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Congresso em Foco
08/11/2013 | Atualizado às 09h24
"Não vou aguentar mais", afirmou Sarah na noite de quinta-feira (7). De acordo com auditoria do TCU, em 2009, ela tinha o terceiro maior salário do Senado. Entre julho de 2010 e junho de 2011, obteve R$ 765 mil brutos, como revelou a Revista Congresso em Foco. O segundo maior contracheque era do ex-diretor-geral Manoel Vilela, aposentado em 2010.
Ela se aposentou pelo Senado anos atrás. Depois, voltou com um cargo comissionado. Até então, acumulava os dois salários. Desde o mês passado, por ordem do tribunal, Sarah passou a receber somente a remuneração original, que não ultrapassa os R$ 28 mil brutos permitidos por lei. "Desde a Constituição de 1988, tem esse princípio do teto. O TCU recebe relatório do Senado todo ano. Por que esperaram 30 anos? Para dizer: agora não pode vai ter que devolver dinheiro. Por que a diretoria do Senado não verificou que estava fazendo a mais? Todo mundo ficou calado? Por que só agora vão fazer isso?", criticou.
A servidora é contra a determinação do tribunal que ainda mandou tomar de volta tudo o que foi pago ilegalmente nos últimos cinco anos. "Como é que vai devolver dinheiro? Aí, se a gente trabalhou, é trabalho escravo?", protesta. "Trabalhamos 30 anos pra devolver cinco anos que a gente recebeu como trabalho escravo?"
Sarah diz que, do jeito que está, não é possível ficar. Ela vai ganhar o mesmo do que se estivesse aposentada, sem direito ao cargo comissionado que recebia, para não exceder ao teto de R$ 28 mil brutos. "Tira dinheiro que a gente estava recebendo porque estava trabalhando. Quer dizer: então, a gente trabalha de graça? A troco de quê?", critica.
Desencanto
Chateada com a imprensa e com o Senado, Sarah pede desculpas pelo "desabafo". "Estou desencantada. Eu trabalhei muito no Senado. Assessorei o [senador] Pedro Aleixo e nunca recebi um salário a mais", diz. Ela admite que tinha um bom salário, mas afirma que sempre trabalhou muito, até de madrugada, de maneira compatível com seus rendimentos.
Sarah diz que a forma como as notícias são publicadas pela imprensa constrange servidores como ela. Ela reclama que os jornalistas não revelam que seu salário líquido é menor que o bruto. O site e a revista Congresso em Foco mostraram seus rendimentos totais e líquidos. "Fica parecendo que a gente está fazendo coisa errada. Não é isso não. Vocês jornalistas... todo mundo só quer ver é coisa errada. Não quero nem ver o que você vai escrever amanhã."Após corte, donos de supersalários se aposentam
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