[caption id="attachment_230094" align="alignleft" width="285" caption="Ex-presidente do PR pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada"]

[fotografo]Antonio Cruz/Agência Brasil[/fotografo][/caption]
Em pedido de busca e apreensão para a 24ª fase da Operação Lava Jato, os procuradores da força-tarefa expuseram a anatomia do petrolão: "A estrutura criminosa perdurou por, pelo menos, uma década. Nesse arranjo, os partidos e as pessoas que estavam no governo federal, dentre elas Lula, ocuparam posição central em relação a entidades e indivíduos que diretamente se beneficiaram do esquema". Os investigadores ainda reforçam que a corrupção só se alastrou devido a "vinculação de legendas políticas que compunham a base aliada do governo federal. Um exemplo disso, destacado pelo próprio Ministério Público Federal, é o ex-deputado Pedro Corrêa, ex-presidente do Partido Progressista (PP) e preso na Lava Jato há quase um ano. Ele era o responsável por garantir a sustentação de seu partido ao governo. E com base em suas próprias experiências, ele avança na negociação da delação premiada, que está prestes a ser assinada. De acordo com o ex-parlamentar, Lula sabia da existência do petrolão e sabia da função exercida no esquema pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As informações são da revista Época.
De acordo com a publicação, dos 73 capítulos e dos mais de 130 agentes políticos citados na proposta de delação premiada de Pedro Corrêa, o personagem principal é o ex-presidente. A princípio, Pedro Corrêa ofereceu aos investigadores contar cinco episódios comprometedores envolvendo Lula. Corrêa relata o que seria uma interferência direta de Lula na Petrobras. Segundo o ex-deputado, entre 2010 e 2011, ele e seu colega de partido João Pizzolatti foram ao escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e próximo a Lula. Quando chegaram lá, numa tarde durante a semana, encontraram Marcos Valério e um empresário, do qual o delator não se recorda o nome. Greenhalgh, Valério e o empresário queriam que Pedro Corrêa e Pizzolatti os ajudassem a fechar uma operação de compra e venda de petróleo com a área da Petrobras comandada por Paulo Roberto Costa. De acordo com Corrêa, o negócio geraria um lucro alto. O ex-presidente do PP conta, também, que Lula interferiu para que a transação saísse. A partir da delação, o Ministério Público investigará para onde foram os "pixulecos" do negócio.
Época divulgou que, segundo Corrêa, o embrião do esquema do petrolão, era o mensalão. "O petrolão e o mensalão são a mesma coisa", afirma o ex-presidente do PP em sua proposta de delação. "Desde 2004, o petrolão financiava o mensalão." A pessoa responsável para pedir à Dinamo que fizesse o depósito na conta da empresa de Marcos Valério foi o ex-assessor do PP João Cláudio Genu - ao lado José Janene, morto em 2010. De acordo com investigadores que tiveram acesso à proposta de delação de Pedro Corrêa, os relatos são bastante detalhados - e impressionam pela capacidade de memória do ex-parlamentar.
Época analisa que, diferente de outras colaborações, o ex-presidente do PP não apresenta provas robustas, extratos bancários, mas faz uma verdadeira crônica da política brasileira, apontando irregularidades e falcatruas em diversos períodos da história e em distintos partidos. Há desde líderes de partidos no Congresso a ex-presidentes. Pelo volume de informações, o grupo de trabalho dos procuradores da Lava Jato, em Brasília, gastou quase seis meses para chegar a uma resolução de acordo final. Ficou combinado que nos próximos dias a delação deverá ser, enfim, assinada. No acordo, a princípio, Corrêa pagaria uma multa de quase R$ 5 milhões - e blindaria seus filhos, entre eles a deputada Aline Corrêa, de qualquer acusação.
Conhecedor da história do mensalão, Pedro Corrêa não quis acabar tendo o mesmo desfecho que Marcos Valério e, por isso, segundo a revista, resolveu contar tudo o que sabe. E o que sabe pode ser uma nova dinamite a explodir a República - e, em particular, o ex-presidente Lula, avalia a publicação.
Procurado, o ex-presidente Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que "não comenta supostas delações e repudia o jornalismo feito por vazamentos ilegais". A defesa de Pedro Corrêa não quis comentar. O advogado Marcelo Leonardo, que representa Marcos Valério na Justiça, disse que não vai comentar, porque não teve acesso ao conteúdo da delação. O criminalista ainda diz que seu cliente está disposto a negociar um acordo de delação com os investigadores da Lava Jato. João Pizzolatti não foi localizado pela reportagem.