L4 Sim, mas onde fica a L3? Na Asa Norte entre as quadras 600 e a UnB. Na Asa Sul foi ocupada pela Avenida das Nações, onde estão as quadras 800. L2 todos sabem localizar. E a L1? Entre as quadras 200 e 400, nas duas asas.
L5 só nas asas da sua imaginação.
Laboratorista O cantor Ney Matogrosso viveu em Brasília por 7 anos, dos 21 aos 28, entre 1961 e 1968, exercendo a profissão de laboratorista de anatomia patológica no Hospital de Base de Brasília. Já ouvi relatos de que foi motorista de ambulância, enfermeiro, assistente cirúrgico... Em 1974 a Caderneta de Poupança Colmeia patrocinou a vinda do conjunto Secos & Molhados para um show no Ginásio Nilson Nelson. Eu fui.
Lago Paranoá Fundamental na nossa paisagem, o lago é como uma moldura envolvendo a cidade, umedecendo-a. A chegada do lago trouxe também uma grande variedade de aves aquáticas, fáceis de serem observadas. Inclusive o lago é pouso de algumas aves migratórias que cruzam as Américas e lar de capivaras, jacarés, biguás, socós e garças. Em 1894 o botânico francês Auguste Glaziou, paisagista de Dom Pedro II, aqui esteve com a Missão Cruls e disse categoricamente: se construírem uma cidade aqui há que se fazer um lago. E indicou o lugar da barragem, exatamente onde ela está hoje. Muitos dos trabalhadores que construíram a barragem ficaram por ali, formando a favela do Paranoá, origem da cidade com o mesmo nome, transferida para uma parte mais alta.
Lenda urbana: as águas represadas subiram tão rápido que muitos tratores, caminhões e equipamentos ficaram submersos. Um ou outro, velho, quebrado, abandonado, talvez. A verdade é que uma cidade inteira ficou embaixo d'água, isso sim. Foi a Vila Amaury, em frente aos Fuzileiros Navais, perto da Vila Planalto. Como o governo sabia que a área seria inundada deixou que ali se construíssem muitos barracos. Mergulhadores já fotografaram pisos, calçadas e ruínas da cidade submersa. Certamente, daqui a centenas de anos, ou algumas décadas (depende de nós), o lago Paranoá vai secar. As únicas fontes de água seguras vêm dos rios que nascem no Parque Nacional de Brasília e no complexo ecológico Jardim Botânico, Reserva Ecológica do IBGE e da Fazenda Água Limpa, da UnB. Os outros cursos d'água estão poluídos, sendo soterrados e, consequentemente, secando. E em breve vamos consumir a água do lago, pois água é o recurso natural mais escasso no Distrito Federal. Ouvi de um biólogo a seguinte ideia: em vez do lago, mais eficiente seria plantar árvores em toda a extensão que a lâmina d'água ocupa, pois a soma das áreas das folhas, em camadas, daria cerca de dez vezes a atual superfície do Paranoá. Tem lógica: as folhas transpiram mais que o espelho d'água. Mas não funcionaria. Iriam cortar as árvores, invadir a área, lotear, fazer chácaras, e aí adeus lago, adeus umidade, adeus paisagem. Deixa o lago como está.
Le Corbusier Se Lucio Costa e Oscar Niemeyer são os pais de Brasília, então Le Corbusier é nosso avô! O urbanista franco-suíço libertou a arquitetura brasileira da tirania do neoclassicismo e a lançou na vanguarda mundial, cuja maior tradução é justamente a nossa Brasília, esta cidade ardente e intensa. Quando visitou a capital em 1962 ("Aqui há invenção", disse) se encantou com os pilotis redondos nas quadras iniciais das quatrocentos Norte. Para Le Corbusier, os apartamentos das superquadras são máquinas de morar, e nós, apenas parte de uma engrenagem. Por isso Brasília deu no que deu. (Inclusive supõe-se que exista uma carta (onde está?) de Le Corbusier para JK se oferecendo, gratuitamente, para coordenar o projeto de implantação de Brasília. JK nem respondeu a carta, que virou uma típica lenda urbana).
Leitura Muito se escreveu sobre Brasília, mesmo quando ela ainda nem existia. Os mais importantes na minha biblioteca são estes:
Relatório do Plano Piloto, de Lucio Costa
Brasília Kubitscheck de Oliveira, de Ronaldo Costa Couto
História de Brasília, de Ernesto Silva
Renato Russo, o filho da revolução, de Carlos Marcelo
Brasília - Memória da Construção - Vol I e II, de L. Fernando Tamanini
A mudança da Capital, de Adirson Vasconcelos
A cidade modernista - uma crítica de Brasília e sua utopia, de James Holston
Expresso Brasília, de Edson Beú
Invenção da cidade, de Clemente Luz
JK, o artista do impossível, de Claudio Bojunga
Registro de uma vivência, de Lucio Costa
Vários títulos, de Aldo Paviani
O capital da esperança, de Gustavo Lins Ribeiro
Cidade Livre, de João Almino
Brasília: a fantasia corporificada, de Brasilmar Ferreira Nunes
Guiarquitetura Brasília, Editora Abril
Relatório Cruls (Codeplan)
Porque Construí Brasília, de Juscelino Kubitschek de Oliveira
Brasília - antologia crítica, de Alberto Xavier e Julio Katinsky (org.)
Brasília aos 50 anos - que cidade é essa?, de Beth Cataldo e Graça Ramos (org.)
História da Terra e do Homem no Planalto Central, de Paulo Bertran
A invenção da superquadra, de Marcilio Mendes Ferreira e Matheus Gorovitz.
Consultem a
Coleção Brasilienses, patrocinada pelo ParkShopping, com cinco volumes, editada pela Multicultural Arte e Comunicação entre 2004 e 2012.
O ITS - Instituto Terceiro Setor, com o patrocínio da Vale, lançou, em 2012, a
Coleção Arte em Brasília, narrando as cinco décadas de cultura, com 10 volumes.
Arquitetura (Eduardo Rossetti),
Artesanato (Malba Aguiar e Mercês Parente),
Artes Cênicas (Celso Araujo),
Artes Visuais (Renata Azambuja),
Cinema (Sérgio Moriconi),
Esporte (Paulo Rossi e Luiz Roberto Magalhães),
Fotografia (Graça Seligman e Beatriz Vilela),
Literatura (Paulo Paniago),
Manifestações Populares (Lara Amorim) e
Música (Severino Francisco).
Léo e Bia Quem mais cantou Brasília? A disputa está entre Liga Tripa e Oswaldo Montenegro, gostem dele ou não (eu gosto). Léo e Bia foi um sucesso e tanto. "No centro de um planalto vazio / como se fosse em qualquer lugar / como se a vida fosse um perigo / como se houvesse faca no ar"... Em 1982 dirigiu o musical Veja você Brasília, que revelou vários talentos da cidade, com destaque para Zélia Duncan e Cássia Eller. Léo e Bia, por votação popular, foi o nome escolhido para um casal de girafas do Zoológico, que já faleceu. Mas Oswaldo está na ativa e isso é bom.
Leveza Por que os edifícios públicos de Brasília, criados por Niemeyer, têm tanta graça e leveza? Água. Todos têm um espelho d'água ao redor. Por que os blocos das superquadras, criados por Lucio Costa, têm tanta graça e leveza? Pilotis. Brasília provou ao mundo que arquitetura moderna poderia ter beleza. E leveza.
Lira Pau-Brasília Coletivo de poetas que atuava, principalmente nas escolas do Distrito Federal, no início dos anos 80. Integrada por Chacal, Turiba, Paulo Tovar, Soter, Luis Martins e este escriba, a Lira, que delírio, publicou, em edição mimeografada, Merenda Escolar - um lance poético. Ilustrações de Regina Ramalho.
Lógica e Lírica Brasília "Desenhada por Lúcio Costa, Niemeyer e Pitágoras / Lógica e lírica / Grega e brasileira / Ecuménica / Propondo aos homens de todas as raças / A essência universal das formas justas // Brasília despojada e lunar como a alma de um poeta muito jovem / Nítida como Babilónia / Esguia como um fuste de palmeira / Sobre a lisa página do planalto / A arquitectura escreveu a sua própria paisagem // O Brasil emergiu do barroco e encontrou o seu número // No centro do reino de Ártemis / - Deusa da natureza inviolada - / No extremo da caminhada dos Candangos / No extremo da nostalgia dos Candangos / Athena ergueu sua cidade de cimento e vidro / Athena ergueu sua cidade ordenada e clara como um pensamento // E há nos arranha-céus uma finura delicada de coqueiro". (Sophia de Mello Breyner Andresen, poeta portuguesa, falecida em 2004, poema do livro
Geografia, de 1967).
Longe do Paranoá Oswaldo Montenegro (1980): Numa tarde quente eu fui me embora de Brasília / Num submarino do lago Paranoá / Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro namorando / Madalena na beira do mar / Qualquer dia, mãe, você vai ter uma surpresa / Vendo na TV meu peito quase arrebentar / Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro namorando / Madalena na beira do mar / Quem quiser que faça o velho jogo da política / Na sifilítica maneira de pensar / Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro namorando / Madalena na beira do mar / Eu tenho o coração
Vermelho / E o que eu canto é o espelho do que se passa por lá.
Loucos de Pedra Desses que atiram pequenas pedras coloridas em uma parede e surgem desenhos e poemas, espalhados pela cidade. Como os muitos na Biblioteca Maria da Conceição Moreira Salles, entre a 506 e a 507 Sul. Estou lá, junto com Francisco Alvim, Cassiano Nunes e Ana Maria Lopes, num poema que diz: "naquela noite suzana estava /mais W3 do que nunca / toda eixosa / cheia de L2 // suzana, vai ser superquadra assim / lá na minha cama". O curioso é que os mosaicos criados pelo artista plástico (e humorista) Gougon e seus Loucos de Pedra nunca foram pichados nem depredados, de tão belos que são.
Outros verbetes de BRASÍLIA-Z - Cidade-palavra, de Nicolas Behr:
Brasília de A a Z: o que diz o A
Brasília de A a Z: o que diz o B
Brasília de A a Z: o que diz o C
Brasília de A a Z: o que diz o D
Brasília de A a Z: o que diz o E
Brasília de A a Z: o que diz o F
Brasília de A a Z: o que dizem o G e o H
Brasília de A a Z: o que diz o I
Brasília de A a Z: o que dizem o J e o K