Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP).[fotografo]Agência Câmara[/fotografo]
O discurso do presidente
Jair Bolsonaro, na
Cúpula do Clima, foi mais moderado do que pronunciamentos anteriores, mas destoa completamente da realidade imposta pelo atual governo. A avaliação é do coordenador da frente parlamentar ambientalista no Congresso, deputado
Rodrigo Agostinho (PSB-SP). "O discurso moderado já era esperado porque o presidente está no corner, pressionado pela opinião pública, pela União Europeia, pelo presidente
Joe Biden. Não adianta de nada. O Brasil não tem o que mostrar. O mundo não acredita mais no Brasil", disse ao
Congresso em Foco.
O conteúdo deste texto foi publicado antes no Congresso em Foco Premium, serviço exclusivo de informações sobre política e economia do Congresso em Foco. Para assinar, entre em contato com [email protected].
Em sua fala, Bolsonaro reafirmou a meta de eliminar o
desmatamento ilegal até 2030 e anunciou a intenção de antecipar, de 2060 para 2050, a chamada neutralidade climática, com a eliminação de gases poluentes. "O mundo quer é compromisso real. Biden nem ouviu o discurso do Bolsonaro. Levantou-se antes. A opinião pública americana não quer acordo com o Brasil", afirmou o deputado.
No pronunciamento, Bolsonaro também declarou compromisso com a bioeconomia e a regulação do mercado de carbono. A fala também foi criticada por Agostinho: "O Brasil é um dos poucos países em que se desmata floresta. Temos três países que concentram 90% do desmatamento: Brasil, Congo e Indonésia. A Indonésia reduziu significativamente o desmatamento. Isso estava no discurso do primeiro-ministro do país. O Brasil fica patinando. Falando em números que não correspondem à realidade". O deputado acrescentou que "o mundo quer é compromisso real do Brasil".
Para o coordenador da frente parlamentar ambientalista, Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, mentem ao dizer que o país está reforçando a fiscalização, como declararam hoje na Cúpula do Clima. "Nenhum fiscal foi contratado. Esse sucateamento já vem de antes. Ninguém foi contratado para o setor de licenciamento, para fazer pareceres, autorizar ou não as coisas", reclamou.
Ele também considera inócua a proposta do governo de reduzir o desmatamento ilegal até 2030. "O mundo não aceita mais essa conversa do Brasil de desmatamento ilegal. No Pará e em Mato Grosso, a maior parte do desmatamento é legal, porque alguém pediu e o governo autorizou." Atualmente, segundo Rodrigo Agostinho, o Brasil desmata uma área equivalente a oito cidades de São Paulo só nos biomas da Amazônia e do Cerrado. "Não tem mais multa ambiental no país. É uma impunidade total", emendou.
> Bolsonaro antecipa meta de zerar emissão de gases poluentes. Veja íntegra do discurso
