[caption id="attachment_145231" align="alignright" width="400" caption="Saraiva Felipe: "Acho difícil manter uma aliança nacional sem apoio nos estados. O descontentamento existe. O Eduardo Cunha tem razão" "]
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[fotografo]Divulgação[/fotografo][/caption]A crise entre PT e PMDB está próxima de resultar no rompimento da aliança que elegeu Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) em 2010, segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula e presidente interino do PMDB de Minas, o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG). Saraiva disse ao
Congresso em Foco que as críticas do líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), aos petistas refletem o sentimento geral do partido.
O ex-ministro do ex-presidente Lula vê risco de rompimento da parceria e defende a antecipação da convenção que decidirá o futuro do partido nas eleições presidenciais. Para ele, em pelo menos 17 estados o PMDB terá candidato próprio a governador ou apoiará adversários dos petistas nas eleições deste ano.
"Eu acho difícil manter uma aliança nacional sem apoio nos estados. O descontentamento existe. O Eduardo Cunha tem razão", afirmou o deputado mineiro em entrevista ao
site na tarde de ontem.
Nos últimos dois dias, Eduardo Cunha
publicou mensagens no Twitter em que defende a antecipação da convenção da sigla, marcada para junho, para "rediscutir a aliança com o PT". Grande parte dos parlamentares apoia a sugestão. A convenção pode acontecer na primeira quinzena de abril, dois meses antes da data inicial prevista.
O PMDB é o principal aliado de Dilma Rousseff e a segunda maior bancada na Câmara. O governo depende da boa vontade do partido para aprovar propostas de seu interesse. A rebelião na esfera nacional começou depois que o governo anunciou corte de dinheiro para emendas parlamentares.
Os peemedebistas acusam o PT de tentar dominar candidaturas nos estados para eleger mais deputados federais e enfraquecer a dependência em relação ao PMDB nas principais votações no Congresso Nacional.
Parte da bancada do PMDB de Minas Gerais defende apoio ao senador
Aécio Neves (PSDB), ex-governador do estado, na corrida à Presidência. Na convenção, o partido vai discutir se retira o apoio a Dilma Rousseff nas eleições e se lança candidatos próprios nos estados. "O PT quer adiar a convenção até junho, deixar para resolver as coisas em cima da hora. A gente quer definir logo", diz Saraiva.
Em Minas Gerais, o pré-candidato do PMDB é o senador Clésio Andrade - ex-vice-governador de Aécio e candidato a vice na chapa derrotada que formou com Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Naquela eleição, formou-se o embrião do
mensalão mineiro, segundo a Procuradoria-Geral da República, o que faz o senador responder uma ação criminal no Supremo Tribunal Federal.
Em uma reunião no interior de Minas, no mês passado, Saraiva Felipe chegou a defender candidatura própria do partido em todo o país. "O PMDB tem de ser o porta-voz de tudo aquilo que as ruas e as manifestações reclamam", afirmou o deputado em sua página na internet. "Estamos na luta para fortalecer as nossas bases. E o objetivo é fazer isso em todos os estados do país, lançando candidatura própria, programas, participação, integração com os movimentos sociais."
Michel Temer
Há duas semanas, a bancada mineira se reuniu com o vice-presidente da República, Michel Temer, para falar da insatisfação. Como resposta, o presidente licenciado do partido disse que conversaria com a presidenta Dilma Rousseff e com o presidente do PT,
Rui Falcão, mas ainda não deu retorno aos parlamentares.
Os peemedebistas também reclamam de Temer. "A gente pensou que o Temer seria um interlocutor do partido com a Presidência, mas a gente não tem solução de nada", afirmou Saraiva Felipe.
Crise PT x PMDB
A crise política entre os dois partidos se acentuou há duas semanas, quando a equipe econômica do governo anunciou corte orçamentário de 25% das emendas parlamentares. As emendas são recursos destinados por senadores e deputados para suas bases eleitorais.
Depois do corte, deputados da base aliada e da oposição, liderados pelo PMDB, formaram um "blocão" para pressionar o governo pela liberação de verbas.
A irritação é maior porque este é o primeiro ano de vigência do orçamento impositivo, lei que obriga o Executivo a cumprir o envio de verbas para os locais sugeridos pelos parlamentares. Deputados ameaçam dificultar votações de interesse do governo.
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