[caption id="attachment_82293" align="alignleft" width="319" caption="Os advogados dos réus ligados a Marcos Valério procuraram eximir seus clientes de qualquer responsabilidade pelos pagamentos feitos aos partidos políticos"]

[fotografo]Carlos Humberto/STF[/fotografo][/caption]Simone Vasconcellos era funcionária contratada da SMP&B, com carteira assinada, e apenas cumpria ordens de Marcos Valério. Esta foi a linha de defesa apresentada nesta terça-feira pelo advogado Leonardo Isaac Yarochewski, responsável pela ex-gerente da agência de publicidade acusada de abastecer o suposto esquema de compra de votos da base aliada do governo Lula, o mensalão. "Simone estava cumprindo ordens. Era isso que ela fazia, nada mais", afirmou.
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Durante os 60 minutos usados para a sustentação oral, ele defendeu que sua cliente fez os saques na agência do Banco Rural, em Brasília, por ordens de Marcos Valério. Para Yarochewski, Simone agiu para preservar seu emprego. "Ela não tinha autonomia financeira nem poder de mando", disse. Na acusação feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Simone responde pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.
Segundo o defensor de Simone Vasconcellos, os saques e o uso de dinheiro são corriqueiros em agências de publicidade. "Vários clientes pedem para receber em dinheiro, especialmente quando sabem que são contratados por agência", disse. Por isso, acrescentou o advogado, ela retirava os valores e repassava para quem era indicado por Marcos Valério. Em uma das oportunidades, ela usou um carro-forte para transportar o dinheiro. "Não vejo problema nenhum nisso, muita gente usa isso com valores altos", afirmou.
A ex-diretora financeira de uma das agências de Marcos Valério é acusada de ter enviado dinheiro para o exterior como pagamento para o publicitário Duda Mendonça e de ter executado "materialmente o processo de entrega das propinas" aos parlamentares. Segundo o advogado, ela não conhecia a composição partidária da base governista. Tanto que, disse Yarochewski, "muitas pessoas ela ficou sabendo quem era pela descrição de roupas".
Após o encerramento da sustentação oral de Yarochewski, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, suspendeu a sessão por 30 minutos. Ainda hoje serão ouvidos os defensores de Geiza Dias dos Santos e Kátia Rabello. A ministra Cármen Lúcia, por causa de compromissos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não vai participar do resto da sessão. Ela informou que solicitou as gravações para ver as sustentações "na primeira hora do dia de amanhã".