Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
20/03/2021 | Atualizado às 10h32
Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha afirmado em live do último dia 11 que mantém conversas com o PSL sobre uma possível volta à sigla, membros da executiva nacional, e até mesmo parlamentares aliados do governo, acreditam que as chances de isso ocorrer são próximas de zero. Em transmissão semanal nas redes sociais, o presidente disse que decidiria seu futuro político até o fim de março.
Desde a saída de Bolsonaro em 2019, a sigla se dividiu entre os parlamentares considerados "raiz" - que não se aliaram ao presidente - e os "bolsonaristas", que votam junto com o governo nas sessões deliberativas e apoiam a maioria das pautas defendidas por ele. Hoje, Bolsonaro está sem partido, já que os planos de criar o Aliança pelo Brasil foram frustrados pelo lento ritmo de validação de assinaturas exigidas pela Justiça Eleitoral. A previsão é que o partido só esteja formado oficialmente após as eleições de 2022. Sem fazer parte de uma sigla, ele não pode concorrer à reeleição. Outras legendas, como o PTB, o PMB, o DC, e o PSC, estão sob avaliação do presidente. No entanto, como são de menor porte, têm direito a fatias menores dos fundos partidário e eleitoral. Resistência na cúpula Caso o presidente resolva voltar ao PSL, a decisão precisaria ser aprovada pelos diretórios nacionais, e não apenas pela Executiva do partido, presidido hoje pelo deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que assumiu recentemente a primeira-secretaria da Mesa Diretora da Câmara. Bolsonaro e Bivar começaram a se desentender por motivos relacionados ao comando da sigla. No fim de 2019, a briga se acirrou, e parlamentares próximos a Bolsonaro passaram a fazer campanha para que o presidente da República também comandasse a sigla. O Congresso em Foco tentou contato com o presidente nacional do partido, que não retornou até a publicação da reportagem. No entanto, Bivar afirmou à Folha de Pernambuco, em 10 de março, que "não acredita que o presidente, como candidato favorito à reeleição, tenha tempo para esperar a decisão do PSL, quando muitos outros partidos se oferecem para abrigá-lo". Um parlamentar ligado à Executiva nacional da sigla afirmou ao Congresso em Foco que embora existam especulações da imprensa e de políticos aliados ao presidente, não existem conversas de Bolsonaro com a Executiva do partido. "São especulações que alguns deputados ligados ao Bolsonaro estão levantando, alguns bolsonaristas que querem muito [a volta do presidente] porque sabem que ele não tem alternativa", diz. "Esses bolsonaristas não têm qualquer relação com o PSL, não frequentam o partido. A volta de Bolsonaro precisaria ser aprovada pela maioria dos convencionais, o que é praticamente impossível hoje". Ainda de acordo com o parlamentar, a Executiva do partido tem "preocupação zero" com a possível debandada de parlamentares aliados a Bolsonaro, caso o presidente opte por outra sigla. A maioria dos apoiadores do chefe do Executivo já decidiu que seguirá Bolsonaro, independentemente do partido para o qual ele for. "Deputados do PSL 'raiz' querem que eles [bolsonaristas] sejam expulsos, e ainda pressionam para que haja essa expulsão. Querem fazer uma limpeza no partido porque essa convivência é tóxica, e também não existe esse medo porque tem muitas lideranças de outros partidos querendo entrar no PSL", afirmou o parlamentar. O deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP), vice-presidente nacional da sigla, também confirmou ao Congresso em Foco que não há discussões formais dentro do partido sobre o possível retorno do presidente da República. "Nunca teve uma reunião da executiva, uma bancada, uma fala oficial, e eu conhecendo bem o partido que estou, não tem tratativas debaixo do pano. O que existe é uma especulação que parte do Palácio do Planalto porque o presidente está fragilizado do ponto de vista político-partidário". Bozella, que se tornou o principal porta-voz da chamada ala bivarista, em oposição a Bolsonaro na queda de braço que resultou na saída do presidente da República do partido, diz que o retorno do presidente à legenda é "totalmente imoral". "É a mesma coisa que você pegar o marginal que estuprou a sua filha e colocar ele pra morar com ela na sua casa", considera o deputado, que integrava o partido antes da chegada de Bolsonaro e seus aliados ao PSL. Também sobram críticas à presidência de Bia Kicis (PSL-DF) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara. "Você acha que foi bom para o PSL ter concordado com a presidência da Bia Kicis na CCJ? Não! Isso é um escárnio, é um estupro com a historia da República, eu não compactuo com isso, porque ela não tem reservas culturais, políticas, e emocionais, para comandar a comissão mais importante de toda a Câmara. Mas é minha opinião, não falo pelo partido", alega. O parlamentar diz ainda que o partido recebe contatos de líderes nacionais, e que "falta um ajuste fino" para concluir ingressos na sigla, mas não revela, no entanto, quais seriam os nomes cogitados pelo partido.Tags
LEIA MAIS
SEGURANÇA PÚBLICA
Guardas municipais comemoram decisão do STF sobre policiamento