Eleitor está mais maduro, sensível à crise e conectado às redes sociais
[caption id="attachment_256864" align="alignleft" width="300" caption="Eleitor está mais maduro, sensível à crise e conectado às redes sociais"]

[fotografo]EBC[/fotografo][/caption]Os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores que começam suas campanhas nesta terça-feira (16) vão tentar ganhar votos de um eleitor mais maduro, com acesso a tecnologias que não existiam no Brasil em 2012, regras de campanha mais rígidas, economia destroçada pelo desemprego e um ambiente político conturbado. Há quatro anos, os dois maiores partidos do país, o PT e o PMDB, eram aliados no Congresso e ocupavam juntos a Presidência da República, sem o processo de impeachment que transformou as duas siglas em inimigas eleitorais.
Em 2012, eleitores entre 21 e 59 anos formavam um contingente de 106 milhões de votantes. Hoje, este número é três milhões mais elevado (veja tabela abaixo). O inexperiente eleitor entre 16 e 18 anos, que ainda não é obrigado a comparecer às urnas em outubro, compõe um grupo menor em relação ao último pleito, quatro anos atrás. Esse grupo do eleitorado está mais preocupado em caçar Pokémon no celular, a nova moda mundial, do que prestar atenção em propaganda política.
Segundo dados da Justiça Eleitoral, o maior contingente de eleitores - 34,9 milhões - tem entre 45 e 59 anos e representa 23,8 % dos brasileiros aptos a escolher prefeitos e vereadores em outubro. Essa faixa representava menos 1,7 milhão de votantes na eleição passada. É gente com pelo menos o segundo grau completo, renda de classe média e opinião contaminada pelas crises política e econômica dos últimos anos, resultado de debates alimentados nas redes sociais - não necessariamente por meio de informações bem fundamentadas.O segundo maior grupo de eleitores tem entre 25 e 34 anos. São 32,2 milhões de votantes, que representam 22% do total.
Veja o retrato do eleitorado feito pela Justiça Eleitoral:
Faixa Etária |
Masculino(M) |
%M/T |
Feminino(F) |
%F/T |
Não Informado(N) |
%N/T |
Total(T) |
Inválida |
1.909 |
48,330 |
2.040 |
51,650 |
1 |
0,030 |
3.950 |
16 anos |
421.667 |
50,470 |
413.759 |
49,530 |
0 |
0,000 |
835.426 |
17 anos |
746.215 |
50,210 |
739.839 |
49,790 |
0 |
0,000 |
1.486.054 |
18 a 20 anos |
4.203.812 |
49,280 |
4.326.352 |
50,720 |
0 |
0,000 |
8.530.164 |
21 a 24 anos |
6.282.158 |
49,270 |
6.468.088 |
50,730 |
0 |
0,000 |
12.750.246 |
25 a 34 anos |
15.682.023 |
48,490 |
16.656.040 |
51,510 |
0 |
0,000 |
32.338.063 |
35 a 44 anos |
14.131.306 |
47,910 |
15.364.024 |
52,090 |
930 |
0,000 |
29.496.260 |
45 a 59 anos |
16.515.822 |
47,290 |
18.374.536 |
52,610 |
37.878 |
0,110 |
34.928.236 |
60 a 69 anos |
6.769.847 |
46,220 |
7.853.149 |
53,610 |
24.754 |
0,170 |
14.647.750 |
70 a 79 anos |
3.299.838 |
44,730 |
4.060.067 |
55,040 |
16.535 |
0,220 |
7.376.440 |
Superior a 79 anos |
1.786.243 |
43,800 |
2.276.954 |
55,830 |
15.125 |
0,370 |
4.078.322 |
TOTAL(TT) |
69.840.840 |
47,680 |
76.534.848 |
52,250 |
95.223 |
0,070 |
146.470.911 |
Propaganda
Com o encerramento das inscrições de candidaturas na Justiça Eleitoral à meia noite desta segunda-feira (15), os concorrentes já podem fazer propaganda nas ruas, nas redes sociais e de forma tradicional, com distribuição de panfletos, instalação de cartazes ou divulgação das candidaturas em carros de som. Vale até recorrer aos antigos comícios. A propaganda eleitoral no rádio e na TV começa no dia 26 deste mês.
Na quinta-feira (18), encerra-se o prazo para a decisão dos tribunais eleitorais sobre recursos contra candidaturas ou partidos. A Justiça também terá que divulgar até amanhã as listas dos concorrentes e os locais de votação.
As brigas preliminares entre candidatos e partidos se encerram no próximo dia 23, prazo final para o pedido de impugnação de inscrições de concorrentes. A campanha deste ano será mais curta (leia mais abaixo).
Internautas
Apesar de mais maduro, o eleitor de agora já aderiu às novas tecnologias. Estudos antigos de campanhas eleitorais nacionais e municipais revelavam que a propaganda na TV não era fundamental para a decisão do voto. Hoje, esta situação se aprofundou. Com acesso a vídeos e todos os tipos de mensagens à disposição na palma da mão, candidatos terão que tratar do buraco na rua ou do posto de saúde municipal por mensagens em
smartfones.
Alguns candidatos já aderiram à tecnologia digital pessoal. A deputada
Alice Portugal (PCdoB-BA), por exemplo, vai lançar um aplicativo para arrecadar dinheiro e pagar as despesas da disputa. Sua equipe de marqueteiros é de infantes na profissão, que aceitam ganhar pouco e fazer um trabalho com características estudantis devido à absoluta falta de dinheiro. A
proibição de doações empresariais para as campanhas vai empurrar o candidato cada vez mais para a propaganda digital, com mensagens replicadas pelos militantes.
Tecnologia
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aderiu à tecnologia digital pessoal e já começou a lançar produtos acessíveis por meio de
smartfones. O "Agenda JE" reúne todos as informações básicas até as eleições. A ferramenta disponibiliza datas e prazos. Pelo dispositivo, o eleitor ou o fiscal de um partido, por exemplo, pode fazer notificações automáticas à Justiça.
O "JE Processos" permite acompanhar o trâmite dos processos no sistema judicial eletrônico, com informações sobre andamentos, relatores de cada processo, partes e advogados, decisões e publicações sobre os procedimentos. O aplicativo "Candidaturas" fornece nome completo do candidato, nome escolhido para a urna, número, situação do registro de candidatura, cargo, partido, coligação e, ainda, o
link para o site do candidato. O dispositivo também exibirá dados sobre as respectivas prestações de contas dos políticos.
A Justiça criou e vai lançar outros oito aplicativos com locais de votação, instruções para os mesários, situação do próprio eleitor e até um para denúncias. Há também aplicativos para os resultados, boletins de cada secção eleitoral e conferência sobre o funcionamento das urnas. Com o "qruel", por exemplo, um servidor da Justiça Eleitoral pode ligar a urna e fotografar o QR Code que aparece na tela. O código vai detalhar as informações sobre o aparelho e atestar se ele está operando corretamente. Com tais informações em mãos, o eleitor poderá pedir a substituição de máquinas eventualmente danificadas.
Desinteresse parlamentar
Como
este site mostrou no último sábado, o elevado endividamento das prefeituras e o constante risco de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal estão entre as principais razões, apontadas por deputados e senadores, para justificar diminuição do interesse de parlamentares pelas eleições municipais deste ano. No pleito de outubro, 73 deputados e apenas dois senadores decidiram disputar aos cargos de prefeito e vice-prefeito de capitais e municípios do interior, uma redução de 32% e comparação com o grupo que concorreu em 2012.
Levantamento feito pelo
Congresso em Foco mostra que os três partidos com as maiores bancadas no Legislativo são os mais interessados nos executivos municipais. O PSDB escolheu 10 deputados nas convenções municipais da semana passada para o cargo majoritário e um aceitou a vaga de vice, a de Bruno Covas, em São Paulo. O PMDB vem em seguida, com 10 nomes, e o PT, com nove.
Clique aqui para ver o quadro com as candidaturas dos principais partidos.
Confira as principais mudanças na eleição deste ano:
Campanha mais curta - Prazo reduzido de 90 para 45 dias;
Doações - Pela primeira vez, desde 1994, empresas estão proibidas de fazer doações eleitorais a partidos ou candidatos. As campanhas terão de ser financiadas exclusivamente por contribuições de pessoas físicas ou por recursos do Fundo Partidário;
Gastos - Pelo teto definido pela Justiça Eleitoral, o candidato a prefeito poderá gastar até 70% do valor declarado pelo concorrente que mais gastou na disputa anterior, caso tenha havido um só turno; e até 50%, casos dois turnos tenham sido realizados. Em município com até 10 mil habitantes, o limite para candidatos a prefeito será de R$ 100 mil;
Debate eleitoral na TV - Só será convidado o candidato de partido com mais de nove deputados federais na atual legislatura (2015-2018);
Propaganda no rádio e na TV - Reduzida de 45 para 35 dias. No primeiro turno, dois blocos de dez minutos cada para candidatos a prefeituras. Também haverá 80 minutos de inserções por dia (60% para prefeitos e 40% para vereadores), com duração de 30 segundos a um minuto cada.
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