Eduardo, à esquerda, e Flávio, à direita: filhos do presidente cantaram música de conotação sexual em TV[fotografo] Reprodução/Twitter[/fotografo]
O senador
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) faltou nesta segunda-feira (21) à acareação com o empresário Paulo Marinho, seu suplente no Senado, no processo sobre vazamento de informações da Operação Furna da Onça, no Ministério Público do Rio de Janeiro. Flávio atribuiu sua ausência a "compromissos da sua agenda oficial, que o fizeram estar no Amazonas nesta data".
Ao lado do irmão e deputado
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Flávio participou de um programa de televisão nesta segunda-feira (21) em Manaus. Ao lado do apresentador Sikêra Jr., do presidente da Embratur, Gilson Machado, e de parte da equipe da atração, eles dançaram e cantaram ao vivo uma música de conotação sexual com ataque a usuários de maconha, batizada pelo apresentador de "Todo maconheiro dá o anel".
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Flávio faz alusão à expressão "bandido bom é bandido morto"[/caption]
Flávio também exibiu um cartaz com a frase "CPF cancelado", termos usado por Sikêra ao se referir a suspeitos acusados de crime. O apresentador é conhecido por fazer comentários favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro e por comemorar dançando e cantando no palco quando é informado, no ar, de que um acusado foi morto em confronto policial.
Investigação
Paulo Marinho, que é suplente de Flávio no Senado, afirma que o filho do presidente teve informações privilegiadas sobre uma operação entre o primeiro e o segundo turnos das eleições de 2018 por um delegado da Polícia Federal. Conforme relatou à
Folha de S. Paulo, a PF segurou a operação, então sigilosa, para que não prejudicasse a campanha de Jair Bolsonaro.
A defesa de Flávio alega que a possibilidade do senador não comparecer na acareação de hoje foi levantada há cerca de um mês, por escrito, diretamente ao MPF, "que não quis alterar a data apesar de expressa disposição legal".
Mais cedo, a defesa de Flávio ingressou com nova petição, sugerindo a data de 5 de outubro para uma nova acareação. "Quanto à tese de crime de desobediência insinuada pela Procuradoria, é lamentável sob vários aspectos. Nem o procurador da República poderia dar ordem ao senador e nem essa 'ordem' seria legal, pelo que constituiria uma impropriedade técnica com poucos precedentes na história do Judiciário Fluminense", diz a defesa de Flávio.
O Ministério Público Federal vai investigar se o senador cometeu crime de desobediência por faltar ao ato marcado mais cedo. Caso seja constatado crime, o MPF vai encaminhar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma vez que Flávio tem foro privilegiado.
Revelações de Paulo Marinho aumentam cerco sobre Bolsonaro