Planilha apreendida pela Polícia Federal no computador do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa mostra indícios de que ele firmou contrato para prestar consultoria para o Grupo J&F, controlador do frigorífico Friboi (JBS) e maior doador para campanhas eleitorais neste ano. O documento integra os autos de um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que desbaratou em março do ano passado um bilionário esquema de desvio de dinheiro público. Além dessa planilha, foram encontradas na agenda de Paulo Roberto anotações com detalhes sobre a divisão dos valores recebidos da J&F, com indicações de que parte do dinheiro seria devolvido ao grupo.
O controlador da Friboi nega qualquer contrato ou repasse de recursos para o ex-diretor da Petrobras, que colabora com as investigações em esquema de delação premiada, para abrandar sua provável condenação judicial. Segundo reportagem do jornal
O Estado de S. Paulo, no entanto, a suspeita da PF é de que o grupo empresarial participou do esquema que abasteceu o caixa 2 de campanhas nos últimos dez anos.
A única informação que ligava a J&F ao esquema de corrupção era a de que, no final de 2012, Paulo Roberto procurou o grupo para lhe sugerir a compra da Astromarítima, empresa que aluga embarcações para exploração de petróleo. Quando essa negociação foi noticiada, em abril de 2014, a J&F disse que o a aquisição não foi adiante. O ex-diretor, que atuava como consultor da Astromarítima, receberia 5% de comissão caso o negócio houvesse prosperado.
Ainda segundo o
Estadão, a planilha em poder dos investigadores mostra 81 contratos firmados com a consultoria Costa Global, de propriedade de Paulo Roberto, além de outros negócios. Com o título "Contratos assinados - Costa Global", o documento reúne oito campos descritivos com os negócios então em curso, com anotações sobre os itens "Nº do contrato", "Empresa", "Pessoa de contato", "Data da assinatura", "Valor mensal", "Validade", "% de sucess fee [a tal comissão por negócio fechado]" e "Status".
Em um dos depoimentos de sua delação premiada, Paulo Roberto confessou que as consultorias contratadas junto à Costa Global eram instrumentos de recebimento de dinheiro não declarado e propina a receber referente ao período em que foi diretor da Petrobras, entre 2004 e 2014. A reportagem lembra ainda que o grupo empresarial, segundo os autos da Lava Jato, já havia feito, por meio da JBS, depósitos de R$ 800 mil em nome de empresa de fachada investigada por envolvimento do esquema de corrupção.
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