[caption id="attachment_233598" align="alignleft" width="284" caption="Oposição quer que Mauro Vieira esclareça em plenário nota enviada pelo Itamaraty e puna responsável"]
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[fotografo]Marcelo Camargo/ABr[/fotografo][/caption]O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), e os vice-líderes da oposição, Raul Jungmann (PPS-PE), e do PSDB, Betinho Gomes (PE) apresentam, nesta quarta-feira (23), pedido de convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para prestar esclarecimentos no plenário da Casa sobre circulares enviadas pelo Itamaraty com
alerta de risco de golpe de Estado no Brasil. Para os deputados oposicionistas, a utilização da estrutura do ministério para o envio de mensagens dessa natureza a todas as embaixadas e representações diplomáticas do país no exterior configura "uma situação absurda" e "o uso político da máquina".
De acordo com o
jornal O Globo, o Ministério das Relações Exteriores enviou, na última sexta-feira (18), comunicados recomendando a difusão de mensagens que alertam para o risco de um golpe político no Brasil. Os textos foram remetidos pelo ministro Milton Rondó Filho, responsável pela área de combate à fome do MRE, informa o jornal.
No primeiro comunicado, ele pedia que cada posto designasse um diplomata para dialogar com organizações locais da sociedade civil para falar sobre o momento político do país. A ordem acabou abortada por determinação da Secretaria-Geral do Itamaraty na própria sexta, depois que as circulares já haviam sido disparadas para postos diplomáticos em todo o mundo.
Ainda segundo
O Globo, às 16h18, outra mensagem, novamente enviada por Rondó, retransmitiu uma nota da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), que reúne 250 entidades. "É momento de resistência democrática!", diz o texto, que fala em "profunda preocupação" com os rumos do processo político e ataques dos grandes grupos econômicos e da mídia a governos legitimamente eleitos.
"Não ao golpe"
O comunicado da Abong conclama, independentemente das posições políticas e ideológicas, a sociedade para a luta pela democracia: "Não ao Golpe! Nossa luta continua!". De acordo com o jornal, uma hora e meia depois, um novo telegrama, de autoria do secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, pediu às representações diplomáticas ignorassem os comunicados anteriores.
Apesar dessa instrução, outra mensagem foi enviada em seguida reproduzindo a "Carta aos Movimentos Sociais da América Latina", que denuncia um "processo reacionário que está em curso no país contra o Estado Democrático de Direito".
Rubens Bueno e Raul Jungmann cobram a apuração e a punição do responsável pelo envio dos comunicados que falam em golpe. "Isso configura um claro uso político da máquina para alardear no exterior um golpe que não existe. O que está acontecendo no Brasil é que temos um governo cercado por diversas denúncias de corrupção e uma presidente alvo de um processo constitucional de impeachment em virtude da prática de crime de responsabilidade", afirmam os deputados no requerimento.
"O que ocorreu na estrutura do Itamaraty é algo gravíssimo. Golpe é usar o Estado brasileiro para tentar confundir a opinião da comunidade internacional. É por isso que exigimos a presença do chanceler brasileiro no plenário da Câmara", disse Betinho Gomes.
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