Ex-proprietário da Delta quase foi declarado foragido pela Justiça
[caption id="attachment_250971" align="alignleft" width="380" caption="Ex-proprietário da Delta quase foi declarado foragido pela Justiça "]

[fotografo]José Cruz/Agência Brasil[/fotografo][/caption]Ex-proprietário da Delta Engenharia, empresa na mira da Justiça pelo menos desde o
caso Cachoeira, Fernando Cavendish foi preso na madrugada deste sábado (2) ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, onde chegou do exterior por volta das 4h. Escoltado por agentes da Polícia Federal e levado para o Instituto Médico Legal (IML), o empresário foi levado ao presídio Ary Franco (zona norte do estado), onde estão presos outros quatro investigados na Operação Saqueador, esquema de lavagem de verbas públicas desvendado pela PF.
Deflagrada na última-quinta-feira (30), a Saqueador tentou deter Cavendish em seu apartamento, no Leblon, bairro da elite carioca, mas o empresário estava na Europa, para onde viajou em 22 de junho. As autoridades brasileiras cogitaram decretar condição de foragido ao investigado e acionar a Interpol, a polícia internacional, mas não foi necessário.
Além de Fernando Cavendish, também foram presos no âmbito da Saqueador o bicheiro Carlinhos Cachoeira - conhecido pela trama que levou à
cassação, em 2012, do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO) - e o empresário Adir Assad, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). A ordem de prisão foi concedida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Mas, nesta sexta-feira (1º), o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, transformou a prisão preventiva em prisão domiciliar, decisão que será contestada pelo MPF. Eles são obrigados a usar tornozeleira eletrônica.
Em seu despacho, o desembargador determina que os acusados se afastem do comando das empresas investigadas, além de obrigá-los a comparecer em juízo a cada 15 dias no TRF da 2ª Região. Os investigados também estão proibidos de mudar de endereço ou deixar o país e de estabelecer contato com outros investigados. Passaportes devem ser levados à autoridade judicial nas próximas 24 horas.
Lavanderia
No âmbito da Operação Saqueador, o MPF ofereceu denúncia à Justiça do Rio de Janeiro contra Cavendish, Cachoeira, o empresário Adir Assad - já foi condenado na
Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa - e mais 20 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção. Segundo o procurador da República Leandro Mitidieri, cerca de R$ 370 milhões foram desviados de obras públicas tocadas pela Delta e lavados por intermédio de 18 empresas de fachada forjadas por Cachoeira, Assad e Marcelo Abbud, outro preso. O dinheiro em seguida era sacado em espécie e repassado a agentes públicos, de maneira a dificultar seu rastreamento. Abbud e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal Claudio Abreu também receberam o benefício da prisão domiciliar.
De acordo com os investigadores, entre 2007 e 2012, Delta Construções teve mais de 96% de seu faturamento proveniente de verbas públicas, uma soma de aproximadamente R$ 11 bilhões. Segundo o MPF, os operadores do esquema "lavaram" R$ 370 milhões por meio de 18 empresas de fachada - sem funcionários nem receita compatível com a despesa. Os envolvidos realizavam pagamentos a agentes públicos para manter o esquema em segredo. Boa parte da propina era depositada em dinheiro e, principalmente, em ano de eleição.
Por meio de nota, a defesa de Cavendish lembra que o empresário tem direito à prisão domiciliar e vai colaborar com a Justiça. "A decisão do magistrado reverte a prisão preventiva em prisão domiciliar até que seja comprovada ocupação regular. A defesa reitera ainda que, consciente da legalidade dos seus atos, Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial e assim continuará a fazer no âmbito do inquérito policial", diz o comunicado.
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