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Congresso em Foco
11/04/2018 | Atualizado às 17h46
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Parece óbvio que numa democracia, para conquistar poder político, é necessário se fazer eleito pelo povo. Não obstante, a cada eleição, a escolha livre e informada - um dos pilares democráticos - raramente está presente nos votos de milhões de brasileiros. Um dos motivos para a repetição interminável do fenômeno é nossa predileção pelas aparências. Um sistema que garanta espaço para que cidadãos manifestem suas preferências, mesmo baseado em informações assimétricas, corrupto e pouco representativo, ainda mantém sua forma. Nossos poderes e demais formadores de opinião acham suficiente, pois priorizam a ufania do período eleitoral, a 'festa da democracia'. São assim nossas eleições, cheias de pompa e graça, mas vazias de conteúdo. Mas o que deu errado nesses últimos 30 anos? De que forma PSDB e PT, os partidos que pretendiam transformar o Brasil depois de 1988 e lutaram heroicamente para conseguir se estabelecer como alternativa, atuariam se chegassem ao poder? Diante de tantas dificuldades para ganhar voz e após sacrifícios para modular discursos e vencer preconceitos, será que a nova política representada por eles nos entregaria mais democracia, gerando espaços informados de decisão pública e promovendo a renovação política por meio da formação de novas lideranças? A resposta já sabemos de alguma forma. E mesmo que faltem muitas variáveis a essa equação, é indesculpável não termos nada além do que observamos na superfície polarizada do espectro político-ideológico. Se as conquistas são inegáveis e ajudaram o país a dar passos consideráveis na direção certa, a sustentabilidade dessas políticas está baseada na permanência dessas estruturas no poder. Quando elas enfraquecem, todo o acúmulo pode simplesmente se perder e termos que começar tudo de novo. O custo da não institucionalização da política é alto demais para o país. Um diagnóstico provável é que em vez de soluções, petistas e tucanos tenham lançado mão de produtos mais atrativos para conquistar o eleitorado: ideologias 'fechadas', inegociáveis tanto para a intelectualidade progressista quanto conservadora. No dia a dia, porém, governaram conforme as circunstâncias. E o fizeram de forma parecida. Daqui a cem anos, os 'livros' possivelmente tratarão esse período da história do Brasil como um processo contínuo e inescapável de desenvolvimento, sem distinguir cores partidárias: redemocratização, ajuste fiscal, crescimento econômico, políticas sociais. Se, em 2018, teremos novamente a 'festa da democracia', resta a lição de que incitar pessoas a adotarem campos políticos como inimigos mortais pode consolidar posições particulares por décadas, mas não permite a construção de uma nação.***
Se notou a falta do P(MDB) nessa história, não perca o próximo capítulo da série. Do mesmo autor:<< Lula deve ser julgado como qualquer outro brasileiro << As Marielles, os senhores da guerra e o país entre a humanização e a barbárie
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