[caption id="attachment_291980" align="aligncenter" width="550" caption="Em setembro de 2016, manifestações contra o governo Temer e por eleições diretas ganharam as ruas em São Paulo e outras cidades do país"]
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[fotografo]Mídia Ninja[/fotografo][/caption]
A greve geral convocada para esta sexta-feira (28) mobilizará milhares de trabalhadores em diversas capitais do país. A estimativa é da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, organizadoras da paralisação.
Várias categorias já anunciaram adesão às manifestações. Entre elas estão professores de escolas públicas e particulares; rodoviários; bancários; funcionários do Detran; da saúde; servidores públicos e do Judiciário federal. Os protestos são contra as reformas da Previdência e a trabalhista - esta,
já aprovada na Câmara, em tensa votação realizada ontem (quarta, 26) - patrocinadas pelo governo Michel Temer.
Para conter o avanço dos manifestantes em direção ao Congresso e outros prédios da administração federal, a Esplanada dos Ministérios estará fechada desde a meia-noite desta sexta. Trabalhadores de ao menos 25 unidades da federação já confirmaram a adesão ao movimento grevista, que defende o lema "Nenhum direito a menos".
A mobilização contrária às reformas é apoiada, inclusive, por lideranças católicas e de igrejas evangélicas. No último dia 23, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) confirmou o apoio, por meio de uma nota referendada pelo Conselho Permanente do órgão.
Em outra frente, presidentes e representantes de igrejas evangélicas anunciaram que, em virtude das propostas de mudança no regime previdenciário brasileiro reunidas na PEC 287/2016, é preciso que "o governo construa mecanismos eficazes de cobrança dos altos valores devidos à Previdência Social e reduza as desonerações fiscais concedidas aos segmentos privados, em detrimento da saúde financeira do Estado". Onze entidades religiosas assinaram o pronunciamento.
"A ideia é parar a produção, a circulação de mercadorias e a prestação de serviços como forma de protesto a essas reformas que eliminam de forma perversa, nefasta e desumana o conjunto de direitos da classe trabalhadora", ressalta o Sindicato dos Professores do DF. "Estaremos unidos com as demais categorias e trabalhadores/as nesta sexta para demonstrar nossa insatisfação com as reformas em discussão no Congresso Nacional", acrescenta a entidade, em nota que confirma a adesão da categoria ao ato.
[caption id="attachment_291983" align="aligncenter" width="550" caption="Esplanada será isolada e terá esquema especial de segurança a partir da meia-noite de quinta para sexta (28)"]
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[fotografo]Lula Marques/AGPT[/fotografo][/caption]
O Ministério Público do Trabalho (MPT) também defendeu a legitimidade da paralisação. Em nota, o órgão avaliou o movimento como justo e adequado. O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, reafirmou ainda "o compromisso institucional do MPT com a defesa dos direitos sociais e com a construção de uma sociedade livre, justa, solidária e menos desigual" (leia nota abaixo).
No documento, Fleury fez críticas ao Projeto de Lei 6787/16, aprovado pelo plenário da Câmara na última quarta-feira (26), que trata das alterações da legislação trabalhista. Para o MPT, as prerrogativas previstas no substitutivo do deputado
Rogerio Marinho (PSDB-RN) "violam gravemente a Constituição Federal de 1988 e Convenções Fundamentais da Organização Internacional do Trabalho" (leia a íntegra da nota abaixo).
Maior da história
De acordo com o líder da Central Única dos Trabalhadores, quem fortaleceu o movimento foi o próprio presidente da República ao anunciar as reformas. Em entrevista ao
site Conversa Afiada, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que a organização espera que essa seja a "maior greve da história do Brasil".
"É um governo louco, que é corrupto, que não tem autoridade política, ética ou moral, e vem com a proposta de acabar com a aposentadoria, com férias, décimo-terceiro salário. Acabar, enfim, com a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]", criticou Vagner.
[caption id="attachment_291991" align="aligncenter" width="550" caption="Em março, manifestação na Esplanada prenunciada a grande paralisação desta sexta"]
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[fotografo]Reprodução[/fotografo][/caption]
"O que mobiliza a greve é o Temer! As pessoas caíram na real", acrescentou o presidente da CUT. Eu acho que vai ser um movimento muito forte, com todas as centrais sindicais - é importante citar, não é só a CUT. Todas as centrais sindicais estão organizando a greve com muita fibra. Acredito muito na força da greve", ponderou.
Fim do imposto sindical
Esse é o grande motivador da participação da Força Sindical na paralisação desta sexta. Liderada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), presidente licenciado da central, a Força foi uma das grandes apoiadoras do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, agora, reage às propostas do governo Temer sobre mudanças na legislação trabalhista. O parlamentar integra a base governista e, mesmo assim, questiona as medidas negociadas na reforma.
[caption id="attachment_291985" align="aligncenter" width="550" caption=""Diretas Já" é um dos principais motes das manifestações desta sexta-feira"]
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[fotografo]Roberto Parizotti/CUT[/fotografo][/caption]
A maior crítica do deputado é sobre o artigo que prevê o fim do auxílio monetário aos sindicatos: "Sem dinheiro o sindicato não tem como se manter e negociar", avaliou. "[A paralisação] tem tudo para tornar-se um marco histórico na resistência da classe trabalhadora contra as frequentes ameaças do governo de, sob a alegação de sanar os cofres públicos, suprimir direitos de todos os brasileiros", acrescentou
Paulinho da Força.
"Não tem muito jeito: é por conta do desmonte da CLT. Independente da opinião da Central sobre a conjuntura, sobre o governo e tal, não dá pra suportar o desmonte da CLT e, obrigatoriamente, vai à greve, empurrada pelos trabalhadores", ponderou Vagner Freitas, ao comentar a participação do movimento liderado pelo deputado, que compõe a base do governo Temer.
Veja quais setores aderiram à paralisação no DF:
Rodoviários (SINTTRATER)
Metroviários (SINDMETRO)
Aeronautas (SINA)
Bancários (SEEBB, SINTRAF-RIDE)
Jornalistas (SJPDF)
Professores e Servidores da UnB (SINTFUB e ADUnB)
Radialistas (SINRAD)
Urbanitários e Eletricitários (STIU)
Vigilantes (SINDESV)
Servidores da administração do GDF (SINDSER)
Servidores da Assistência Social e Cultural do DF (SINDSASC)
Servidores da CAESB (SINDAGUA)
Servidores da Câmara Legislativa (SINDICAL)
Servidores do DETRAN (SINDETRAN)
Servidores do Judiciário e MPU (SINDJUS)
Servidores públicos federais (SINDSEP)
Servidores públicos municipais de Valparaíso, Águas Lindas, Campos Belos, Formosa, Planaltina de Goiás, São João da Aliança, Padre Bernardo
Trabalhadores da Educação (SINPRO, SAE, SINPRO-EP)
Trabalhadores da hotelaria, bares e restaurantes (SECHOSC)
Trabalhadores da limpeza urbana (SINDLURB)
Trabalhadores do serviço de informática e processamento de dados (SINDPD)
Trabalhadores do Transporte de Valores (SINDVALORES)
Trabalhadores dos Correios (SINTECT)
Trabalhadores em Telecomunicação (SIntel).
Última atualização da lista: 25/4/2017
Abaixo, assista ao vídeo que circula nas redes sociais dos sindicatos para convocar os trabalhadores à paralisação:
Leia a íntegra da nota emitida pelo MPT:
"NOTA PÚBLICA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, considerando a Greve Geral anunciada para o dia 28.04.2017, vem a público:
I - DESTACAR que a Greve é um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal, bem como por Tratados Internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil, "competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender" ( art. 9º da CF/88);
II - ENFATIZAR a legitimidade dos interesses que se pretende defender por meio da anunciada Greve Geral como movimento justo e adequado de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e previdenciária, em trâmite açodado no Congresso Nacional, diante da ausência de consulta efetiva aos representantes dos trabalhadores (Convenção OIT n. 144);
III - REAFIRMAR a posição institucional do Ministério Público do Trabalho - MPT contra as medidas de retirada e enfraquecimento de direitos fundamentais dos trabalhadores contidas no Projeto de Lei que trata da denominada "Reforma Trabalhista", que violam gravemente a Constituição Federal de 1988 e Convenções Fundamentais da Organização Internacional do Trabalho;
IV - RESSALTAR o compromisso institucional do MPT com a defesa dos Direitos Sociais e com a construção de uma sociedade livre, justa, solidária e menos desigual.
RONALDO CURADO FLEURY
Procurador-Geral do Trabalho"
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