[caption id="attachment_235731" align="alignleft" width="287" caption="No PRN, hoje PTC, Collor foi do apogeu à queda. Na foto, sua posse como presidente da República, em 1990"]

[fotografo]Arquivo/Senado[/fotografo][/caption]O senador Fernando Collor está de volta ao partido pelo qual se elegeu presidente, em 1989, e sofreu processo de impeachment, em 1992. Na verdade, ao sucessor do antigo PRN, rebatizado em 2000 como Partido Trabalhista Cristão (PTC). O atual presidente do PTC, Daniel Tourinho, comandava o PRN na passagem anterior de Collor. O ex-presidente deixou o PTB em março, alegando discordância com a cúpula do partido, que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em sua página no Facebook, o senador atribuiu a opção pelo PTC a uma afinidade histórica e programática. "Após análise de vários convites, Collor decidiu pelo PTC. Pesou na decisão a identidade programática e a relação histórica com dirigentes nacionais da legenda, como o presidente Daniel Tourinho. O partido, com o número 36, sucedeu o antigo PRN, sigla pela qual Collor elegeu-se presidente da República, em 1989", justificou a assessoria do senador.
Este é o sétimo partido de Fernando Collor em 37 anos de militância partidária. Ele estreou na Arena, partido de sustentação da ditadura militar, em 1979. No ano seguinte, migrou para o herdeiro direto da Arena, o PDS, no qual permaneceu até 1985. Depois, passou quatro anos no PMDB. Em 1989, na primeira eleição presidencial após a redemocratização, elegeu-se presidente da República pelo PRN, novo nome do antigo Partido da Juventude, criado em 1985. Pelo partido, também se tornou o primeiro brasileiro a deixar o Planalto em processo de impeachment, em 1992.
O ex-presidente seguiu no PRN até 2000. No ano em que a legenda virou PTC, Collor passou para o PRTB, no qual permaneceu até 2007. Por essa sigla, voltou ao cenário político nacional ao se eleger senador, em 2006. O senador ficou quase nove anos no PTB. Ele será o único representante do PTC no Congresso. O partido chegou a eleger quatro deputados federais, em 2014. Mas todos já mudaram de legenda.
Troca-troca no Senado
Nos últimos seis meses, 11 senadores trocaram de partido. Diferente dos deputados, que tiveram um período de 30 dias - chamado de janela partidária - para mudar de partido sem perder o mandato, os senadores podem migrar de legenda quantas vezes quiserem, sem prazo determinado e com o mandato resguardado. Na Câmara, quase 100 deputados aproveitaram a janela.
Os senadores e demais ocupantes de cargos majoritários, como prefeitos, governadores e o presidente da República não estão submetidos às mesmas regras de fidelidade partidária de deputados federais, estaduais e vereadores - cargos disputados pelo sistema proporcional. Este foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que em um julgamento realizado em maio do ano passado definiu que o mandato de políticos eleitos pelo sistema majoritário pertence aos próprios, e não ao partido.
Outro a trocar de legenda nos últimos dias foi o senador Zezé Perrela (MG), que deixou o PDT para se filiar ao PTB. Em apenas três meses, Hélio José (DF) mudou duas vezes de partido. Em dezembro o senador deixou o PSD e
migrou para o recém-criado Partido da Mulher Brasileira. Mas a temporada nos quadros do PMB foi curta, e no último 16 o senador, que iniciou sua trajetória política nos quadros do PT, anunciou a filiação ao PMDB.
Na esteira das recentes trocas partidárias, o senador Delcídio do Amaral (MS) anunciou em março sua saída do Partido dos Trabalhadores. O pedido ocorreu no mesmo dia em que o ministro do STF Teori Zavascki
homologou a delação premiada feita pelo senador sul-matogrossense dentro da
Operação Lava Jato.
As mudanças partidárias no Senado prejudicaram o PDT, partido que mais sofreu perdas. Além de Perrela, os senadores do Distrito Federal Cristovam Buarque e Reguffe anunciaram a desfiliação em fevereiro. O primeiro migrou para o PPS e é
cotado para disputar a Presidência da República em 2018, enquanto Reguffe adiantou que pretende ficar um ano sem vínculo com nenhuma legenda.
Veja a lista dos senadores que trocaram de partidos nos últimos seis meses:
SENADOR |
UF |
ORIGEM |
DESTINO |
Alvaro Dias |
PR |
PSDB |
PV |
Cristovam Buarque |
DF |
PDT |
PPS |
Fernando Collor |
AL |
PTB |
PTC |
Cristovam Buarque |
DF |
PMB |
PMDB |
Delcídio do Amaral |
MS |
PT |
s/partido |
José Medeiros |
MT |
PPS |
PSD |
Randolfe Rodrigues |
AP |
Psol |
Rede |
Reguffe |
DF |
PDT |
s/partido |
Ricardo Ferraço |
ES |
PMDB |
PSDB |
Wilder Moraes |
GO |
DEM |
PP |
Zezé Perrela |
MG |
PDT |
PTB |
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