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Guerra Israel-Palestina
Congresso em Foco
09/10/2023 | Atualizado às 14h09
Consequências políticasEm um mandato marcado pelo isolamento em relação aos setores moderados e progressistas no parlamento israelense e pela dependência no apoio de grupos fundamentalistas, Netanyahu já enfrentava dificuldades antes da guerra para preservar a força de sua posição como primeiro-ministro. Karina Calandrin antecipa que essa dificuldade tende a se agravar, mas não deve evoluir, no curto prazo, para medidas extremas. "Os partidos que estão hoje com ele no governo são os de extrema-direita, os mais ortodoxos. Eu não vejo agora uma perda de maioria, mas ele vai sofrer muita pressão e muito escrutínio, podendo perder ainda mais popularidade. Com isso, podem ser desencadeados outros efeitos, que no futuro podem resultar em uma moção de desconfiança na Knesset [parlamento israense]". A moção de desconfiança, ou moção de censura, é um instrumento utilizado por blocos de oposição em sistemas parlamentaristas para manifestar oficialmente a insatisfação do Legislativo em relação ao primeiro-ministro. Se aprovada, o governo é obrigado a apresentar soluções para recuperar sua maioria, podendo inclusive indicar um outro nome para assumir a liderança. Caso não consiga alcançar o consenso, novas eleições são convocadas para o parlamento. Apesar da possibilidade de apresentação da moção de desconfiança por parte de seus opositores, o que enfraqueceria ainda mais a força política de Netanyahu, a professora de relações internacionais pondera que esta dificilmente seria capaz de derrubar de vez o seu governo, resultando em um impacto muito mais simbólico do que material.
Reforma judicial enterradaAntes da guerra contra o Hamas começar, a principal preocupação de Netanyahu na política interna israelense dizia respeito à sua proposta de reforma do Poder Judiciário. Apesar de aprovada na Knesset, a nova lei enfrentava e enfrenta dura oposição popular, o que deu início a uma onda generalizada de protestos ao redor do país desde o início do segundo semestre de 2023. O principal ponto da reforma é o enfraquecimento da Suprema Corte de Israel, principal freio para as decisões de seu governo. A proposta, aprovada mesmo com boicote da oposição, prevê a retirada do judiciário do poder de revogação de decisões irracionais por parte do Executivo, considerado um dos principais contrapesos à autoridade de quem estiver ocupando o cargo de primeiro-ministro. "Essa lei representa a possibilidade do fim da democracia israelense. Agora essa reforma não vai acontecer, a discussão não será prolongada. Agora, quando chegar o fim da guerra, se esse tema ressurgir, será uma pauta com um fôlego muito menor graças ao conflito, que está enfraquecendo muito o Netanyahu", ressaltou Karina. Apesar do enfraquecimento no curto prazo, Karina alerta que é difícil prever como a guerra pode afetar Netanyahu ao longo dos próximos anos. O conflito abalou duramente sua popularidade, mas seu atual mandato recém começou, contando ainda com três anos de governo até a próxima eleição. Se fosse repetido no atual momento, porém, ela não tem dúvida de que o pleito entregaria um resultado desfavorável ao primeiro-ministro.
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