[caption id="attachment_56211" align="alignleft" width="319" caption="Lupi não resistiu à recomendação feita pela Comissão de Ética Pública para que Dilma o exonerasse - Marcelo Casal/ABr"]
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Após reunião no início da noite deste domingo (4) com a presidenta Dilma Rousseff, Carlos Lupi pediu demissão do cargo de ministro do Trabalho. Ele não resistiu a uma série de denúncias contra ele e contra a pasta nos últimos meses. Também pesou na decisão a recomendação da Comissão de Ética Pública para sua exoneração. "Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do governo", disse Lupi em nota. Assume de forma interina o secretário-executivo Paulo Pinto.
Na nota publicada no
Blog do Trabalho, ele afirmou ter sido alvo de uma "perseguição política e pessoal da mídia" nos últimos dois meses. O pedetista questionou também a recomendação da Comissão de Ética Pública. Lupi disse ter sido "condenado sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa". "Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence", disse.
Ele é o sétimo ministro a não completar o primeiro ano do mandato da presidenta Dilma. Antes dele, já deixaram o cargo: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e
Orlando Silva (Esportes). Com exceção de Nelson Jobim, todos os outros pediram demissão após suspeitas de irregularidades nas suas pastas e na conduta política.
De acordo com o jornal
Folha de S. Paulo, Lupi ocupou simultaneamente, por quase cinco anos, dois cargos de assessor parlamentar em órgãos públicos distintos, a Câmara dos Deputados, em Brasília, e a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A "acumulação remunerada de cargos públicos" é proibida pela Constituição e pode levar a ações judiciais por improbidade administrativa e peculato, com cobrança da devolução dos recursos recebidos de maneira irregular.
Na quarta-feira (30),
a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendou à presidenta Dilma Rousseff a exoneração do ministro do Trabalho por conta das recentes acusações de desvio de verba pública e cobrança de propina feitas em sua pasta. Trata-se de uma sugestão. O procedimento de apuração foi aberto no início do mês e a decisão foi anunciada pelo presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, que considerou as explicações de Lupi ao Congresso e à própria comissão como "inconvenientes a um ministro".
Reportagem publicada no fim de semana passado pela revista Veja mostra que um sindicalista ligado ao PT, segundo a revista, denunciou há nove meses ao Palácio do Planalto que assessores do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pediam propina em troca da liberação de registro sindical. Mas nada foi feito.
De acordo com a matéria, o mecânico Irmar Silva Batista tentava criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sirvesp) em 2008. Na ocasião, relata a revista, o então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, o apresentou a um assessor, Eudes Carneiro, que lhe pediu R$ 1 milhão para liberar o registro. Irmar se recusou a pagar e o registro não saiu até hoje.
Leia a íntegra da nota:
"Tendo em vista a perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulgação do parecer da Comissão de Ética da Presidência da República - que também me condenou sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa - decidi pedir demissão do cargo que ocupo, em caráter irrevogável.
Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo.
Foram praticamente cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, milhões de empregos gerados, reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.
Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence.
Carlos Lupi
Ministro do Trabalho e Emprego"
Nota atualizada às 20h27