Vista aérea da Esplanada dos Ministérios e do Congresso Nacional. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O deputado
Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), que relata a da reforma administrativa na comissão especial, pretende deixar fora de seu relatório a lista dos servidores que continuarão a ter
estabilidade. Maia quer remeter a uma lei específica, a ser aprovada posteriormente pelo Congresso, a definição das chamadas carreiras típicas de Estado.
Entre outras categorias, fazem parte dessas carreiras juízes, procuradores e servidores que atuam nas áreas tributária, de controle e gestão, segurança pública, defensoria e advocacia pública. Essa relação, atualmente, ainda não está regulamentada. Parlamentares de diversos partidos tentam incluir outras categorias, como profissionais da saúde e da educação, na seleta lista daquelas que continuarão a ter estabilidade. As demais perderão esse direito.
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A remissão das carreiras típicas de Estado para lei complementar ou ordinária tem apoio do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (
Fonacate). "Está havendo desespero de carreiras querendo ser configuradas como carreiras típicas de Estado. Não é bom discutir isso de forma açodada. É preferível fazer isso após a aprovação da PEC 32, por lei complementar ou ordinária", afirmou o presidente do Fonacate, Rudinei Marques, ao
Congresso em Foco. "Não faz sentido citar dezenas de carreira na Constituição. Precisamos aprofundar o debate", acrescentou.
Lideranças técnicas
Rudinei e representantes de outras entidades ligadas a carreiras típicas de Estado participaram de encontro com Arthur Maia nessa quinta-feira. Segundo o presidente da Fonacate, o relator também indicou que vai mexer em outro item polêmico da reforma proposta pelo governo: a que permite a nomeação de servidores não efetivos em cargos técnicos. O relator não especificou que mudança fará, mas manifestou sua insatisfação com esse ponto da proposta do governo.
A reforma administrativa prevê o fim da distinção entre cargos em comissão e funções de confiança e retira a preferência dos servidores de carreira para a ocupação desse tipo de cargo. Atualmente, servidores efetivos são os únicos que podem ocupar funções de confiança. Eles também ocupam 50% ou 60% dos cargos comissionados, que compreendem serviços de direção, chefia e assessoramento. A PEC institui os cargos de liderança e assessoramento, que poderão ser preenchidos livremente por cidadãos que atendam a determinados requisitos.
"O deputado foi claro de que não aceitará essa esculhambação com o serviço público. Estamos falando de quase 1 milhão de cabos eleitorais que poderão ser trazidos para o serviço público. Não dá para admitir que, a cada eleição, eles mudem o contingente", diz Rudinei Marques, que preside o Fonacate e também o Unacon Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle).
Judiciário e Legislativo na reforma
Ainda na conversa com os servidores, Arthur Oliveira Maia reiterou que vai incluir integrantes do Judiciário e do Legislativo na reforma. Ideia que ele tem defendido desde a semana passada, quando assumiu a relatoria. "Eu não me sentiria a vontade para fazer uma reforma para parte dos servidores brasileiros. Esse é o meu ponto de vista e o meu norte. E quero deixar isso claro nesse primeiro momento", disse o deputado logo após ser confirmado como relator. Ainda no encontro com os servidores, Maia destacou que parte das mudanças que pretende fazer deixará para tratar em projeto de lei, e na proposta de emenda à Constituição da reforma administrativa.
A comissão especial da reforma administrativa deverá realizar audiências até agosto, quando está prevista a votação da proposta. O ministro da Economia,
Paulo Guedes, foi escolhido nesta semana ontem como a primeira autoridade a comparecer ao colegiado para explicar a reforma. Segundo o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), Guedes deve comparecer na próxima semana ou, no mais tardar, na seguinte. Parlamentares críticos da proposta já avisaram que pretendem travar um debate mais amplo com o ministro, não se atendendo apenas às mudanças nas relações de trabalho entre servidores e o Estado.
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