Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
08/12/2020 | Atualizado às 11h32
Em uma das mensagens recebidas por ela, o autor diz: "Bauru não merecia ter essa prefeita de cor com cara de favelada comandando nossa cidade. A senzala estará no poder nos próximos quatro anos". Em outra mensagem, a prefeita recebe ameaça de morte, semelhante às notas recebidas pela vereadora mais votada de Belo Horizonte, Duda Salabert, filiada ao partido de centro-esquerda PDT. Em ambas as mensagens o intimidador diz: "Eu juro, mas eu juro que vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho, aqui no Rio de Janeiro e vou te matar". Suéllen diz que ser mulher e negra traz um peso a mais, tanto em seu mandato quanto no momento de ser humilhada. "Eu tenho uma responsabilidade muito grande de representar essas pessoas e também de mostrar a dor que elas sofrem. Eu sou só mais uma vítima do racismo no Brasil. Ele existe e mata. Nós precisamos trabalhar para combatê-lo", relata. Mais votada em BH A vereadora Duda Salabert, que é uma mulher trans, disse que sempre sofreu preconceitos dentro e fora da vida pública. Professora de literatura, ela conta que as chantagens aumentaram consideravelmente após as eleições. "Vou esperar as aulas presenciais voltarem, vou invadir uma sala de aula do Bernoulli e vou matar todas as vadias, todos os negros (que infelizmente serão bem poucos, 1 ou 2 cotistas) e depois vou te matar", dizia um texto enviado a Duda. > Pelo menos quatro candidatos eleitos em 2020 foram ameaçados de morte "Eu interpreto esses atos como terrorismo psicológicos e tentativas de silenciamento. A escola onde eu trabalho também recebeu as mesmas mensagens, logo, eles querem me intimidar e fazer com que eu seja demitida", explica a vereadora que classifica toda essa agressão como um atentado à democracia. "Se eu não posso exercer o meu mandato, quer dizer que as 107 mil pessoas que votaram em mim não podem ter sua representante no poder. Isso precisa acabar". Para a vereadora é função do Estado garantir a proteção e o livre exercício dos mandatos de cada uma das pessoas que foram eleitas, independentemente de gênero, classe, orientação sexual ou condição física. Em 2017 foram mapeados 19 assassinatos e atentados contra a vida e pessoas do governo. Ainda que tenha sofrido uma pequena queda em 2018 (17 registros), o número de atos violentos saltou para 32 em 2019 e o presente ano, até o início do mês, contabiliza já 27 casos. Caso Marielle O caso de violência política de maior destaque na história recente do Brasil é o assassinato de Marielle Franco, que completa mil dias nesta terça-feira (08). Embora dois ex-policiais militares suspeitos de matar Marielle estejam na prisão, eles ainda não foram julgados e o caso continua rodeado de incógnitas.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Ana Lucia Martins (@profanaluciamartins)
Outros políticos também sofreram recentemente com a violência política no país e precisaram deixar o Brasil, como é o caso dos deputados Jean Wyllys e Márcia Tiburi. "Não é somente um caso de transfobia, LGBTfobia ou racismo, é um plano de estratégico que impede que pessoas como nós ocupem esses espaços de poder", diz Duda Salabert. Roberta Oliveira foi assessora de Marielle Franco até o seu assassinato. Em conversa com o Congresso em Foco ela disse que as eleições de 2020 tiveram candidaturas minoritárias expressivas. "Eu avalio que este período eleitoral trouxe respostas simbólicas e muito assertivas sobre a força desses movimentos e de uma repolitização do debate sobre as políticas municipais", disse a advogada. > O novo mapa do poder municipal > Projeto quer permitir importação de vacinas mesmo sem autorização da Anvisa Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois - Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.
Temas
SEGURANÇA PÚBLICA
Guardas municipais comemoram decisão do STF sobre policiamento