[caption id="attachment_82822" align="alignright" width="319" caption="Para o advogado de Roberto Jefferson, peça acusatória é falha ao ter preservado Lula"]

[fotografo]Carlos Humberto/STF[/fotografo][/caption]Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, responsabilizou o ex-presidente Lula pela origem do esquema de compra de votos da base aliada entre 2003 e 2004. Em sustentação oral realizada nesta segunda-feira (13), ele criticou a ausência do petista na acusação feita pela Procuradoria-Geral da República. "É safo, é
doutor honoris causa justamente. [Lula] não só sabia como ordenou tudo isso", disparou o advogado de Roberto Jefferson.
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Foi o próprio Jefferson quem denunciou a existência de um suposto esquema para a compra de votos. Em entrevista ao
jornal Folha de S. Paulo, o presidente do PTB usou o termo usado anteriormente em reportagem do
Jornal do Brasil, que atribuía a denúncia ao ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira (Miro nega ter sido a fonte do jornal). De acordo com Barbosa, a denúncia só ocorreu porque o governo não tomou nenhuma atitude para evitar o mensalão.
Na sustentação oral, o advogado do presidente do PTB diz que o partido fez um acordo com o PT pensando nas eleições municipais de 2004. De um total de R$ 20 milhões prometidos, somente R$ 4 milhões foram pagos, em dinheiro. "Na época, o PT era uma vestal. Não tinha como desconfiar que o dinheiro era ilícito", disse Barbosa. Como a PGR não provou a origem ilegal do dinheiro, na visão dele, não é possível acusar Jefferson de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Para Barbosa, somente Lula tinha legitimidade para avalizar os acordos. Mesmo que José Dirceu, então ministro da Casa Civil, fizesse as articulações, era o presidente da República quem mandava. O advogado disse que o presidente do PTB avisou Lula sobre mensalão e que o presidente "chegou a lacrimejar". Até por ter conversado com Lula duas vezes, ele acredita que o petista só não saberia do mensalão se "fosse um pateta, um deficiente", já que "acontecia sob suas barbas".
Consignado
Durante a sustentação oral, Barbosa criticou a postura do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Disse que o chefe do Ministério Público Federal "não fez seu trabalho". Ao qualificar o processo como um "farelo de provas", disse que o PGR está jogando para o STF "contra a galera". "O PGR quer jogar a galera contra o tribunal. Se o tribunal não condenar, digam ao povo que foi porque o procurador não fez o seu trabalho", disparou.
Ele lembrou de dois fatos para contestar a atuação do PGR em não denunciar Lula. Primeiro, citou uma
ação civil pública enfrentada por Lula e pelo ex-ministro da Previdência, Amir Lando, por supostamente gastarem R$ 9,5 milhões com promoção pessoal e favorecimento ao Banco BMG, um dos envolvidos no caso do mensalão. Também ressaltou pedido do
procurador da República no Rio Grande do Sul Manuel Pastana pedindo a responsabilização de Lula pelo esquema.
Roberto Jefferson é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 4 milhões das empresas do empresário Marcos Valério, ex-sócio das agências de publicidade SMP&B e DNA. Hoje é o oitavo dia de julgamento do mensalão no STF, sexto seguido de sustentações orais das defesas. A expectativa é que na quarta-feira (15) o relator da ação penal, Joaquim Barbosa, comece a ler seu voto. Isso deve durar entre três e quatro sessões.
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