O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve refugiado na Embaixada da Hungria entre 12 e 14 de fevereiro, logo após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, da PF.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O então presidente
Jair Bolsonaro (PL) teve atuação direta no suposto planejamento de um golpe de Estado, segundo as investigações da Polícia Federal. A corporação indica que o conteúdo da minuta de golpe apresentada aos comandantes das Forças Armadas foi definido pelo então chefe do Executivo.
Inicialmente a minuta foi apresentada por
Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro. O texto previa a
prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Congresso, senador
Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Mas Bolsonaro pediu alterações e a versão final manteve somente a prisão de Alexandre.
"O enta~o Presidente JAIR BOLSONARO teria solicitado a
Filipe Martins que fizesse alterac¸o~es na minuta, tendo o mesmo retornado alguns dias depois ao Pala´cio do Alvorada e alterado o documento conforme solicitado", diz manifestação da PF citada por Moraes em decisão que autorizou a operação desta quinta-feira (8). "Apo´s a apresentac¸a~o da nova minuta modificada, JAIR BOLSONARO teria concordado com os termos ajustados e convocado uma reunia~o com os Comandantes das Forc¸as Militares para apresentar a minuta e pressiona´-los a aderirem ao Golpe de Estado."
A prisão de Alexandre de Moraes seria para "restringir a atuação do Poder Judiciário". O ministro do STF também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A minuta também incluía a intenção de chamar novas eleições, com a alegação de fraude no processo eleitoral.
De acordo com as investigações, o núcleo do governo Bolsonaro atuou no "planejamento e execução de atos tendentes à subversão do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe Militar" para "impedir a posse do Presidente legitimamente eleito [Lula]".
Bolsonaro foi proibido de manter contato com outros investigados e de sair do país, tendo que entregar seu passaporte no prazo de 24 horas.
Operação da PF
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção no poder do então presidente Jair Bolsonaro. É a operação da PF sobre a tentativa de golpe que mais se aproxima da cúpula política do antigo governo.
Entre os alvos, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, como os ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.