[caption id="attachment_247727" align="alignright" width="285" caption="Presidente interino da Câmara há mais de um mês, Maranhão ainda não conseguiu conduzir sequer uma votação"]
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[fotografo]Alex Ferreira/Câmara dos Deputados[/fotografo][/caption]O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), tentou emplacar uma votação em plenário e assumiu, nesta quarta-feira (8), a sessão entre as 12h08 e as 13h42, quando a reunião foi encerrada. Recém-chegado de uma viagem ao Chile, onde participou de evento sobre transparência na gestão pública, Maranhão completou um mês à frente do comando da Casa no dia 5 de junho, e até hoje não conseguiu conduzir uma votação até o fim. No início desta tarde, não foi diferente.
Na primeira manifestação aos parlamentares presentes, o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -
afastado em decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) - afirmou que o requerimento de urgência para a análise do projeto de lei (PL 5273/16), de autoria do Executivo, que prevê a criação da Universidade Federal de Rondonópolis a partir do desmembramento de campus da Universidade Federal do Mato Grosso, seria o primeiro a ser apreciado.
Entretanto, o acordo feito entre os líderes partidários ontem (terça, 7) havia determinado a apreciação apenas da proposta de emenda à Constituição (PEC 4/15), que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023. Assim que Maranhão anunciou o requerimento de urgência, deputados passaram a contestar a presença do presidente interino, pedindo urgência para aprovação de projetos de resoluções (PCRs) que declaram vago cargo de presidente da Câmara. Dessa forma, novas eleições para o posto de chefia da Casa seriam validadas.
"Nós estamos propondo um projeto que declara vaga a presidência da Casa, obrigando a realização de novas eleições dentro de cinco sessões. Essa é a vontade política do povo brasileiro, mas não está sendo a vontade política das lideranças em Plenário", criticou Rubens Bueno (PPS-PR), ao cobrar apoio dos demais líderes partidários. O líder do PPS destacou ainda que apenas DEM, PSB, PSDB e Rede já manifestaram apoio à urgência.
"Esse é o caminho legal, da ordem e daqueles que querem restabelecer o mínimo de credibilidade para esta Casa", acrescentou.
Já o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), disse que Maranhão "manchou" a história da Câmara ao assinar a resolução que anulava a sessão de votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff: "Sigo os líderes do DEM e do PPS e solicito aos demais líderes que assinem o requerimento de urgência para o projeto que declara vaga a cadeira de presidente da Câmara", enfatizou.
Pauderney Avelino (AM), líder do DEM na Câmara, também apoiou a obstrução caso Maranhão não deixasse a sessão: "Nós queremos votar a DRU, mas com o Waldir Maranhão não tem condições. Com ele aqui, nós não iremos votar. Nós entendemos que este é um momento grave. Havia um acordo entre o Sr. Waldir Maranhão e outros para que ele ficasse oculto. Hoje ele vem aqui, desafiando aquele acordo que tinha feito com seus parceiros, para presidir. A quem ele está obedecendo aqui e agora, já que não era para estar aqui? Alguém mandou ele vir presidir a sessão para tumultuar o processo de votação da DRU", avaliou.
O contraponto foi do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que questionou a posição dos parlamentares que pediam a cassação de Maranhão. De acordo com ele, a tentativa de afastar o parlamentar da presidência da Casa tem objetivo de salvar Eduardo Cunha da cassação.
"O acordão que colocou Eduardo Cunha na Presidência desestabilizou a democracia brasileira. O pilar fundamental a ser consertado é cassar Eduardo Cunha. Não venham usar o deputado Maranhão de bode expiatório. Ninguém aqui é criança. Será que eles acham que o povo não entendeu que o governo Michel Temer está manobrando para salvar Eduardo Cunha?", indagou Henrique Fontana. "Mas o grande movimento de todos esses partidos é cassar Waldir Maranhão? A coragem para vir aqui e dizer 'saia, Eduardo Cunha' eu não vi, porque eles estão agindo em conluio com ele", ironizou.
O presidente interino não respondeu a qualquer acusação durante a sessão plenária, e em seguida deixou o plenário sem reclamar com os colegas.
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