CPMI investiga mais nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A CPMI dos Atos Golpistas volta a se reunir, na próxima terça-feira (22), para votar uma série de requerimentos em bloco, ainda sob o calor do depoimento prestado nessa quinta (17) pelo hacker
Walter Delgatti que aumentou o cerco ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os novos alvos dos governistas na comissão, estão o advogado criminalista Frederick Wassef, o ex-ministro da Defesa e general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o marqueteiro do PL, Duda Lima e o coronel Marcelo Jesus, do
Alto Comando do Exército. Todos foram
citados por Delgatti como articuladores de um movimento de descrédito do sistema eleitoral brasileiro e invasões de órgãos públicos do sistema judicial que se traduzem como tentativas de golpe de Estado.
Veja as justificativas para as convocações:
Para parlamentares governistas, a relevância da presença de Duda Lima decorre de seu conhecimento e envolvimento nas estratégias de comunicação e marketing político, que podem ter desempenhado um papel significativo na preparação e propagação dos atos que culminaram nos eventos de 8 de janeiro.
Na visão da ala governista, Lima, como profissional da área tem expertise em moldar percepções, disseminar mensagens e influenciar o público por meio de estratégias de comunicação, algo crucial para entender aspectos que podem ter contribuído para a escalada dos eventos na data. Surgiram informações que apontam para possíveis vínculos entre campanhas difamatórias, desinformação e incitação à violência, que podem ter sido articulados por meio das ferramentas de comunicação sob orientação de Duda Lima.
"Vale destacar, ainda, que o Sr. Walter Delgatti Neto afirmou perante esta comissão que o Sr. Duda Lima havia participado de uma reunião onde o mesmo propôs a criação de um 'código-fonte falso' para induzir que a urna eletrônica era passível de fraude."
Marcelo Jesus é coronel do Exército Brasileiro e foi mencionado em depoimento prestado nesta CPMI como intermediador da aproximação entre o hacker Walter Delgatti e o alto escalão do Ministério da Defesa durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa aproximação visava a realização de atos antidemocráticos, segundo o hacker.
No depoimento, foi revelado que Delgatti participou de reuniões estratégicas no Ministério da Defesa para discutir tarefas relacionadas à criação de relatórios e ações destinadas a minar a confiabilidade das urnas eletrônicas. O coronel Marcelo Jesus esteve presente nessas reuniões realizadas no Ministério da Defesa, tornando assim justificada a necessidade de sua oitiva. Esses documentos foram divulgados publicamente pelo Ministério da Defesa como sendo de autoria própria.
"As denúncias são extremamente graves, uma vez que, além de envolverem a politização das forças no processo eleitoral e irem contra os princípios democráticos, também incluem a atuação de uma pessoa externa à estrutura governamental, manipulando dados e documentos oficiais do Ministério da Defesa, com a participação de membros do Exército Brasileiro", aponta outro requerimento de Duarte.
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General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Apo´s a prisa~o, Walter Delgatti, por meio do seu advogado Arilvaldo Moreira, declarou que teria participado de reunio~es com militares no Ministério da Defesa na gesta~o de Jair Bolsonaro, tendo ainda afirmado que todas as perguntas sobre o sistema das urnas eletrônicas feitas pela pasta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado foram elaboradas por ele. Afirma também que a proposta era trabalhar no Ministério da Defesa no sentido de fiscalizar a lisura das urnas e que teria acompanhado algumas reunio~es e prestado servic¸os.
"Grave também é o suposto encontro de Walter Delgatti Neto como ex-presidente Bolsonaro para tratar de urnas eletrônicas e a possibilidade de invasa~o do sistema. Dessa forma torna-se importante o testemunho a ser prestado pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-Ministro da Defesa, para que possa esclarecer os fatos, que certamente contribuira´ com os trabalhos desta Comissa~o Parlamentar Mista de Inquérito", afirmou o deputado
Rogério Correia (PT-MG) em requerimento.
E Bolsonaro?
A relatora
Eliziane Gama disse na quinta (17) que os
elementos apresentados pelo hacker Walter Delgatti dão "fortes condições" para indiciar
o ex-presidente Jair Bolsonaro. A senadora afirmou que terá uma conversa com o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), para que na próxima terça (22) sejam aprovadas as quebra de sigilos bancários e telemáticos, assim como a obtenção de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), por meio de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) envolvendo também a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.
A senadora também cogita fazer uma acareação entre Delgatti, a deputada
Carla Zambelli (PL-SP) e o general Paulo César Nogueira, ministro da Defesa de 1º de abril a 31 de dezembro de 2022. A senadora visa escancarar informações financeira de Bolsonaro para verificar se ele usou dinheiro para subsidiar atos antidemocráticos ou tentativas de golpe de estado.
Em 11 de agosto, a Polícia Federal deflagrou uma operação com o objetivo de investigar o esquema de venda de presentes dados à Presidência da República durante missões oficiais no exterior. Com isso, entre os alvos da operação, que conta com mandados de busca e apreensão, está Frederick Wassef, advogado criminalista do ex-presidente Jair Bolsonaro, e seu filho, o senador
Flávio Bolsonaro.
"O Sr. Wassef é visto como o principal responsável na comercialização ilegal dos itens, sendo um deles um relógio Rolex Day-Date 18946 que foi vendido ilegalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid. A tática utilizada por eles resume-se em vender o relógio sob a preocupação de que o acessório fosse requisitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU)", conforme requerimento protocolado pelo deputado
Duarte Jr. (PSB-MA).