"]
Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) lembrou que, quando foi encaminhado ao Congresso, o texto da MP 668 tinha apenas quatro artigos. "Depois de tramitar pela Câmara, ele volta ao Senado com 27 artigos!", protestou o tucano.
Mas a ira dos senadores com o parlashopping pode ser resumida na fala de um deles, que chegou a falar em "motel" no Congresso. "Só vai faltar qualquer dia desses, senhor presidente - desculpem-me particularmente as senadoras -, nós recebermos aqui uma medida provisória que acrescenta a construção de um motel!", vociferou Jader Barbalho (PMDB-PA), acrescentando que devolveria a medida para Eduardo Cunha se fosse presidente do Senado. "Ele que vá construir parlashopping, um hotel, o que ele quiser construir, mas ele não poderá construir à custa do conceito das instituições brasileiras e, particularmente, do Congresso Nacional. É um absurdo!"
A MP 668 altera a lei de aumento de alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação, com o objetivo de aumentar a arrecadação do governo. E, destinada ao ajuste fiscal em um momento de crise político-econômica que já foi mais aguda, provocou reações do próprio Renan.
Já há alguns meses no papel de verdadeiro oposicionista a Dilma, mesmo integrando a base, Rena anunciou a busca de providências, junto à Secretaria-Geral da Mesa, para separar das medidas provisórias assuntos estranhos inseridos no texto original, durante a tramitação em comissões especiais, que preparam essas matérias para os plenários das duas Casas. Os jabutis que, por ventura, vierem a ser aprovados na Câmara, passariam a tramitar de forma separada, por meio de projeto de lei.
Em separado
Tão logo o texto da MP 668, aprovado em votação simbólica, foi encaminhado a sanção, senadores começaram a tomar providências, paralelamente àquela anunciada por Renan. Walter Pinheiro (PT-BA), por exemplo, foi ao presidente da Casa e sugeriu-lhe novo tratamento aos contrabandos, no que foi atendido.
Walter sugeriu que, em vez de modificar o texto, o que provoca retorno à análise da Câmara, os jabotis poderiam ser examinados separadamente e, assim, manter o rito de tramitação das medidas provisórias em plenário. "A parte que é estranha a uma medida provisória deverá ser objeto de análise em separado na Comissão de Constituição e Justiça. Essa é uma prerrogativa do presidente da Casa, Renan Calheiros, a quem alertei durante a votação da MP 668", afirmou o petista, para quem o expediente já foi empregado em outras ocasiões.
"O presidente do Senado poderia ter feito essa correção. Fiz esse alerta ao Renan na Mesa. Ele poderia ter cumprido a resolução que dá a ele a garantia de, liminarmente, enviar à apreciação da CCJ, em separado, todas as emendas estranhas e votar apenas a proposta. Iniciativa similar adotamos com a PEC 'Paralela' da Previdência", completou o senador, lembrando que o próprio Cunha já ordenou a retirada de um "corpo estranho" constituído de 14 artigos estranhos à mesma MP 668.
A quase unanimidade contra os jabotis, principalmente o referente ao parlashopping, foi reforçada até pelo líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). "É importante registrar que não há, absolutamente, problemas na medida provisória quanto ao mérito, quanto à admissibilidade. Nós estamos falando aqui dos contrabandos. Eu conversei com algumas lideranças aqui, também, e nós vamos fazer esse trabalho minucioso, até para sugerir para a presidenta Dilma o veto de algumas barbaridades que foram colocadas nesta Medida Provisória 668", disse o petista.
Confira a lista de jabutis da MP 668:
- permite que Câmara e Senado firmem parcerias público-privadas (PPPs) para construir obras públicas, como o "parlashopping";
- autoriza entidades do Sistema S a ceder servidores publicadores, passando a poder preencher seus cargos de direção com servidores públicos federais cedidos, sem ônus financeiro para a União - a remuneração será custeada pela entidade cessionária;
- isenta igrejas e templos reconhecidos como tais das contribuições previdenciárias ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), incidentes sobre o pagamento de padres, pastores, ministros e demais integrantes do respectivo grupo religioso;
- permite aos bancos que passaram por intervenção ou liquidação extrajudicial compensações por prejuízos fiscais com lucro futuro;
- aumenta de 84 para 120 meses o prazo para que empresas em procedimento de recuperação judicial parcelem seus débitos com a Fazenda;
- dá a contribuintes a alternativa de recorrer a valores de depósito judicial para pagamento de pedágio imposto em parcelamento de dívidas com a União;
- muda o modelo de aproveitamento de créditos presumidos do PIS e da Cofins de empresas ou cooperativas que adquirem ou recebem leite in natura de produtor pessoa física ou cooperados;
- concede novas modalidades de isenção de tributos da União à Companhia Imobiliária do Distrito Federal, a Terracap; e
- inclui cidades de Alagoas, Ceará e Paraíba na lista de municípios do semiárido aptos a receber recursos do Fundo Constitucional do Nordeste.
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