[caption id="attachment_181742" align="alignleft" width="285" caption="Contra a parede: Dima entre Henrique Alves (esquerda) e
Renan Calheiros, ambos na "lista negra" da Lava Jato"]

[fotografo]José Cruz/Agência Brasil[/fotografo][/caption]A divulgação, nesta sexta-feira (19), da lista de
28 políticos delatada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos artífices do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato na estatal, vai ter implicação direta na escolha da presidenta Dilma Rousseff para a composição de sua equipe ministerial para o segundo mandato. Segundo o jornal
O Estado de S. Paulo, que teve acesso aos nomes, a reformulação que Dilma deve fazer em seus planos tem como exemplo o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), um dos relacionados por Costa e antes cotado para o primeiro escalão do Executivo. Mas o peemedebista - que perdeu a disputa para o Governo do Rio Grande do Norte, em outubro, e encerra uma jornada de 11 mandatos consecutivos na Câmara - deve ser descartado pela presidenta em razão no arranhão em sua imagem.
Um dos próceres do principal partido da base aliada, Henrique Alves era um dos favoritos para o Ministério do Turismo ou para a Secretaria dos Portos. E, embora ainda não esteja formalmente acusado pelo Ministério Público Federal - o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, só em fevereiro oferecerá ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra políticos envolvidos na Lava Jato -, o deputado deve ser preterido por Dilma, que não quer indicar para cargos nomes sobre os quais pesam suspeitas. A expectativa é que Dilma encerre o redesenho da equipe ministerial já em janeiro.
E, como Paulo Roberto Costa informou os nomes dos políticos aos investigadores sob regime de delação premiada, que exige provas para que benefícios como redução de condenações sejam concedidos, Dilma não quer arriscar. Segundo o
Estadão, na avaliação do Planalto, correr esse risco seria levar o escândalo de corrupção na maior estatal do país para dentro do governo. "Em público, a presidente tem dito que é preciso aguardar as provas, mas, na prática, avisou que não vai correr os mesmos riscos de seu primeiro ano de governo, em 2011, quando sete ministros foram abatidos na 'faxina ética', seis deles no rastro das denúncias de corrupção", diz o jornal.
Não bastassem as complicações de aliados com o caso, a presidenta ainda terá de enfrentar a rebeldia de setores da base no Congresso, em especial por parte do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), candidato favorito para presidir a Casa em 2015. Desafeto da presidente a ponto de ter sinalizado apoio a
Aécio Neves (PSDB-MG) na corrida presidencial deste ano, Cunha vai disputar o posto com um correligionário de Dilma, o colega
Arlindo Chinaglia (PT-SP), e com agora oposicionista Júlio Delgado (PSB-MG). Nesse contexto, avalia o
Estadão, os adversários da petista esperam que a Lava Jato "alveje muito aliados até fevereiro".
"Na quarta-feira, a presidente não escondeu os problemas para montar a equipe ao ser questionada pela colega da Argentina, Cristina Kirchner, se anunciaria logo os novos ministros. 'Você não sabe como é difícil no Brasil', desabafou ela. O vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB, deve conversar com Dilma na segunda-feira sobre a composição do Ministério e já marcou uma reunião, no mesmo dia, com a bancada da Câmara. O PMDB quer ampliar o espaço no primeiro escalão, de cinco para seis cadeiras", registra o diário.
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