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Congresso em Foco
17/2/2018 | Atualizado às 20:31
<< Indústria da bala doa quase R$ 2 milhões em 2014"Se for para amenizar a situação e, paralelamente, dar dignidade para o policial trabalhar, pagar salários dignos, moradia, tirar o policial das zonas de conflito e trazer os policiais para perto da sociedade, para que eles possam trabalhar tranquilos, longe da bandidagem, dar saúde para a família deles... Se formos colocar uma corregedoria pesada, forte, para acabar com os maus policiais, para depurar a polícia do Rio de Janeiro, aí eu concordo", acrescentou Bessa, ex-chefe da Polícia Civil de Brasília. Para o deputado, se a ocupação das forças militares tiver caráter meramente político e se prestar a submeter policiais a uma função figurativa por "três, quatro meses, os bandidos vão ficar rindo". Para Bessa, o crime organizado do Rio está vantagem em relação ao Exército. "Essa presença na rua não inibe a ação de vagabundo, não! Vagabundo não tem medo de soldado do Exército, rapaz... O que eles tiverem que fazer, eles vão fazer do mesmo jeito. Se o soldado está ali na [comunidade da] Rocinha, eles vão lá para o morro do Boréu e metem bronca lá, e assim sucessivamente. O Exército não tem efetivo para cobrir o Rio de Janeiro todo", observou o deputado. Fragilidade Também entusiasta do armamento criterioso da população, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da frente parlamentar, tem opinião semelhante à do colega de bancada. Para Fraga, coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal, alguma providência se fazia necessária, mas não nos moldes escolhidos pelo governo Temer. "O Rio de Janeiro está em um ponto em que, realmente, tem que se fazer alguma coisa. Agora, se canhão e tanque de guerra resolvesse o problema da violência, então era só transferir esses equipamentos para a Polícia Militar e a Polícia Civil que eles iam dar conta do recado. Porque ninguém tem mais conhecimento do morro, dos problemas do morro, do que a Polícia Militar e a Polícia Civil", opinou Fraga, apontando no Exército as mesmas limitações vistas por Bessa. "O Exército brasileiro não tem esse treinamento. É um salto sem rede de proteção."
<< Ministro da Justiça critica Segurança Pública do RJ e aponta ligação de autoridades com o crime organizado << Maia quer que ministro prove cumplicidade de autoridades do Rio com o crime organizadoIntervenção também na saúde Médico de formação e outro integrante da frente parlamentar com perfil moderado, Alexandre Serfiotis (PMDB-RJ) disse à reportagem que, a despeito da controvérsia sobre o fato de o interventor ser militar, o exército tem legitimidade para conduzir a segurança pública do estado. "É a única solução para o estado do Rio de Janeiro", acrescentando que a bancada do Rio de Janeiro na Câmara já havia formalizado, há cerca de um ano, um documento solicitando a intervenção também na área da saúde. "Fui um dos poucos deputados que assinaram, na época, essa solicitação de intervenção federal na segurança e na saúde." "O Rio de Janeiro é um dos estados que mais recebem recursos na saúde - excluindo a situação excepcional de ter seis hospitais federais e mais três institutos - e tem uma saúde que está completamente falida, quebrada. Horrível! Eu sou médico de profissão e atuo, ainda, atendo. A intervenção é a única saída. O Rio está uma vergonha!", lamentou o deputado. Bancada poderosa Dos quase 300 membros da bancada da bala (confira aqui a relação completa), 26 estão fora do mandato por cassação (caso de Eduardo Cunha, condenado e preso na Lava Jato) ou afastamento por motivos diversos, como nomeação em ministérios (como Sarney Filho, no Meio Ambiente, e Fernando Coelho Filho, em Minas e Energia) e secretarias estaduais (Clarissa Garotinho, no Rio de Janeiro) ou posse em executivos municipais (Manoel Júnior, vice-prefeito de João Pessoa, Paraíba). Tão polêmica quanto numerosa, a bancada tem integrantes mais radicais quando o assunto é combate ao crime organizado e questões relativas à área criminal. Endurecimento de penas para menores, liberação do porte de arma para civis e mais poderes para polícias, entre outras demandas, são bandeiras constantes dessa ala mais radical. Nos debates na Câmara, seja em plenário ou em comissões temáticas, são constantes os confrontos verbais - alguns, quase físicos - com os deputados alinhados aos direitos humanos, contrários à redução da maioridade penal e o armamento, por exemplo. Outra característica da ala mais radical é o patrocínio de empresas de armamento e munição, que realizavam sistematicamente doações de campanha para deputados escolhidos a dedo. Cruzamento de dados dispostos no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as declarações de doadores, obrigação dos parlamentares, demonstravam o poder de fogo do grupo, em financiamentos milionários que depois se revertiam em projetos aprovados para beneficiar a indústria da bala. Tal relação eleitoral foi inviabilizada, ao menos publicamente, com a proibição das doações privadas, segundo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2015.
<< Indústria de armas financiou 21 parlamentares << Indústria armamentista privilegia deputados do PMDB
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