[caption id="attachment_238510" align="alignleft" width="380" caption="Maulo Lopes: ministro por um mês e voto por impeachment"]

[fotografo]Leonel Rocha/Congresso em Foco[/fotografo][/caption]O deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) é uma espécie de síntese do político brasileiro. Há pouco mais de um mês, a convenção nacional do seu partido decidiu proibir que membros da legenda se mantivessem ou viessem a aceitar cargos na gestão Dilma Roussef. Lopes foi contra a decisão e encarou o partido. Poucos dias depois ele foi empossado como ministro da Aviação Civil do governo que o PMDB condenava, exigindo desembarque dos seus filiados que estivessem em cargos de confiança.
Em menos de um mês no posto Lopes pouco fez. Assinou ordens de serviços para que os técnicos do ministério começassem o processo administrativo de privatização do aeroporto de Cuiabá e os estudos para a construção de um terminal de carga na cidade de Pouso Alegre, cidade mineira e base eleitoral do ministro. Há quatro dias Lopes decidiu deixar o ministério para reassumir o seu mandato de deputado.
Prometeu à presidente Dilma Rousseff, de quem se dizia leal, que votaria contra a abertura do processo de impeachment na Câmara. "Impeachment não é a solução para a crise brasileira", disse Lopes ao
Congresso em Foco na tarde deste domingo (17), momentos antes da
votação que decidiu processar a presidente.
Ao deixar o cargo na semana passada, o primeiro compromisso de Mauro Lopes foi visitar o vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. Lá mudou de opinião e prometeu a Temer que votaria pela abertura do processo de impeachment, ao contrário do que tinha dito à presidente Dilma dias antes. Chegou à Câmara no domingo já com nova posição e avisava que votaria pela saída da presidente do cargo.
Questionado sobre a sua situação, admitiu: "É constrangedora a minha posição. Vou votar com o coração partido".
Planície
Com 130 mil votos obtidos na última eleição, Lopes é um deputado do chamado baixo clero, apesar da sua experiência e do segundo cargo mais importante que ocupa na direção do PMDB. Raramente consegue presidir comissões importantes ou relatar projetos de repercussão. O congressista explicou que sua antiga amizade com Michel Temer o levou a mudar de posição e apoiar o impeachment na última hora.
"A fidelidade partidária me levou a votar pela abertura de processo contra a presidente", justificou.
No cafezinho da Câmara reservado aos deputados, Lopes encontrou dois velhos amigos do PMDB de Minas Gerais neste domingo. O deputado Saraiva Felipe e o vice-governador de Minas Gerais,
Antonio Andrade. Saraiva foi ministro da Saúde na primeira gestão do ex-presidente Lula da Silva e Andrade foi eleito vice do governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Lopes já estava determinado a votar pelo impeachment da presidente. Saraiva Felipe também e Toninho Andrade pedia votos a antigos colegas de Câmara para derrubar a presidente Dilma Rousseff.
Toninho Andrade retorna à Belo Horizonte nesta segunda-feira (18) e continuará como o substituto eventual do petista Fernando Pimentel. Mauro Lopes não voltará à equipe ministerial de Dilma e já foi escalado para opinar sobre a possível formação do governo Temer. Talvez com um novo ministério.
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