Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
[fotografo] Agência Brasil / Marcelo Camargo [/fotografo]
O aumento dos atuais 10% para 40% da participação da União no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (
Fundeb) não encontrará resistência apenas na equipe econômica de Jair Bolsonaro. Um aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta sexta-feira (4) ao
Congresso em Foco que o deputado fluminense também é contra a mudança, que pode tirar R$ 600 bilhões dos cofres da União pelos próximos dez anos.
Maia ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. "Ele não compra essa história dos 40%", conta o parlamentar, que pediu para não ser identificado. "Para aprovar um percentual maior, Maia é fundamental. Se ele não aceita, dificilmente isso passará", acrescenta.
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O clima entre o ministro da Economia,
Paulo Guedes, e defensores do aumento da participação da União no Fundeb azedou nos últimos dias. Guedes convidou a relatora na comissão especial da Câmara sobre Fundeb, professora Dorinha (DEM-TO), para uma reunião de alinhamento no dia 24 de setembro. O ministro marcou e desmarcou várias vezes e o encontro ainda não aconteceu.
No entanto, no dia 27 de setembro, apesar de Guedes não ter se reunido com os congressistas, os secretários do Ministério da Economia Waldery Rodrigues (Fazenda) e Alexandre Manoel (Planejameto) receberam deputados e um senador.
Participaram Dorinha, o presidente da comissão especial do Fundeb na Câmara, deputado
Bacelar (Podemos-BA), o vice-presidente da comissão, deputado
Idilvan Alencar (PDT-CE), a deputada professora Rosa Neide (PT-MT) e o senador
Flávio Arns (Rede-PR).
Após a publicação desta reportagem, a deputada do DEM entrou em contato e disse que não houve marcação e desmarcação de reunião com o ministro da Economia (leia mais no final do texto).
Setores da Câmara avaliam que o relatório de Dorinha, responsável pelo aumento da participação da União no bolo dos recursos, ficou "muito corporativista". A relatora é professora, como indica seu nome parlamentar, e já foi secretária estadual da Educação em Tocantins. Dorinha tem dito que está aberta ao debate e que aceita contribuições ao seu relatório.
O deputado ouvido pela reportagem esteve recentemente em reunião com o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
No encontro, o ministro defendeu 15% como participação da União no fundo e a criação de uma avaliação de desempenho nas escolas, com critérios que analisem como está o esforço de cada estado.
O sentimento na Câmara é de que a participação da União no Fundeb será algo pouco além de 15%, mas ainda não há um percentual de consenso na Casa. Na reunião, Weintraub defendeu que a parte do Fundeb que é financiada pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) poderia ser usado de forma mais livre pelos estados.
"Weintraub tem essa discordância do texto como é hoje [regras atuais sobre o Fundeb], que coloca um modelo mais engessado, tem a obrigatoriedade de usar 10% dos 20% [do ICMS] para educação. Ele falou que isso não pode ser assim e que cada estado tem que decidir seu modelo de incentivo".
A deputada federal Professora Dorinha entrou em contato com a reportagem e negou que uma reunião com o ministro
Paulo Guedes foi marcada e remarcada várias vezes.
A congressista ressaltou que se reuniu com a equipe técnica do Ministério da Economia e com o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
"Depois do texto já realizamos umas 12 reuniões, teremos próxima semana varias outras. Com certeza a liderança do Rodrigo Maia é estratégica na Casa ... E no acerto do texto", declarou.
A relatora do texto sobre o Fundeb também negou que o presidente da Câmara tenha tomado uma posição sobre sobre os 40% de aumento da participação da União no fundo. "Não digo que essa não seja a posição dele, mas tampouco se sabe qual é, pois ele não fala", disse.