[caption id="attachment_300968" align="alignright" width="399" caption=""Peço que os senhores não deem autorização para que o presidente da República seja julgado", discursou Mariz"]

[fotografo]Alex Ferreira/Câmara dos Deputados[/fotografo][/caption]Ao final do leitura do relatório favorável ao recebimento da denúncia contra Michel Temer (PMDB), o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, responsável pela defesa do presidente, usou seu direito de defesa na comissão e, exaltado, desafiou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a provar o recebimento de vantagens indevidas pelo presidente. "Quando, em que momento, o presidente recebeu um níquel sequer? Onde? Como?", indagou, diante dos deputados na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Zveiter acata denúncia contra Temer: "Indícios sérios suficientes" para recebimento da acusação
Em seguida, ainda exasperado, Mariz assim classificou os termos da denúncia: "Mentira, infâmia, indignação"! De acordo com ele, a "infame" acusação contra Temer atenta contra a honra do presidente. "Não existe pró-sociedade. Na dúvida, é sempre a favor do réu", ressaltou Mariz, referindo-se à expressão em latim usada por Zveiter para defender que, na dúvida, um julgamento deve preservar a coletividade e o bem comum. "Peço que os senhores não deem autorização para que o presidente da República seja julgado."
"Não há nem materialidade da denúncia, até porque os 500 mil reais foram devolvidos por quem o pegou", defendeu o advogado. Foi uma referência à
devolução do dinheiro pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), indicado por Temer para ser seu interlocutor sobre interesses da JBS. Loures, após o aval de Temer a Joesley, foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil em dinheiro entregue por Ricardo Saud, executivo da JBS, em uma pizzaria em São Paulo.
Gravador barato
Contra a defesa de Zveiter sobre a gravação, o advogado afirma que a gravação foi "covarde" e teve "objetivos políticos". Ele citou as 296 interrupções que "daria ensejo" à adulteração da fita e voltou a afirmar que o gravador "barato" foi utilizado já no intuito de gerar dúvidas.
Ao defender que o presidente já havia se encontrado com diversas autoridades sem, necessariamente, estar na agenda, Mariz questionou o parlamentares e afirmou que, inclusive, muitos dos que estavam presentes, provavelmente, se encontraram em algum momento com Temer sem marcação em agenda. Diante do comentário, um parlamentar gritou: "Não na calada da noite". Mariz rebateu, e disse que o próprio procurador-geral da República foi recebido por Temer fora da agenda.
Mariz voltou a utilizar o argumento de "ficção e criação de hipóteses". Para ele, os procuradores que assinaram a peça acusatória "criaram uma obra de ficção". "Criações mentais para dar a falsa ilusão de que o presidente da República cometeu crimes", ressaltou.
"O presidente da República não pediu nada, o presidente da República não recebeu nada, o presidente da República não agiu em nome de ninguém , não facilitou nada para ninguém", afirmou Mariz. O advogado também afirmou que a delação da JBS foi homologada "açodadamente", assim como a denúncia e também aceitação da abertura de inquérito por parte do ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
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