Em 1988?,? fui eleito vereador pela cidade de Curitiba?. Na época, o que mais me assustou, não em termos de medo? mas em termos ideológicos?,? ?foi o fato de que a ditadura, que nos discursos? já ?parecia terminado, ?ainda ??conservava intactas algumas ?de suas ?pr?á?ticas.
Não ?me refiro exatamente a prática?s? da mídia, porque esta nunca foi democrática, sempre foi e continuar?á? sendo seletiva. São empresas privadas, portanto t?ê?m ?seus próprios ?interesses?, que são? seletivos: só informa?m? o que lhe traz vantagem.
?Da época de vereador me recordo fundamentalmente de duas coisas. Como vereador fiz uma cr?í?tica, através de carta ou telegrama, não lembro (na época se escrevia?m? cartas e telegrama?s?), a Sarney, então ?p?residente, em relação ao extermínio dos índios Yanomamis. Em represália?,? foi aberto um inquérito na Polícia Federal para me intimidar.
Fui ouvido e acabaram arquivando? o inquérito, imagino, pois nunca ma?i?s fui incomodado com este tema.
O segundo fato foi uma carta que recebi do CCC (Comando de Caça aos Comunistas)?,? cerca de um ano após a minha posse. A carta trazia uma ameaça ?à minha vida?. Sim, alguém me ameaçava de morte.
Na atual conjuntura, após um período de ??silêncio?,? as forças ameaçadoras à democracia, à liberdade, à presunção da inocência e ao Estado de Direito voltam a atacar. Atacam, usando as instituições e órgãos do Estado?, como o poder Judiciário, Ministério Público e a Polícia?. Como no passado recente, parte da Polícia Federal atua como polícia política. ?E em conluio com ?um?a mídia golpista.
Só não v??ê quem é analfabeto político. Os golpistas negam, mas fazem ataques diários?. A conta?-?gotas o veneno vai sendo destilado e o ódio?,? implantado.
Esse ódio já fez vítimas. Não preciso listar, basta entrar na rede mundial de computadores que facilmente ?você ?encontrar?á? cidadãos e cidadãs já sofreram agressões físicas por ser negro ou negra, por pensar politicamente diferente ou por professar uma religião distinta da dos agressores.
Se o CCC mandava cartas, hoje os comando da direita (sempre violenta) tê?m outra arma, a internet. Através dela somos xingados e ameaçados fisicamente. Não precisa ir longe para ver isto: basta ler os comentários dos artigos publicados na internet.?
Acredito que alguns sequer leem os artigos, pois mandam sempre o mesmo comentário?,? e cheio de erros de português. Por seus comentários?,? constata?-se? que muitos são analfabetos funciona?is? e? político?s?.?
A internet e a mídia golpista avanç?aram? sobre os petistas?. Do CCC passou-se ao PPA (Polícia Política Antipetista), conforme ?batizou Eduardo Guimarães, no seu Blog da Cidadania.
Tanto ?o ?CCC, como ?a ?PPA existem, entre outras razões, ?pela existência de dois tipos de personagens: aqueles que ideologicamente sabem o que querem, que ?são a minoria, ?e ?sabe?m? onde quer?em? chegar?. E aquele?s?, como chamou Brecht, que ?são analfabeto?s? político?s?, acompanha?m? o que seria o 'senso comum'?,? sem ?um real ?conhecimento da história.
A ditadura militar brasileira controlava tudo: a liberdade, a informação e até a corrupção. Sim, havia corrupção no Brasil e não era pouca, mas não era not?í?cia porque a ditadura não permitia a divulgação. Mas, no caso da Rede Globo?,? nem precisava impedir, ela comia na mão dos militares e?,? depois?,? nas mãos de FHC.
Há os que conhecem a história e querem repeti-la. Há os que não conhecem e são massa de manobra, caminha?m? como boi para o matadouro. Os que conhecem?,? organizam?-se? e planejam as ações. A boiada alienada e desinformada acompanha ou participa das ações planejadas.? É o que está ocorrendo no Brasil.?
Um setor do Ministério Público, outro da Policia Federal e um juiz, junto com a mídia (Rede Globo,
Veja,
Época,
Estadão, ?
Folha de S.Paulo, etc.), investigam e vazam o que lhes interessa com o objetivo de derrubar a Dilma e afastar o PT de qualquer possibilidade de fazer a sucessão do atual governo.? Quanto ?à corrupção do PSDB, calam-se.?
?E?nganam?-se? ou deixam ser engan?a?d????o?s? os que acham que ?se trata de mero combate ?à corrupção. Aliás, só se começou a combater a corrupção no Brasil depois que o PT (Lula e Dilma) chegou ao governo.? Não chegou ao poder.
No poder ?estiveram os generais durante a ditadura militar e todos os governos civis depois da ditadura, menos Lula e Dilma.
Ter o poder é ter hegemonia no Executivo, Legislativo e Judiciário. O PT não tem e nunca teve, tanto que estamos assistindo como se montou uma Polícia Política Antipetista (PPA)?,? que junto com o juiz
Sergio Moro persegue petistas.? ?É perseguição?,? sim.
Há vários políticos e partidos sendo investigados, mas todos os holofotes dos investigadores e da mídia reca?em? sobre aqueles suspeitos de serem petistas ou de ter qualquer relação com o PT.
Na ?L?ava ?J?ato?,? mais de uma vez fo?ram? citado?s? políticos do PSDB e do DEM, mas ?eles ?não são investigados.
Aécio Neves, presidente do PSDB, e Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, foram citados no mínimo três vezes cada. Mas não são investigados. Não são por?que? a polícia e a Justiça a?g?em politicamente.
Se?,? no final da ditadura?,? parte da PF continuava suas "investigações" políticas e a direita continuava atuando com o CCC, na democracia os ideólogos do golpe de Estado ?também seguem ??ativos, agora sob a forma de uma polícia política.
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