[caption id="attachment_104546" align="alignleft" width="286" caption="Moreira Franco vai da Secretaria de Assuntos Estratégicos para a Secretaria de Aviação Civil"]
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[fotografo]Elza Fiúza/ABr[/fotografo][/caption]Depois de reuniões por todo o dia no Palácio do Planalto, a presidenta
Dilma Rousseff começou a executar a reforma ministerial vista como estratégica no ano que antecede a corrida presidencial de 2014. Ficou definido que o Ministério da Agricultura continua com o PMDB, mas agora sob o comando do deputado federal
Antonio Andrade (MG), presidente da executiva estadual do partido, no lugar de Mendes Ribeiro, que deve reassumir o mandato na Câmara.
Para manter nas mãos do PMDB o comando dessa e de outras pastas - e, no contexto mais amplo, a aliança com o PT em plano nacional -, o vice-presidente da República, Michel Temer, principal líder do partido, reuniu-se com Dilma nesta sexta-feira. No transcorrer da semana, os presidentes do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também se movimentaram nesse sentido. Reuniões estão em curso no Planalto, mas pendências indicam que podem continuar na próxima semana.
Também ficou definido que o atual ministro de Assuntos Estratégicos, o peemedebista e ex-governador do Rio de Janeiro (1987-1990) Moreira Franco, passa a chefiar a Secretaria de Aviação Civil, pasta que estava ocupada por Wagner Bittencourt, técnico do setor sem filiação partidária. Assim, o PMDB ganha mais um ministério, uma das formas encontradas pelo governo para fidelizar o apoio do partido para a disputa eleitoral de 2014 - decretada a vacância na pasta de Assuntos Estratégicos, Dilma a ofereceu a Mendes Ribeiro, que recusou a oportunidade e também deve retornar à Câmara. Cabe agora ao PMDB indicar um de seus nomes de confiança. Lideranças da sigla ainda não decidiram quem vai substituir o interino no ministério, o secretário-executivo Roger Leal.
O Planalto fez ainda um movimento de reaproximação com PDT, que comanda o Ministério do Trabalho. A presidenta vai nomear o secretário-geral e um dos fundadores da legenda, Manoel Dias, no lugar do deputado fluminense Brizola Neto. A relação entre o partido e a presidenta estremeceu depois de demissão, em 2011, do então titular da pasta, o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, exonerado depois de denúncias de envolvimento em "malfeitos" intoleráveis por Dilma.
A posse dos três ministros está prevista para as 10h deste sábado. Mas a própria presidenta Dilma não acompanhará as solenidades, uma vez que vai viajar a Roma para participar, na próxima terça-feira (19), da missa inaugural do pontificado do Papa Francisco, escolhido em
conclave encerrado na última quarta-feira (13). A informação consta da
nota à imprensa divulgada pela Presidência da República.
Base móvel
Dois dos mais rebeldes partidos da base aliada, PR e PSD, ainda esperam conquistar seus respectivos quinhões na Esplanada dos Ministérios. No caso do PR, reconquistar: depois da demissão, em 2011, do senador Alfredo Nascimento (AM), o partido quer continuar à frente do Ministério dos Transportes, onde não se sente representado pelo ex-secretário-executivo, Paulo Sérgio Passos, que é filiado à legenda e foi efetivado na função depois de um período de interinidade em meio à crise na pasta.
Tanto o PR quanto o PSD, recentemente alinhado ao governo Dilma, podem vir a ocupar o Ministério do Desenvolvimento Econômico, hoje ocupado por Fernando Pimentel. Como Lupi e Alfredo Nascimento, ele também foi alvo de denúncias de corrupção, mas Dilma o blindou e o manteve em suas funções. Por enquanto, a situação de Pimentel não muda.
Em relação ao PSD, liderado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, há uma questão curiosa. Dilma pode oferecer a recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa a Guilherme Afif Domingos, correligionário de Kassab, mas avisada de que o partido não pleiteou o espaço. O próprio Kassab, presidente do PSD, disse a Dilma que o partido criado em 2011 não comporia a base aliado do governo até 2014 - quando se espera a reeleição da petista -, de forma que não haveria sentido pleitear espaço na equipe ministerial. Nesse sentido, Afif estaria na cota pessoal da presidenta, mas não como uma conta já paga pelo Planalto ao PSD.
A conta do PSD ainda estaria por vir, segundo esse raciocínio. Sem se contentar com uma pasta considerada periférica, Kassab poderia depois, principalmente às vésperas da campanha eleitoral de 2014, condicionar o apoio a Dilma ao atendimento de uma demanda mais expressiva. Em nome da "coerência" de só apoiar um governo em cuja campanha tenha trabalhado como aliado, Kassab pode valorizar mais à frente o apoio da quarta maior bancada no Congresso (49 deputados e dois senadores).
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