Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Patrícia Marins Miriam Moura
Patrícia Marins Miriam Moura
Fala de Michelle Obama em convenção prova a força da boa oratória
Patrícia Marins Miriam Moura
Gigantes da tecnologia prestam depoimento histórico nos Estados Unidos
Patrícia Marins Miriam Moura
TikTok é o futuro nas redes sociais e nos protestos nas ruas
12/05/2017 | Atualizado às 19h38
Duas coisas devem nortear a conduta de um réu no depoimento perante um juiz, a estratégia jurídica e a orientação dos advogados. No entanto, há vários protocolos de comunicação que devem ser adotados em situações de grave crise e de alto impacto na imagem, como a vivenciada nesta semana entre Lula e Moro.
Vamos nos deter aqui na avaliação do comportamento do ex-presidente em razão do grande número de erros de comunicação que ele cometeu. Erros comuns a pessoas que se veem diante de juízes e investigadores, mas não para Lula, que é um dos melhores oradores da história do país.
O problema é que, ao depor diante de uma autoridade judicial, uma falha no discurso pode levar a ampliar suspeitas ou mesmo a um desdobramento da investigação. Especialmente quando se trata de um evento de máximo apelo midiático, como o encontro entre Lula e Moro na tarde da última quarta-feira (10) em Curitiba.
Vamos aos principais erros de comunicação cometidos por Lula:
1) "Eu sou vítima": ter ancorado todo o discurso na premissa de que ele é vítima de um grande complô envolvendo a mídia, a oposição, o Ministério Público Federal (MPF) e o próprio Moro tem sido a principal estratégia que o ex-presidente adota. Pode funcionar para a sociedade e garantir votos na desejada eleição presidencial de 2018.
Mas, na esfera do protocolo de comunicação, não é a tática mais adequada para ser usada no depoimento a um juiz.
Ao menos nesses momentos, Lula deixar de lado a bengala da vitimização e responder objetivamente sobre o que está sendo acusado nos vários processos em que é réu.
2) "Ataques ao MPF e ao Judiciário": Lula adotou a estratégia do ataque. Não poupou críticas aos procuradores da Lava Jato e ao próprio Sergio Moro. Adotou um discurso nada humilde. Preferiu, mais uma vez, dirigir a narrativa para a sociedade.
Faltou análise de contexto. O juiz é a principal autoridade do processo. A sociedade não julga um processo jurídico. Não é inteligente aguçar a divergência e a contenda nessas situações. Esse papel não é do depoente, mas de seus advogados. Ao partir para o ataque e dizer por exemplo que já foi "julgado nas urnas depois do processo do mensalão", Lula ignora a existência de um dos poderes constituídos: o Judiciário.
3) "Quem é o meu interlocutor?": não existe comunicação sem emissor e receptor, já dizia o filósofo canadense McLuhan no século passado. Um equívoco muito comum de depoentes, principalmente os políticos, é o de esquecer com quem estão falando.
Aqui, o interlocutor era um juiz, que usará o que foi falado nos autos para definir uma sentença. Ao falar para o povo, Lula cai na armadilha do discurso populista e isso o faz entrar em contradição: ora era o grande estadista que fez com que a Petrobras ganhasse mundo e, em outros momentos, era um presidente que, por restrições do cargo, não influencia em licitações e indicações em estatais.
Se tivesse dirigido o discurso apenas ao seu interlocutor, juiz Sergio Moro, seria mais fácil não ter que "vender" a imagem do presidente que fez o Brasil avançar.
Lula quis ser Lula: o cara que mata no peito e parte para o enfrentamento. Quis ser um grande orador, no momento em que deveria ser um simples depoente ao Poder Judiciário. Deixou que a indignação e o sentimento de "perseguição" falassem mais alto.
4) "O culpado é o grande outro": erro também muito comum de bons oradores é atacar o outro. Nesse caso, o grande outro foi a própria mulher de Lula, dona Marisa, já morta.
Ao atribuir a dona Marisa a decisão pelo triplex do Guarujá, o ex-presidente usa uma tática de defesa que pode funcionar no campo jurídico, mas na órbita da comunicação gera ruído e suspeitas.
Essa tática soa ainda mais estranha quando lembramos que em outras ocasiões de depoimento a investigadores sobre o apartamento, ainda com dona Marisa viva, Lula não tinha atribuído a ela nenhuma responsabilidade.
É preciso não esquecer ainda a questão de o esperado encontro de Moro e Lula ser um fato midiático por excelência, comprovado no ápice de aparato da cobertura jornalística. No noticiário extenso sobre o depoimento, houve até a contagem de que Lula disse 82 vezes "não sei" ao juiz Moro. Nas redes sociais, deu-se o habitual Fla-Flu virtual de opiniões, torcidas, apoios, reações e sentimentos. No Twitter, o duelo das hashtags #LulaEuConfio e #MoroOrgulhoBrasileiro figurou nos trending topics.
Pesquisas demonstram que 80% do que as pessoas assimilam vem da comunicação não verbal (gestos, expressão facial e roupas). Lula, que foi o único alvo das luzes das câmeras da Justiça Federal nos vídeos que mais se difundiram pela internet, foi também julgado por seus gestos: cada feição de deboche, cada coçadinha no nariz, cada franzir de testa, cada mexida na cadeira a insinuar desconforto. Tudo é alçado ao paroxismo, erros e acertos, respostas perfeitas e mais que imperfeitas.
Mochilas gigantes foram entregues a crianças de Jequié (BA) e as fotos viralizaram nas redes sociais, chegando nos trending topics do Twitter. A prefeitura do município entregou materiais escolares aos seus alunos, mas esqueceu de checar o tamanho das mochilas.
Os kits, em tese, eram simples: lápis, caneta, borracha e mochila. Mas quando os pais das crianças descobriram que seus pequeninos na verdade cabiam dentro das mochilas, as fotos se tornaram um dos memes mais compartilhados da semana. A ação fez parte da nova política educacional da rede pública de ensino. A intenção foi boa, mas faltou planejamento.
A companhia aérea Royal Jordanian pegou carona na polarização da campanha na França para uma estratégia nas redes sociais, num bem-humorado trocadilho em inglês com a expressão: "far ... right", que significa extrema-direita em inglês. A pergunta feita: "A França não é tão longe, certo?" (em inglês: "France is not that far. right?") é uma menção à candidata Marine Le Pen, da direita radical, que acabou derrotada pelo candidato do centro Emmanuel Macron.
Em outro tuíte, a referência é ao lema da revolução francesa: "Liberdade. Igualdade. Fraternidade. Como os ce´us deveriam ser."
Um jovem americano, Carter Wilkerson, escreveu ao perfil da marca Wendy's perguntando quantos retuítes ele precisaria para conseguir um ano de nuggets grátis. A empresa respondeu: 18 milhões. E o apreciador de frango empanado foi à luta e saiu em busca de ajuda.
Logo seu perfil se tornou popular e os compartilhamentos não param mais. Já tinham ultrapassado 3 milhões. Antes mesmo de atingir o número, a Wendy's já considerou o desafio vencido e garantiu os nuggets. Mais uma viralização que entra para as redes: vai gostar assim de frango empanado lá no Twitter!
Tags
Temas