[caption id="attachment_105991" align="alignright" width="290" caption="Líderes querem conversar com Feliciano e convencê-lo a sair da CDH"]

[fotografo]Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr[/fotografo][/caption]Após três horas de reunião, líderes partidários decidiram convidar o deputado Pastor
Marco Feliciano (PSC-SP) para uma reunião na próxima terça-feira (2). Eles pretendem convencer o parlamentar, eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH) da
Câmara, a renunciar ao cargo. O encontro ocorreu após o PSC, mesmo com as pressões recentes, decidir
manter Feliciano no comando do colegiado.
Boa parte dos líderes da Casa estavam presentes na reunião, que começou pouco depois das 19h, quando ainda estava acontecendo a ordem do dia. Representantes de partidos da base, como
José Guimarães (PT-CE), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), e da oposição, como
Carlos Sampaio (PSDB-SP), Rubens Bueno (PPS-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), estavam presentes. André Moura (PSC-SE) participou do início do encontro.
"É a imagem da instituição que está em jogo", disse o líder do DEM, Ronaldo Caiado. Ele lembrou que o partido passou por situação semelhante em 2009. Na oportunidade, o deputado Edmar Moreira (MG) foi eleito para ser segundo vice-presidente e corregedor da Casa. Semanas depois, vieram à tona irregularidades no uso da verba indenizatória e a posse de um castelo que não estava no seu Imposto de Renda.
"Com a pressão, nós indicamos outro nome e resolvemos a questão", completou Caiado. Com o exemplo de Moreira, o demista quis mostrar que o problema dos líderes não é com o partido, mas com a postura de Feliciano. As declarações dadas antes de assumir o cargo, o vídeo publicado atacando adversários políticos e o fato de não conseguir conduzir as sessões da Comissão de Direitos Humanos pesam contra ele.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ressaltou que o problema não é com o partido. Lembrou que, até hoje, era uma iniciativa particular de tentar resolver a situação. Hoje, após a decisão do PSC, resolveu acionar os líderes. "[Temos que resolver que o problema] para que o comando da comissão possa comandar a comissão. Aquele clima de radicalismo lá instalado, vindo de A, B ou C, não pode continuar. A comissão tem que se reunir, ter um quórum qualificado, a sua pauta, tomar decisões e a cada semana isso não está acontecendo", disse o peemedebista.
Até então, o líder mais envolvido com a questão era
Ivan Valente (Psol-SP). Além dele, Beto
Albuquerque (PSB-RS) e Caiado já tinham se manifestado publicamente contra a indicação e consequente eleição de Feliciano. Hoje, ele considerou positivo o fato de "vários líderes" terem se manifestado de forma veemente sobre a paralisia da CDH. "Hoje vários líderes se manifestaram dizendo que é incompatível a presença dele na comissão por causa de suas declarações preconceituosas, racistas, homofóbicas e intolerantes", disparou.
Para o líder do PT,
José Guimarães, o colégio de líderes é mais forte do que um deputado. Por isso, ele acredita que a reunião de terça que vem pode ter o resultado esperado por parlamentares ligados a direitos humanos. "Não tem como piorar", afirmou. Guimarães não quis comentar o conteúdo da nota emitida mais cedo pelo PSC.
Manutenção
Mais cedo, a bancada do PSC se reuniu com Feliciano. Além dele e do vice-presidente nacional do partido, Everaldo Pereira, outros seis parlamentares estavam presentes. No fim do encontro, uma nota foi lida, garantindo a presença dele na comissão e disparando indiretamente contra partidos da base, em especial o PT. "Tudo já foi resolvido. Fui eleito legitimamente, a comissão pertence ao meu partido, então não há mais discussão: permaneço no cargo", disse Feliciano.
No Twitter, em 2011, Feliciano chamou negros de "descendentes amaldiçoados de Noé". Contra homossexuais, chegou a dizer que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas".
Em discurso na Câmara, ele defendeu a limitação de divórcios a um por pessoa, pois, na avaliação dele, "uma família destruída hoje projeta sequelas por toda uma geração". O deputado diz que a resistência ao seu nome é fruto de perseguição religiosa e de "cristofobia". Além disso, o deputado é réu por estelionato em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele rejeita a acusação de ser racista e homofóbico.
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