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Congresso em Foco
05/09/2013 | Atualizado às 09h04
Documentos fornecidos por Zoinho mostram a assinatura de George Augusto Pereira no contrato que ele fez com a GAP, embora o deputado diga ter negociado o serviço com outra pessoa. "Eu assinei o contrato com um representante da empresa que veio até mim. Aqui tem muito lobista, e eu, marinheiro de primeira viagem, tenho que me acostumar com isso aqui ainda. Mas eu tenho certeza que a empresa não tem qualquer problema. Eu não sou ladrão", disse.
Zoinho fala que não recebeu nenhuma indicação, do seu partido ou de qualquer outra pessoa, para contratar a GAP. Por isso, argumenta, não poderia saber dos problemas administrativos dela. "Se eu te disser que eu sou santo, eu estou te enganando. Santo, só Jesus Cristo. Mas eu sou um cara que procura fazer as coisas com transparência e dentro do que a lei me permite. Você acha que a Dilma conhece todas as empresas que o governo contrata? Você acha que um prefeito conhece todas as empresas que são contratadas?", questiona.
Locação em ONG e frota invisível
A Locacom, outra das empresas investigadas, recebeu R$ 40 mil pela cota parlamentar de Zoinho. No endereço cadastrado como sede da empresa, não se vê nenhum sinal de funcionamento da empresa, mas sim da ONG Centro de Cidadania Cidade Maravilhosa (CCCM), especializada na profissionalização de jovens. O representante da Locacom, Carlos da Silva, afirmou à TV Globo, na edição do último domingo do programa Fantástico, que a empresa está cedendo espaço à ONG, cuja sede está em obras. No entanto, ele não apresentou a frota da empresa e o telefone de contato da locadora toca junto aos telefones da CCCM.Escritório e laranja
Mesmo tendo à sua disposição na Câmara 25 secretários parlamentares que ele próprio escolheu para auxiliá-lo no trabalho parlamentar, além de poder contar com os eficientes consultores de carreira da Casa, Zoinho paga mensalmente a um escritório de advocacia em Volta Redonda R$ 8,9 mil. "Eu não sou formado em Direito e por isso preciso de um advogado que possa me ajudar. Eu poderia contratá-lo por valores ainda mais altos, mas procuro obter os serviços pelos mesmos valores de mercado", justifica o deputado.
A história, como apurou o Congresso em Foco, é mais complicada. Em 2011, o advogado Marco Antônio Silva convidou a advogada Cláudia Alves Paulino Rodrigues para abrir um escritório em Volta Redonda. O argumento que convenceu Cláudia é de que ambos teriam bastante trabalho caso Zoinho vencesse as eleições para a prefeitura da cidade, disputada em 2012. Convencida, Cláudia emprestou o nome para o negócio, registrado na Receita Federal em junho de 2011.
Três meses depois, o escritório emitiu a sua primeira nota fiscal, referente a serviços jurídicos prestados a Zoinho. Apesar de ter emitido todas as notas em ordem numérica (do 1 ao 17, pulando apenas os números 4 e 14) , o advogado Marcos Antônio Silva garante que o deputado não é cliente exclusivo. "Quando alguém me requer que seja emitida nota fiscal, eu faço a nota fiscal. Mas só o deputado tem requerido a nota. Para os meus outros clientes, eu passo recibo normal, como prestação de serviço de advocacia normal. Eu tenho a Alves Paulino & Silva e o meu cadastro na prefeitura como autônomo. Por isso, posso emitir o recibo normalmente", disse ele à reportagem. Em um ano e quatro meses, o escritório de Marco Antônio recebeu R$ 133.590 de Zoinho.
Qual o serviço? Segundo Marco Antônio, serviços de consultoria para auxiliar as atividades de Zoinho na Câmara, ou seja, aqueles mesmos para os quais a instituição já possui pessoal próprio. "Nós fazemos consultoria para as atividades dele. Por exemplo, se ele precisa de um parecer relativo a algum projeto, estudo aqui na região para ele apresentar um projeto ou avaliar algum outro. É isso que nós fazemos", afirma. O advogado também trabalhou na campanha de Zoinho à prefeitura de Volta Redonda em 2012. Zoinho chegou a ir para o segundo turno, com o apoio de Garotinho, mas foi derrotado. Em 2010, quando Zoinho concorreu ao cargo de deputado federal, Marco Antônio contribuiu com R$ 1,5 mil para sua campanha.
O deputado fala que ele e Marco são amigos desde os tempos em que ambos trabalhavam como metalúrgicos. "Ele estudou Direito depois e tornou-se meu advogado. Ele sempre fez toda a contabilidade das minhas campanhas e me ajuda na parte jurídica das campanhas. Mas esse contrato que eu tenho com ele atualmente é só para os trabalhos realizados para meu mandato na Câmara. Outros serviços são pagos com meu dinheiro", garante Zoinho. "Se ele já vem me ajudando nesse período todo, nada mais justo do que contratá-lo do que contratar um terceiro que eu não conheço o trabalho", completou.
Apesar de ter o nome na sociedade, Cláudia afirma que nunca trabalhou no escritório e garante que não recebeu nada durante esse tempo. Ela afirmou ser laranja na empresa. "Eu consto no contrato da empresa, mas nunca fiz nada. Pedi a retirada do meu nome há bastante tempo, mas ainda não foi retirado. Não sei por que. Como eu nunca recebi nenhuma demanda do escritório, pedi para sair", conta a advogada. Marco Antônio contesta a colega e "sócia": "A Cláudia deve estar fazendo confusão porque ela presta serviço na empresa. Sempre que eu preciso de alguma coisa eu passo para ela, ela faz e eu repasso [o pagamento]. Ela pode não estar tendo a ciência de que o serviço foi realizado para o deputado. Ela é sócia na empresa e presta serviço, sim. Mas às vezes é coisa pequena e eu nem falo que é para o deputado. Ela presta mais serviço na área trabalhista [para outros clientes]. Por isso que ela deve ter dito isso. Esse trabalho é mais meu e ela atua mais na área trabalhista", disse. Ainda assim, o registro de Cláudia na Ordem dos Advogados do Brasil apresenta como endereço profissional o mesmo registrado em nome da empresa. Segundo Cláudia, ela nunca esteve no imóvel. "Nunca estive lá. Se não me engano, era a antiga residência ou escritório do Marcos", completou.Mais sobre a farra do cotão
Nas últimas semanas o Congresso em Foco mostrou várias outras situações curiosas envolvendo o uso do cotão. Veja algumas delas: Câmara gastou $ 31 milhões em aluguéis de veículos desde 2012 A incrível história da locadora favorita dos deputados Outras notícias sobre farra do cotão Quanto custa um deputado O Legislativo brasileiro não é o que desejamos, mas é o que temos - e elegemos. E sem ele sabemos que não há democracia. Vamos valorizar o que o Congresso Nacional tem de melhor. Vá ao endereço http://premiocongressoemfoco.com.br/ e participe da escolha dos melhores parlamentares de 2013.Tags
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