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[caption id="attachment_251964" align="alignleft" width="300" caption="Waldir Maranhão e colégio de líderes tomam decisões conflitantes e deixam a Casa sem comando"]
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[fotografo]Luis Macedo/Câmara dos Deputados[/fotografo][/caption]Mais de 20 pretendentes, vários deles dentro do mesmo partido - como José Carlos Aleluia (BA) e Rodrigo Maia (RJ), ambos do DEM; ou Heráclito Fortes (PI) e Júlio Delgado (MG), do PSB. Articulações que colocam às vezes do mesmo lado tradicionais adversários. E um impasse que envolve até mesmo a data da realização da eleição. É nesse clima que a Câmara dos Deputados discute a sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
renunciou ontem ao cargo.
Duas decisões conflitantes de instâncias diferentes da Câmara deixaram a Casa sem direção nesta sexta-feira (8). O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), anulou a decisão do colégio de líderes que antecipou a eleição do sucessor de Eduardo Cunha, que renunciou ao posto nesta quinta-feira (7). O colegiado de representantes das bancadas tinha sido convocado pelo coordenador do maior bloco partidário, Jovair Arantes (PTB-GO), mas sem a presença ou o conhecimento de Maranhão. Em retaliação, o presidente interino demitiu da função o secretário-geral da mesa, Sylvio Avelino, homem de confiança de Cunha e assessor da reunião informal de líderes.
A temperatura da crise aumentou no final da manhã quando primeiro-secretário da mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), defendeu a troca na data alegando que o colégio de líderes é soberano e pode atropelar decisões do presidente da Casa. A convocação da eleição extraordinária é prerrogativa do presidente da Câmara que fica obrigado a marcar o dia em até cinco sessões do plenário a partir da oficialização da renúncia. A antecipação da votação foi decidida sem que Maranhão ficasse sabendo e mostra o clima de desmando na Casa.
A crise é tão profunda que mais de 20 deputados se lançaram candidatos ao mandato tampão de seis meses na presidência da Câmara. Todas as bancadas indicaram nomes, algumas com mais de um. O PT, legenda da presidente afastada Dilma Rousseff e centro da crise política que envolve o impeachment, não vai lançar candidato. Os petistas querem identificar o mais eficiente anti Cunha para apoiar. O PCdoB formalizou uma preferência há pouco impensável, e apoia um nome do Democratas. Os comunistas simpatizam com Rodrigo Maia (DEM-RJ) e até admitem apoiar nomes do PPS e PSDB.
A disputa que antes os deputados diziam não ter interesse, se transformou no mais novo púlpito político. A nova vitrine televisionada que para uns pode ser a glória e mais votos em 2018 ou uma boa ajuda nas eleições municipais para emplacar vereadores e prefeitos, cabos eleitorais dos parlamentares federais. O Palácio do Planalto está envolvido na sucessão, apesar dos desmentidos dos parlamentares de base de apoio ao governo do presidente interino Michel Temer. O PMDB não lançou nomes. Foi informado de que seria cargo demais para a legenda na atual situação de crise.
A gestão Cunha será fácil de bater. O discurso da moralidade é sempre mais conveniente. Mas em outra votação muito importante e com claque eletrônica, como a da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, esta vitrine toda virou tragédia eleitoral.
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