Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
10/11/2009 18:26
Fábio Góis
Em solenidade do Congresso encerrada há pouco, o presidente de Israel, Shimon Peres, exortou o Brasil e a comunidade internacional a lutar pela paz, e disse que ele e o presidente Lula tiveram o mesmo "berço socialista". Prestigiado por quase todos os 81 senadores e diversos deputados, Shimon defendeu a existência de Estados soberanos no Oriente Médio - referência à questão da Palestina, nação arquiinimiga de Israel - e disse contar com a ajuda do governo brasileiro no desenvolvimento de seu país.
Em analogia ao clássico da literatura Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, Shimon fez menção "ao longo caminho de cem anos de amizade" que teria sido escrito por Lula. "A meu ver, esta é uma liderança que desperta inspiração no Brasil e no exterior. Ele [Lula] transforma o futuro e o presente. O presidente Lula e eu viemos do mesmo berço socialista, que odeia a diferença e ama a igualdade", disse Shimon Peres, que mobilizou um forte de esquema de segurança no Congresso e na Esplanada dos Ministérios.
Com referência às "conquistas" do programa Bolsa Família e dizendo que a educação brasileira está "no topo das prioridades nacionais", assim como em Israel, Shimon disse que a "educação é a guerra contra a cegueira". "O que continua mudando a história é a capacidade de visão do homem", declarou.
Segundo o presidente, na época do "patriarca Abraão", não havia microscópios nem telescópios, muito menos internet, mas mesmo com a tecnologia disponível hoje, não se consegue ver "toda a distância" entre as nações. Shimon disse que seu país "olha para cima, para a ciência", e avança em terrenos como agricultura e pesquisa espacial.
"Hoje, Israel se dedica a desenvolvimento e pesquisa de seis indústrias novas de que o mundo necessita", disse o presidente israelense, citando atividades como energia renovável, "em que o Brasil é expert"; biotecnologia, indústria espacial e logística antiterrotismo. "Vamos ficar muito contentes em abranger mais cooperação com o Brasil."
"O Brasil é rico em recursos naturais e agora produz o recurso mais importante de todos: o humano", disse Shimon, recorrendo ao bom-humor para exaltar um dos principais "produtos de exportação" brasileiros. "O futebol não é só um jogo, é uma língua amistosa entre povos e posições sociais. Em Israel, nós sonhamos empatar com qualquer time de futebol do Brasil. Fazer o quê?", resignou-se o presidente israelense.
Irã
No ponto do discurso em que fala sobre a paz entre os povos, Shimon dirigiu suas críticas ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, reeleito recentemente em pleito marcado por suspeitas de irregularidade. "Não quero discutir sobre o Irã aqui no território brasileiro, mas falarei apenas sobre o aspecto referente a Israel", disse, ressalvando que, historicamente, o povo iraniano não é inimigo do israelense. "Mas não posso ignorar esse governo que está desenvolvendo armas nucleares e quer destruir Israel."
Considerado o principal adversário de Israel, Ahmadinejad chegou a dizer que o holocausto, que dizimou milhões de judeus no século passado, é uma invenção, e que Israel já deveria ter sido varrido do mapa.
Para Shimon, o atual do governo do Irã é "contra o direito de viver". "O governo iraniano é contra o tratado da ONU, é contra o direito de viver. Está treinando tropas com o apoio do Hamas [grupo fundamentalista palestino]", acusou o presidente, para quem a voz "clara e impositiva" do Brasil contra o terror e os conflitos entre Isarel e Palestina "ecoa fortemente" em todo o mundo.
Loas
Depois de ter sido aberta pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a sessão teve continuidade com o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) e o senador Fernando Collor (PTB-AL). Seguidor do sionismo (ideologia judaica), Itagiba fez menção aos antepassados e se referiu a Shimon como "macabeu da paz" - termo bíblico que significa "designado de Deus". "Shimon Peres, em sua longa experiência política, ocupou inúmeras posições de grande relevância. (...) Excelentíssimo senhor presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, a sua presença em nosso território é muito bem-vinda", declarou Itagiba.
Orador da cerimônia, Collor também reforçou os elogios ao presidente israelense ao ressaltar pontos de sua biografia, tratando-o como "parlamentar atuante, visionário e de perfil conciliador" e destacando seu papel como presidente do Partido Trabalhista Israelense. "O seu empenho nessas negociações, senhor presidente, o levou a ser agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1994. Hoje, tem-se empenhado pessoalmente em ações de promoção da ordem democrática e de cultura da paz em Israel", discursou Collor.
Ao final de seu discurso, Shimon foi aplaudido de pé, e recebeu elogios do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que o classificou como "um estadista que consegue compreender que o mundo é multifacetado". "Vossa excelência é capaz disso. Percebo que Vossa Excelência, ao falar no Parlamento brasileiro, não fala apenas a nós, mas ao mundo, para que os árabes e aos habitantes de Israel entendam que todo e qualquer radicalismo deve ser contido", disse o deputado.
Depois de Temer, Sarney também usou a palavra para elogiar Shimon, mencionando o Prêmio Nobel da Paz por ele recebido e dizendo ser este "um dia histórico para o Congresso Nacional". "Saúdo sua visita. É uma distinção que muito nos honra", disse o peemedebista, lembrando os papéis de "escritor, político e intelectual" "uma das personalidades mais importantes do século 20".
"O país de que vossa excelência é um dos fundadores é um grande país", finalizou Sarney.
Participaram da sessão solene o embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, e o chefe da representação diplomática brasileira naquele país, Pedro Motta Pinto Coelho. Também compareceram ao Senado deputados como o corregedor e o segundo-secretário da Câmara, respectivamente ACM Neto (DEM-BA) e Inocêncio Oliveira (PR-PE), Paulo Bornhausen (DEM-SC) e Eduardo Valverde (PT-RO).
Temas
REDES SOCIAIS
Ex-presidente preso
Collor sorri em audiência de custódia e diz que prisão foi regular