[caption id="attachment_193794" align="alignleft" width="285" caption=""Vivencio o mais difícil e o pior momento de minha vida política""]
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[fotografo]Gervásio Baptista/Agência Brasil[/fotografo][/caption]A senadora Marta Suplicy (PT-SP) anunciou nesta terça-feira (28) sua saída do Partido dos Trabalhadores, legenda que ajudou a fundar em São Paulo há mais de 30 anos. Ex-ministra do Turismo, no governo Lula, e da Cultura, na gestão Dilma Rousseff, Marta divulgou a decisão por meio de um filme de 43 segundos - curiosamente, o mesmo número de urna do PV, partido que até agora não está em seus planos - veiculado no Youtube e no Facebook.
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Vestida de branco e filmada em primeiro plano (do busto para cima), Marta não se estendeu nas explicações sobre sua decisão - as razões foram explicitadas em carta (veja íntegra abaixo) encaminhada aos correligionários de São Paulo, na qual ela menciona o PT como "protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou". Segundo a senadora, "valores" a levaram a sair do PT.
"Mas o PT acabou se desviado do caminho, se contaminando com o poder. E eu quero dizer para vocês que eu nunca me desviei de meus valores - os valores que meus pais me ensinaram, com que eu criei os meus três filhos. Não me desviei da luta para a justiça social, para a luta de tudo o que eu sempre acreditei", disse Marta, que mais cedo entregou ao diretório municipal do PT paulista a carta de desfiliação.
"É por essas razões que hoje eu deixo o partido. Não para desistir do caminho iniciado há 30 anos, mas exatamente para continuar a segui-lo", acrescentou.
Na carta, Marta Suplicy também relata como está o clima no âmbito de sua bancada no Senado. "Como membro do PT, encontro-me em situação absolutamente constrangedora na bancada e no Plenário do Senado. Tenho me furtado a discursar e emitir minhas opiniões por me negar a defender um partido que não mais me representa, assim como a milhões de brasileiros que nele um dia acreditaram
", registra a senadora
.
Ameaçada de perder o mandato, uma vez que o PT promete recorrer à tese da fidelidade partidária para manter a vaga da senadora, Marta lembrou ter sido eleita com mais de oito milhões de votos e sinaliza que lutará para continuar no Senado. "Serei fiel ao meu mandato e permanecerei depositária dos valores defendidos por aqueles que votaram em mim, hipotecaram sua confiança pessoal, e abraçaram as ideias que defendo desde a época em que me tornei pessoa pública em programa diário de TV onde sempre me pautei por princípios éticos inegociáveis", avisou.
[caption id="attachment_193793" align="alignright" width="350" caption="Mensagem subliminar? Marta levou 43 segundos, número do PSB, para anunciar saída do PT "]

[fotografo]Reprodução/Youtube[/fotografo][/caption]No entanto, são cada vez mais frequentes os rumores de que, ao deixar o PT, Marta mira as eleições municipais de 2016, pleito que deve tê-la como candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB. Também há a possibilidade de a senadora migrar para PDT ou PPS. Hoje (terça, 28), ela reuniu sua equipe de gabinete em Brasília para discutir o assunto.
Desfiliação anunciada
Especulações sobre a saída de Marta Suplicy do PT se intensificaram desde novembro do ano passado, quando ela renunciou ao comando do Ministério da Cultura. Na ocasião, a senadora passou a disparar críticas à gestão de Dilma Rousseff e, em sua
carta de demissão, disse que a pasta tem inúmeras carências.
Dias depois, Marta voltou a atacar o governo e seu próprio partido em entrevista veiculada em 11 de janeiro no jornal
O Estado de S. Paulo. Sem poupar Dilma, a parlamentar - que, em 2014, engrossou as fileiras do movimento "volta, Lula" - declarou que não reconhecia mais o PT. "Ou o PT muda, ou acaba", sentenciou.
No dia seguinte à publicação da entrevista, em 12 de janeiro, Marta
encaminhou à Controladoria-Geral da União documentos que sugerem irregularidades em contratos de R$ 105 milhões firmados pelo ex-ministro Juca Ferreira, que retornava ao comando do Ministério da Cultura naquela segunda-feira (12). Também de acordo com o jornal
O Estado de S.Paulo, as suspeitas recaem sobre a relação do ministério com uma entidade que presta serviços à Cinemateca Brasileira, órgão vinculado à pasta com sede em São Paulo. Juca
reagiu no mesmo dia dizendo que Marta foi melhor prefeita de São Paulo do que ministra da Cultura.
Leia a íntegra da carta em que Marta Suplicy requer desfiliação
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