Paulo Morato integrava especializada em lavagem de dinheiro, diz PF
[caption id="attachment_249523" align="alignleft" width="300" caption="Paulo Morato integrava quadrilha especializada em lavagem de dinheiro, segundo a Polícia Federal"]

[fotografo]Divulgação/PF[/fotografo][/caption]As investigações sobre o petrolão podem ter produzido, na noite desta quarta-feira (22), o primeiro caso de "queima de arquivo". Foi encontrado morto em um motel de Olinda (PE), horas atrás, o empresário Paulo Cesar de Barros Morato, que era considerado foragido pela Polícia Federal (PF).
Inquérito conduzido pela PF o apontou como integrante de uma quadrilha que em seis anos movimentou mais de R$ 600 milhões. Parte desse dinheiro tem como origem operações com a Petrobras.
Morato morreu um dia depois de a Polícia Federal deflagrar a
Operação Turbulência, na qual são investigadas as ligações dessa quadrilha com o ex-governador Eduardo Campos (PSB). Os policiais suspeitam que a organização criminosa, especializada em lavagem de dinheiro, financiou a campanha dele ao governo de Pernambuco em 2010.
Outra suspeita é que a quadrilha adquiriu o avião no qual Eduardo Campos e outras seis pessoas morreram, em agosto de 2014, quando ele disputava a Presidência da República tendo Marina Silva (Rede) como candidata a vice-presidente. Uma das linhas de investigação perseguidas é que o político pernambucano era o proprietário de fato da aeronave.
Na Agência Nacional de Avião Civil (Anac), o jatinho estava em nome da empresa AF Andrade. Ela alegou, porém, ter vendido o avião - muito antes do acidente - ao empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, preso ontem pela Operação Turbulência. A explicação coincide com a versão dada pelo PSB, de que João Carlos Lyra e outro empresário - Apolo Santana Vieira, também preso na terça-feira - haviam autorizado o uso da aeronave.
[caption id="attachment_249524" align="alignright" width="380" caption="Aeronave apreendida pela PF durante a Operação Turbulência"]

[fotografo]Divulgação/PF[/fotografo][/caption]Foram presos ainda Eduardo Freire Bezerra Leite e Arthur Lapa Rosal. A PF obteve mandado de prisão contra Paulo Morato, mas não conseguiu localizá-lo.
Segundo a blogueira pernambucana Noelia Brito, o cerco contra a quadrilha aumentou depois que Aldo Guedes, que era sócio de Eduardo Campos, aderiu à delação premiada.
As investigações em andamento indicam entre as principais fontes de financiamento da organização criminosa as obras da refinaria Abreu e Lima, construída em Pernambuco pela Petrobras, e da transposição do Rio São Francisco. Parte da investigação deverá ser remetida ao Supremo Tribunal Federal por envolver autoridade com foro exclusivo naquela corte, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), já indiciado na
Operação Lava Jato.
Reação do PSB
Segue nota divulgada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) ontem (terça, 21), após a deflagração da Operação Turbulência, sobre o envolvimento do ex-presidente nacional do partido, Eduardo Campos, com a quadrilha investigada pela Polícia Federal:
"A direção nacional do Partido Socialista Brasileiro - PSB, em face da Operação Turbulência, da Polícia Federal, noticiada hoje pela imprensa, informa à sociedade brasileira ter plena confiança na conduta do nosso querido e saudoso Eduardo Campos, ex-presidente e ex-governador de Pernambuco.
O Partido apoia a apuração das investigações e reafirma a certeza de que, ao final, não restarão quaisquer dúvidas de que a Campanha de Eduardo Campos não cometeu nenhum ato ilícito.
Brasília-DF, 21 de junho de 2016.
CARLOS SIQUEIRA
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro-PSB"
Mais sobre Eduardo Campos
Mais sobre a Operação Lava Jato