[caption id="attachment_282127" align="aligncenter" width="580" caption="Aliado de Sarney, Lobão comandará principal comissão do Senado "]
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[fotografo]Agência Brasil[/fotografo][/caption]
Constantemente citado em escândalos de corrupção, o senador Edison Lobão (MA) viu prevalecer a força do grupo de
Renan Calheiros (AL), hoje líder do PMDB, para conseguir a
indicação para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa. Em mais de uma delação premiada já formalizada na Justiça, o parlamentar é citado como um dos beneficiários do esquema de fraudes descoberto pela Polícia Federal na Petrobras, há mais de dois anos revelado na
Operação Lava Jato. Além de Renan, Lobão é um dos principais aliados de José Sarney, ex-presidente da República e do próprio Senado.
Na condição de presidente da CCJ, Lobão será o responsável por conduzir a sabatina do indicado para a composição do Supremo Tribunal Federal (STF). O escolhido como sucessor de Teori Zavascki na corte deve ser submetido ao crivo dos demais parlamentares na comissão, grupo ainda a ser definido. Na segunda-feira (6), o presidente Michel Temer anunciou o nome do jurista Alexandre de Moraes, que ministro da Justiça licenciado do posto desde a indicação. A expectativa é que o nome de Moraes passe pela CCJ já na próxima semana e seja levado à votação em plenário no próximo dia 22.
Depois de uma semana de disputa entre dois grupos internos do partido, em que mediram forças o novo presidente do Senado,
Eunício Oliveira (CE), e seu antecessor no cargo e agora líder do PMDB na Casa,
Renan Calheiros (AL), Raimundo Lira (PB) decidiu retirar sua candidatura com a alegação de não querer rachar a legenda. Caso persistisse a indefinição sobre o indicado para o comando do colegiado, o mais importante na Casa, a sigla levaria a questão a voto na tarde desta quarta-feira (8) - eleição com potencial para colocar próceres peemedebistas em atrito.
Investigações no STF
Atualmente, o senador é investigado em pelo menos quatro inquéritos no STF. Entre outras acusações, o parlamentar é suspeito de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos ou valores oriundos de corrupção, formação de quadrilha ou bando e corrupção passiva.
Entre as linhas de investigação, o parlamentar é investigado pelo recebimento de propina para a construção da usina de Angra 3. Além disso, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, afirmou, em delação premiada, que teria repassado R$ 2 milhões à ex-governadora do Maranhão
Roseana Sarney a pedido de Lobão. O valor seria para a campanha da então candidata ao governo do estado em 2010.
Além da Lava Jato, Lobão é investigado por suspeita de ser sócio oculto de companhia sediada nas Ilhas Cayman. O grupo empresarial Diamons Mountain se encarregaria de captar recursos de fundos de pensão de estatais e empresas privadas que estivessem sob influência do PMDB. Ex-sócios do empreendimento afirmam ter operado em nome de Lobão.
Lobão também teve o nome envolvido em suposta fraude no fundo de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras. As fraudes teriam ocorrido entre 2006 a 2011 e teriam aberto um rombo de 5,6 no plano de benefícios dos participantes do fundo.
Em novembro do ano passado, o
STF arquivou um inquérito contra o parlamentar. Costa teria dito em uma de suas delações premiadas que repassou R$ 2 milhões ao parlamentar, em 2008, quando ele era ministro de Minas e Energia. Como este site mostrou em 27 de agosto do ano passado, por ocasião da reportagem sobre senadores às voltas com acusações criminais (
um terço dos 81), Lobão se defendeu dessa acusação alegando que ela foi formalmente
contraditada.
Primeiro escalão petista
Senador pelo Maranhão, Lobão já foi duas vezes ministro de Minas e Energia em governos petistas. A primeira delas foi na gestão do ex-presidente Lula, entre 2008 a 2010. Depois, manteve-se acomodado no primeiro escalão das gestões petistas durante o mandato de Dilma Rousseff, no período de 2011 a 2015. O parlamentar também já governou o estado do Maranhão entre 1991 a 1994.
Em algumas votações importantes, o parlamentar tomou decisões controversas. Em uma delas, durante a votação no Senado que decidiria a permanência do senador cassado Delcídio do Amaral na prisão. Lobão absteve-se de votar na ocasião.
Na votação pela abertura do processo de impeachment de Dilma, em maio de 2016, o senador votou a favor. "Venho a esta tribuna sem nenhum prazer. Eu não vim aqui para tripudiar sobre uma gladiadora ferida. O voto não é pelo impeachment da presidente Dilma, mas pelo processo de admissibilidade", justificou. No entanto, apesar do lamento e de justificativa de que o voto não era pelo impeachment, em agosto do mesmo ano, durante a votação definitiva do processo de impedimento, o senador manteve sua posição e contribuiu para a queda da petista.
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