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Congresso em Foco
04/07/2018 | Atualizado às 17h35
Para Denise Bueno Amaral, de Caçapava (SP), da loja "Camisetas Opressoras", os produtos com nome do coronel seriam uma brincadeira. "É uma sátira. Achamos engraçado que as pessoas nos questionam por causa do Ustra, mas ninguém fala nada quando se usa uma camiseta do Che Guevara, do Carlos Marighella, que também são acusados de atos violentos", disse à reportagem. "Só vou deixar de produzir [o modelo de Ustra] quando acabar a demanda." O nome da loja, segundo ela, é uma resposta às pessoas que dizem que todo mundo de direita é "opressor". "Eu vou oprimir pacificamente" é a estampa de uma caneca vendida no site. Bolsonaro e seus filhos já apareceram em eventos usando camisetas da marca, o que Denise considera "uma grande honra". "Admiração" As duas lojas virtuais vendem prioritariamente produtos que exaltam a campanha de Bolsonaro. Ambas dizem não ter qualquer relação com o militar, "a não ser a de admiração". Passados dois anos do pronunciamento de Bolsonaro, as camisetas continuam vendendo consideravelmente, a ponto de não serem retiradas do catálogo de produtos. De acordo com os dois empresários, a procura pelas camisetas não é muito grande, mas constante. Até o momento, dizem, as duas marcas nunca foram questionados judicialmente por causa das estampas das camisetas. Ambos relatam sofrer críticas de internautas que se sentem ofendidos, mas não chegam a responder, uma vez que os próprios apoiadores da causa já o fazem. "Quem critica está no direito de não gostar do nosso trabalho. Mas para cada um que não gosta, tem dez que gostam", comentou Amaral. Apologia a crime Para o advogado Antonio Rodrigo Machado, presidente da Comissão de Legislação Anticorrupção da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), os empresários deveriam se preocupar com possíveis representações criminais. Para ele, a homenagem a Ustra pode ser considerada como publicidade ou apologia a crime de ódio - no caso, a tortura. "A liberdade de expressão permite que todos possam emitir opiniões. Uma das poucas limitações é quando é usada para a prática de ideias de crimes de ódio. E Ustra é reconhecido oficialmente como um dos que organizaram atos de tortura", diz o advogado. Quem foi Ustra O coronel Carlos Brilhante Ustra foi comandante do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, um dos aparelhos mais violentos da repressão militar, entre 1970 e 1974. Foi acusado pelo Ministério Público Federal por envolvimento em crimes de tortura e assassinato, como o assassinato do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do órgão.Conselho de Ética rejeita processo contra Bolsonaro por homenagem a torturador
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