[caption id="attachment_210765" align="alignleft" width="360" caption="Senador deixa claro na tribuna sua insatisfação com o governo"]

[fotografo]Jefferson Rudy/Agência Senado[/fotografo][/caption]Dois dos senadores históricos do PT se revezaram no Plenário, na sessão de discursos desta quarta-feira (16), em críticas ao que consideram "falta de diálogo" do governo no enfrentamento da crise econômica. Ao reclamar da volta da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), Walter Pinheiro (PT-BA) foi à tribuna anunciar voto contra a volta do tributo e, no final de sua fala, disse que não se preocuparia em "salvar a pele" de quem quer que seja. Um dos fundadores do PT gaúcho,
Paulo Paim (RS) reforçou a posição do colega por meio de apartes.
Tanto Walter Pinheiro quanto
Paulo Paim sinalizam estar de saída do PT. No caso de Paim, como este
site noticiou em 28 de maio, a hipótese de permanência depende de
contrapartida do PT, o que não parece estar em curso. No começo de junho, nem um nem outro compareceu ao 5º Congresso do PT, em Salvador (BA), o que reacendeu a expectativa de desfiliação. Partidos como PSB, PDT e até a Rede Sustentabilidade estão na disputa pelo mandato dos parlamentares.
Nos discursos de hoje (quarta, 16), a insatisfação voltou à tona. "A pergunta que todos fazem é só esta: você vai votar a favor ou contra a CPMF? É óbvio que eu vou votar contra. Não quero votar um projeto aqui, ali, acolá. Não é esse o intuito, eu quero conhecer um projeto que tenha início, meio e fim", anunciou o senador, completando o discurso com o que pareceu ser um recado.
"Não estou preocupado em salvar a pele de ninguém, muito menos a nossa,
Paulo Paim", acrescentou o parlamentar baiano, dirigindo-se ao colega de partido.
Walter Pinheiro lembrou ter ido "às ruas pedir votos para este governo" e disse nem ter dormindo para poder comparecer à posse do novo mandato de Dilma Rousseff, em 1º de janeiro, e disse que a condução da política econômica agora o obriga a contestar o Planalto. Presidente da Comissão Especial para o Aprimoramento da Pacto Federativo no Senado, que busca soluções para as severas restrições de caixa de estados e municípios, o petista reclamou também da postura da equipe econômica.
"De lá para cá, fizemos várias reuniões com o ministro [da Fazenda, Joaquim] Levy, que quando vinha aqui era só para nos pedir para não votar matérias", reclamou o senador, relatando entrevistas à imprensa e voltando a criticar o modelo de combate à crise. "Qual é o rumo? Com quem a gente conversa? O rumo não pode ser, pontualmente, o envio de matérias! Ou melhor, nem envio: o anúncio de matérias na quinta, com mudanças sobre esse conteúdo no sábado e a apresentação de outro tema na segunda! E de forma pontual! E na mesma cantilena: impostos, impostos, impostos, impostos!"
Previdência
Em aparte a Walter Pinheiro, Paim também reclamou da interlocução presidencial. Com a sessão plenária presidida por outro petista, Jorge Viana (AC), e presenciada pelo líder do partido no Senado,
Humberto Costa (PE), Paim também fez duras reclamações contra o governo - chegou a falar em "grito de liberdade" em relação à gestão Dilma.
"O que eu sinto e gostaria muito, muito mesmo, vossa excelência está dando o que eu chamaria - vi num filme do Mandela - quase que o 'grito de liberdade' da tribuna. Mas a liberdade no sentido mais amplo, a liberdade do diálogo, da fala, do entendimento, da construção, da proposição. Vossa excelência está pedindo para dialogar com o nosso governo, que não tem dialogado", fustigou o senador, passando a detalhar sua crítica.
"O que estamos expressando é o que grande parte da bancada [do PT] expressa em todas as conversas, só que alguém num determinado momento começa a falar o que pensa, como vossa excelência está fazendo agora. Nós queremos é dialogar! Querem mexer na Previdência? Sentem conosco antes, pelo amor de Deus! Querem mandar, como no final do ano, aquelas duas medidas provisórias, chamem-nos. Viríamos dos estados para conversar", acrescentou.
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