O ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório enviado pela Polícia Federal (PF) referente ao caso das
joias sauditas nesta segunda-feira (8). Na última quinta-feira (4), a PF
indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 11 por associação criminosa, entre eles o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten e o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef.
Segundo a PF, há a possibilidade de que os valores arrecadados com a venda ilícita de presentes do acervo público brasileiro tenham sido usados para custear as despesas do ex-presidente durante sua estadia nos Estados Unidos. Ainda de acordo com a Polícia Federal, o valor das joias dadas ao governo Bolsonaro correspondem a R$6,8 milhões.
O ex-chefe do Executivo foi indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. De acordo com as regras do Tribunal de Contas da União (
TCU), os presentes de governos estrangeiros devem ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), uma vez que pertencem à Presidência e não àquele no cargo de presidente.
Os presentes negociados foram recebidos durante o mandato de Bolsonaro. Segundo a investigação da PF, as vendas começaram em 2022. Entre os itens estão um kit de joias da grife Chopard e um relógio Rolex, recebidos em viagem oficial à Arábia Saudita. Em março do ano passado, as joias foram recuperadas após decisão do TCU.
Também foram indiciados os seguintes aliados de Jair Bolsonaro:
- Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro, pelos crimes de apropriação de bens públicos e associação criminosa
- José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia, por apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro
- Júlio Cesar Vieira Gomes, auditor-fiscal e ex-secretário da Receita, pelos crimes de apropriação de bens públicos, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa
- Marcelo da Silva Vieira, chefe do gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no mandato de Bolsonaro, por apropriação de bens públicos e associação criminosa
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, pelo crime de lavagem de dinheiro
- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque, por apropriação de bens públicos e associação criminosa
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pelos crimes de apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro
- Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação, por lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Frederick Wassef, advogado do ex-presidente, por lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Mauro Cesar Lourena Cid, general da Reserva do Exército e pai do tenente-coronel Cid, por lavagem de dinheiro e associação criminosa
- Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa
Agora cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar o indiciamento da Polícia Federal e apresentar um parecer sobre o caso. Para o caso ser julgado, se o Ministério Público entender pela condenação, os denunciados terão um prazo para apresentar as respostas. Só depois disso é que a Corte pode julgar a ação.