[caption id="attachment_295648" align="aligncenter" width="550" caption="Principais lideranças do PMDB no Senado, Jucá e Renan se atacam em dia de mais protestos contra o presidente"]
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[fotografo]Fotos: Agência Senado[/fotografo][/caption]Em clima exaltado e com troca de agressões verbais, a sessão do Senado na noite desta quarta-feira (24) serviu para que o PMDB, partido do presidente Michel Temer, mostrasse as entranhas da crise política porque passam não só a legenda, mas o país inteiro. Enquanto nos arredores do Congresso
policiais enfrentavam manifestantes contra Temer, o líder do PMDB na Casa,
Renan Calheiros (AL), e o presidente do partido, Romero Jucá (RR), expuseram as profundas divergências sobre as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo e em discussão no Congresso.
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A polêmica também envolveu o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), que foi chamado de puxa-saco por Renan e devolveu a acusação: "Não conheço mais puxa-saco que o senhor". Líder do partido do presidente, Renan rompeu com Temer desde que assumiu o cargo e é contra a aprovação as reformas trabalhista e da Previdência. Mas é minoria na bancada e chegou a ser ameaçado de destituição do posto pela maioria do colegiado. Renan disse que não defende a renúncia do presidente. Mas sugeriu que o presidente busque uma solução negociada para a sua sucessão.
"Temer precisa ajudar a encontrar uma saída para a crise política. O presidente precisa encontrar uma solução para o país", disse Renan, que também criticou o
uso das Forças Armadas decretado por Temer para tentar conter excessos em manifestações. "Se esse governo não se sustenta, não são as Forças Armadas que vão sustentar esse governo."
[caption id="attachment_295651" align="aligncenter" width="550" caption="Da tribuna, Moka também trocou acusações com Renan "]

[fotografo]Roque de Sá/Agência Senado[/fotografo][/caption]
Jucá respondeu a Renan dizendo que as propostas de interesse do governo serão aprovadas pela maioria da forma em que o congresso quiser. Sem citar Renan, Jucá disse que ninguém pode falar contra o governo em nome do PMDB.
"Acabou esta história de chegar aqui, falar bobagens, e ficar por isso mesmo. Estamos na democracia e cada um tem o direito de falar a imbecilidade que quiser, e temos que só ouvir. Mas as reformas terão que ser aprovadas pela maioria", disse Jucá.
"Não temos medo de cara feia ou de bravata", concluiu o presidente do PMDB.
Sem crise
"Não existe crise do PMDB. O que há é a insatisfação de alguns parlamentares que estão na fase 'hamletiana': com a caveira na mão sem saber se são Lula ou Temer", disse Jucá ao
Congresso em Foco, pouco depois do confronto em plenário, em analogia à personagem Hamlet, de William Shakespeare, internacionalmente conhecida pelo corpo arqueado diante de um crânio e a pergunta "ser ou não ser".
A crise política no partido do presidente Temer reflete a crise no Congresso que se acentuou desde a última quarta-feira quando foi divulgada uma conversa do presidente na residência oficial com o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, tratando de compra de juízes, procuradores e até de pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso por corrupção e ameaçava delatar o presidente da República. A temperatura aumentou nesta quarta-feira com as manifestações contra o governo na Esplanada dos Ministérios que terminaram em incêndios em prédios públicos.
Na manhã desta quarta-feira 17 senadores do PMDB visitaram Temer para prestar solidariedade. O líder Renan não estava no grupo. O grupo foi prestar solidariedade ao presidente que tem sido pressionado a renunciar. Renan defende que todas as propostas de reforma política sejam adiadas até que o Congresso encontre uma solução política para a presidência da República.
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