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Congresso em Foco
13/08/2021 | Atualizado às 10h50
Autonomia do Banco Central
Na mesa do seminário que abordou a autonomia do Banco Central, projeto de lei sancionado por Jair Bolsonaro em fevereiro deste ano, o procurador do BC Rafael Ximenes fez um passeio histórico sobre a proposta. Para Rafael Ximenes, a Lei Complementar 179 [sancionada em fevereiro] é tida hoje como responsável por trazer tal autonomia, mas ela na verdade teria restaurado um item dessa autonomia que era a investidura com prazo fixo, que já havia sido previsto na legislação e havia sido ensaiada na Constituição e retirada na comissão de sistematização. "Embora trate de um elemento apenas, ela faz com que o senso comum pense que a autonomia é apenas o mandato de dirigentes, e não é", opinou Rafael, explicando que essa é uma questão que envolve mecanismos de estabilização. "Não é mera regulação da economia, mas envolve também harmonia constitucional". Justiça eleitoral Para a procuradora regional da República Silvana Batini, as eleições de 2018 são um marco definitivo da ruptura paradigmática do tipo de pleito que temos. Em sua avaliação, o grande fenômeno da desinformação trouxe a necessidade de mudança completa na visão das campanhas. "A justiça eleitoral precisa reafirmar sua competência e expertise para tranquilizar a comunidade brasileira no sentido de expor q nossas eleições são legítimas". Em relação à migração de processos de crimes conexos aos eleitorais para a Justiça Eleitoral, isso vem ocorrendo, segundo Silvana, na medida da convergência entre criminalidade comum e eleitoral, o que pode trazer contornos problemáticos para toda a sociedade e o direito. "É uma questão de desenho institucional, desenho da própria justiça eleitoral", avalia a procuradora, lembrando que esta é uma Justiça de quadros que não são fixos, são transitórios, pegando de empréstimo membros da magistratura estadual, federal, tribunal superiores "Ela compreende não apenas a magistratura da área, mas também o Ministério Público Eleitoral, a advocacia eleitoral etc. A Justiça eleitoral vem garantindo a sucessão desses processos no Estado Democrático de Direito e hoje, neste momento de polarização, de inflamação que estamos vivendo e o papel dessa justiça que era muito tranquilo acaba sendo questionado pela via das urnas eletrônicas".Lawfare
O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão definiu lawfare em poucas palavras. "Lawfare é um tipo de guerra assimétrica, para induzir a sociedade de que um cidadão/cidadã merece repúdio da sociedade a despeito de possíveis outras interpretações". O ex-ministro apontou o indeferimento da candidatura do ex-presidente Lula, em 2018, com base na Lei da Ficha Limpa, em decorrência de condenação criminal, como o caso mais claro de lawfare. "O lawfare usa a aparência da legalidade para fins que são ilegítimos. Parece seguir o livro, mas ela corrói os fundamentos da sociedade de direito". Para Eugênio, foi simplesmente "passada a boiada" para deixar o ex-presidente Lula inelegível. "É difícil para quem está do lado de quem apoia o Lula não dizer que isso não foi um propósito. Foi um claro propósito de tirá-lo do jogo eleitoral. Aquele propósito contaminou a decisão do primeiro grau, e no momento que o segundo grau não soube ser segundo grau e todos os outros engoliram a decisão deste, temos um vício de origem que se espalhou por todas as instâncias, tanto na esfera penal quanto na eleitoral". Na interpretação do jurista, é importante pontuar que o lawfare não pode ser resumido à uma mera "luta de classes". "Por mais que eu acredite que a análise marxista tenha grande valor na análise econômica e social, o argumento jurídico é mais refinado porque ele é mais traiçoeiro. É perfeitamente possível ao cidadão que não entende do direito entender que a decisão feita está correta. Ele não tem a noção de que poder-se-ia ter decidido de outra forma".Riscos para a democracia
O presidente da Anafe, Lademir Comes da Rocha, procurador do Banco Central, abriu a última mesa do seminário agradecendo a todas as pessoas e entidades parceiras que ajudaram o evento a sair do papel. Para ele, os espaços de debate são fundamentais para se enfrentar a crise contrarreformista atual. "Todos sabemos que estamos em meio a um processo crescente de contrarreforma e seus riscos para os projeto inscrito na nossa constituição" apresentou o procurador, relembrando que esse contra-avanço não vem de hoje, já sendo observado no direito social e do trabalho. "Não houve modernização desta, mas comprometimento do caráter constitucional mediante o rebaixamento da proteção jurídica ao trabalho". Para Lademir, quando são afastadas as garantias indispensáveis à realização do interesse público, a própria ideia do sistema de pesos e contrapesos é posta em cheque. "Não à toa, países que apresentam democracias estáveis são aquelas com burocracias a qual você atribui um conjunto de garantias a realização do interesse público. Fragilizar isso é caminhar para uma democracia iliberal, não atenta aos compromissos de longo prazo do projeto constitucional. Portanto um risco de degeneração da democracia para uma de tipo autoritária". Bolsonaro se ausentou da gestão da pandemia, diz Gilmar Mendes Quarto dia de seminário da Anafe discute de liberdade de expressão a leis antiterrorismo Fraude eleitoral é "bobagem" e discurso de derrotado, diz Nelson Jobim Seminário da Anafe reafirma compromisso democrático da advocacia públicaTemas
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